30 novembro 2010



Fica Comigo
Placa Luminosa
Composição: Thomas Roth / Arnaldo Saccomani

Amo você, fica comigo
O seu jeito de ser
Me pegou sem notar
Sem querer...

Quero você
Mas deixa comigo
Dá o teu coração
Te devolvo em dobro
A paixão...

Já provei da maçã
E é você quem eu quero
Tudo bem sou teu fã
Eu confesso te espero amanhã...

O nosso amor é lindo!
Tão lindo!
Nada pode ser mais lindo
Do que o nosso amor...(2x)

Amo você, fica comigo
Uma frase, um papel
Uma noite, um motel
Só nós dois...

Com você, minhas cartas
Tão todas na mesa
Eu não posso, não quero
Nenhuma surpresa prá nós...

O nosso amor é lindo!
Tão lindo!
Nada pode ser mais lindo
Do que o nosso amor...

O nosso amor é lindo!
Prá você que eu fiz
Essa canção
Dá prá mim todo teu coração
Que eu devolvo em dobro
A paixão...(3x)

Prá você que eu fiz
Essa canção
Dá prá mim todo seu coração
Que eu devolvo em dobro
A paixão...(2x)
Por você eu sou capaz de escalar paredes
Subir ao pico mais alto
Escalar montes
Mover montanhas...
Por você eu perco a cabeça
Cometo suicidio
Sou capaz até de perder o juízo
Te dar minha alma, vender meu espirito...

Por você eu dou a volta o mundo
Entrego-me de cabeça
Vou até o fundo
Pois sei que o que sinto é verdadeiro e profundo...
Por você faço qualquer coisa
Da mais complexa até a mais boba
Para não te perder sou feroz como uma loba
Pois, de tudo o que a vida já me deu, esse amor é a coisa mais boa...

GENTE, ACABEI DE ASSITIR ESSE FILME E DIGO COM TODA COMVICÇÃO: ELE É SENSACIONAL!!!!!!!!!!!!!!! QUEM PUDER, POR FAVOR, ASSISTA, POIS NÃO IRÁ SE ARREPENDER.

Sinopse:

O escritor Truman Capote (Toby Jones) realiza uma pesquisa para escrever seu 1º livro não-ficcional, "A Sangue Frio", baseado no assassinato de 4 pessoas ocorrido numa pequena cidade do Kansas. Para tanto ele mantém contato com os assassinos Perry Smith (Daniel Craig) e Dick Hickock (Lee Pace), que estão presos à espera de julgamento.

Baseado nos fatos reais sobre o brutal assassinato de uma família no Texas. Confidencial reúne um elenco estelar de uma magnitude rearamente vista num mesmo filme: Toby Jones, Sandra Bullock, Gwyneth Paltrow, Daniel Craig, Jeff Daniels, Isabella Rossellini e Sigourney Weaver, entre outros, aparecem nesta história sobre como as vidas dos envolvidos mudaram radicalmente após a tragédia.

Elenco:

Sigourney Weaver

(Babe Paley)

Gwyneth Paltrow

(Kitty Dean)

  • Toby Jones (Truman Capote)
  • Juliet Stevenson (Diana Vreeland)
  • Michael Panes (Gore Vidal)
  • Frank G. Curcio (William Shawn)
  • Sandra Bullock (Nelle Harper Lee)
  • Isabella Rossellini (Marella Agnelli)
  • John Benjamin Hickey (Jack Dunphy)
  • Peter Bogdanovich (Bennett Cerf)
  • Jeff Daniels (Alvin Dewey)
  • Marco Perella (Clifford Hope)
  • Bethlyn Gerard (Marie Dewey)
  • Libby Villari (Delores Hope)
  • Joey Basham (Paul Dewey)
  • Marian Aleta Jones (Ellen Bechner)
  • Terri Zee (Nancy Hickey)
  • Richard Jones (Andy Erhart)
  • Brian Shoop (Everett Ogburn)
  • Lee Pace (Dick Hickock)
  • Daniel Craig (Perry Smith)
  • Brady Coleman (Charles McAtee)
  • Lee Ritchey (William "Bill" Paley)
  • Zachary Burnett (Truman Capote - jovem)
  • Brady Hender (Perry Smith - jovem)
  • Terri Bennett (Secretária)
  • Hope Davis (Slim Keith)
Ficha Técnica:

título original:Infamous

gênero:Drama

duração:1 hr 50 min

ano de lançamento: 2006

site oficial: http:

estúdio: Killer Films / Longfellow Pictures / Jack and Henry Produtions Inc.

distribuidora: Warner Independent Pictures / Alpha Filmes

direção: Laura Ballinger

roteiro: Douglas McGrath, baseado em livro de George Plimpton

produção: Jocelyn Hayes, Christine Vachon e Anne Walker-McBay

música: Rachel Portman

fotografia: Bruno Delbonnel

direção de arte: Laura Ballinger

figurino: Laura Ballinger

edição: Camilla Toniolo

efeitos especiais:Custom Film Effects


DOWNLOAD



Fonte: Mundomais

HOMOFOBIA

Resposta à Cassandra
Escritora lésbica Hanna Korich diz que prática da violência homofóbica é inaceitável e deve ser repudiada
por Hanna Korich

Não pretendo analisar as origens históricas do horror à homossexualidade, e o parentesco deste preconceito com o racismo e o machismo. Deixo a reflexão para os especialistas. Não posso como homossexual assumida silenciar-me frente aos recentes atos homofóbicos, ocorridos em São Paulo, uma metrópole, dita “civilizada”. Cidade que abriga todos os anos, a maior parada gay do mundo!

É impressionante constatar que, tem gente que acha que a discriminação não existe. Eu como homossexual tenho a certeza que ela existe. Independentemente da orientação sexual, qualquer pessoa sabe que, ocorrem diariamente atos de violência contra as minorias sexuais, em São Paulo.

Basta andar pelas avenidas, ler os jornais, acessar a internet, assistir televisão. Enfim, se você mora em São Paulo, no Brasil, e acompanha minimamente as questões relativas a esses grupos, percebe que a discriminação é flagrante e visível. Algumas notícias publicadas nas últimas semanas nos jornais comprovam os fatos:

Acusados de agressão na Paulista são soltos”. “(...) em dois ataques, a polícia diz haver indícios de homofobia. As vítimas relataram que os agressores diziam para elas: Suas bichas, vocês são namorados”. – Folha de S. Paulo 16/11/2010.

Jovem atacado na Paulista escapou da morte, diz polícia”.

Universidade em São Paulo quer ter o direito de ser homofóbica” – Blog da Folha de S. Paulo 11/11/2010.

Matéria corajosa – Recentemente, o encarte Folhateen, de 1º/11/2010, também publicou uma matéria corajosa, denunciando a homofobia, com o título – “Preconceito Fatal”. No texto, o índice de suicídios entre jovens homossexuais por causa da discriminação. Em um dos casos relatados, o jovem conta que o namorado se matou aos 19 anos, pulando do sétimo andar, porque “achava que não tinha futuro sendo gay”. Afirmo, não só como homossexual, mas como ser humano, que ser gay não é errado! Errado é passar fome, ser explorado, enganado e principalmente ofender e agredir.

O homossexual sofre discriminação, sim! Às vezes, em níveis insuportáveis. Tem gente que ainda acha que os homossexuais não são confiáveis e normais. Tem gente que ainda afirma que a homossexualidade é uma doença! Essas ideias e sentimentos são totalmente equivocados e demonstram ignorância. Eu tenho vizinhos que me dão as costas no elevador, não me cumprimentam. São homofóbicos, sim!

Tenho orgulho de dizer que sou homossexual. Não tenho vergonha, e sei me defender. Esse clima geral de gargalhadas, tipicamente brasileiro, parece liberdade, mas engana. Precisamos denunciar e combater diariamente a homofobia. Ela esta aí, nas escolas, nas ruas, no trabalho, na política e em todos os lugares.

Todos são iguais perante a lei – Ela é o medo, a aversão e o ódio. É a causa principal da discriminação e da violência física, moral ou simbólica contra lésbicas, gays, bissexuais, travestis e transexuais. Todos são iguais perante a lei. Por isso, todos podem e devem ser punidos por discriminação homofóbica.

A Declaração Universal dos Direitos Humanos reconhece que as pessoas nascem livres e iguais em dignidade e direitos. Como editora da única editora lésbica da América Latina, a Brejeira Malagueta, não posso deixar de citar duas frases, que me chamaram muita atenção de autoras completamente diferentes no seu tempo e origem, mas tão iguais quanto aos efeitos da discriminação homofóbica, por que eram lésbicas: Cassandra Rios e a inglesa Hadcliffe Hall.

Hadcliffe Hall no romance O Poço da Solidão publicado em 1928 (considerado a bíblia do lesbianismo), a protagonista Stefhen Gordon se dirige a Deus dizendo: “Então, levante-se e nos defenda, reconheça-nos ó Deus, ante o mundo inteiro, dê-nos o direito de existir!

Cassandra com mais de 60 títulos publicados no Brasil. O primeiro em 1948. No romance de 1979, “Eu sou uma lésbica”, cita no último parágrafo: “Eu sou lésbica. Deve a sociedade rejeitar-me?”. Eu respondo à Cassandra: Não! A prática da violência homofóbica é inaceitável e deve ser repudiada.

Viva a diversidade!


Quem é você?
Me envolve com o seu jeito de ser
O seu misterio parece me endoidocer
Essa paixão ainda vai me enloquecer

Diz para mim
O que se esconde por tras desse jardim
Sinto cheiro de flor, de jasmim
Esse desejo no ar diz algo assim
Que você foi feito para mim

Então, quem é você?
Que mal chegou e conseguiu me prender
Seu jeito meigo me faz entorpecer
A minha vida não será nada,
Se eu não tiver você

Mas fala, quem é você?
Desse desejo é que eu quero viver
Essa dúvida me leva ao prazer
Tudo o que quero na vida é me entregar
A você...

Quem é você?

Aquarela brasileira

Leci Brandão

Composição: Silas de Oliveira

Vejam essa maravilha de cenário
É um episódio relicário
Que o artista num sonho genial
Escolheu para este carnaval
E o asfalto como passarela
Será a tela do Brasil em forma de aquarela
Caminhando pelas cercanias do Amazonas
Conheci vastos seringais
No Pará, a ilha de Marajó
E a velha cabana do Timbó
Caminhando ainda um pouco mais
Deparei com lindos coqueirais
Estava no Ceará, terra de Itapuã
De Iracema e Tupã
E fiquei radiante de alegria
Quando cheguei na Bahia
Bahia de Castro Alves, do acarajé
Das noites de magia, do candomblé
Depois de atravessar as matas do Ipú
Assisti em Pernambuco
A festa do frevo e do maracatu
Brasília tem o seu destaque
Na arte, na beleza, arquitetura
Feitiço de garoa pela serra
São Paulo engrandece a nossa terra
Do leste, por todo o Centro-Oeste
Tudo é belo e tem lindo matiz
No Rio dos sambas e batucadas
Dos malandros e mulatas
De requebros febris
Brasil, essas nossas verdes matas
Cachoeiras e cascatas
De colorido sutil
E este lindo céu azul de anil
Emoldura em aquarela o meu Brasil



Sinopse:

Em 1959 na Welton Academy, uma tradicional escola preparatória, um ex-aluno (Robin Williams) se torna o novo professor de literatura, mas logo seus métodos de incentivar os alunos a pensarem por si mesmos cria um choque com a ortodoxa direção do colégio, principalmente quando ele fala aos seus alunos sobre a "Sociedade dos Poetas Mortos".

Elenco:

Robin Williams

(John Keating)

Ethan Hawke

(Todd Anderson)

  • Robert Sean Leonard (Neil Perry)
  • Josh Charles (Knox Overstreet)
  • Gale Hansen (Charles Dalton)
  • Dylan Kussman (Richard Cameron)
  • Allelon Ruggiero (Steven Meeks)
  • Kurtwood Smith (Sr. Perry)
  • James Waterston (Gerald Pitts)
  • Norman Lloyd (Sr. Nolan)
  • Carla Belver (Sra. Perry)
  • Leon Pownall (McAllister)
  • George Martin (Dr. Hager)
  • Joe Aufiery (Professor de Química)
  • Lara Flynn Boyle (Ginny Danburry)
Ficha Técnica:

Ficha Técnica

título original:Dead Poets Society

gênero:Drama

duração:2 hr 9 min

ano de lançamento: 1989

site oficial:

estúdio: Touchstone Pictures

distribuidora: Buena Vista Pictures

direção: Sandy Veneziano

roteiro: Tom Schulman

produção: Steven Haft, Paul Junger Witt e Tony Thomas

música: Maurice Jarre

fotografia: John Seale

direção de arte: Sandy Veneziano

figurino: Sandy Veneziano

edição: William M. Anderson e Lee Smith

efeitos especiais:

DOWNLOAD




Ele com chocolate
Bate logo uma vontade
De deslizar na sua carne
Tateando os meus dedos em zigue-zague

Ele com chocolate
seja de manhã ou de tarde
Só quero saciar essa fome que me bate
Essa chama que encendeia e me invade

Ele com chocolate
Saboroso elixir do milagre
Lutaria por esse sabor mais tarde
Buscaria você no mais profundo vale

Ele com chocolate
Pode ser aqui ou em marte
Essa receita viva vem e me parte
Sua chegada me dividiu um duas partes

Ele com chocolate
Seiva viva vem e me trate
Com o seu néctar puro e cheio de charme
Vem dar um novo rumo a minha eternidade...

Ela com chocolate
Me inspira bobagem
Penso logo em libertinagem
Em fazer amor selvagem

Ela com chocolate
Que loucura me bate
Quero devorar a sua carne
Que loucura essa sacanagem

Ela com chocolate
Reluzante como o sol escarlate
Aquece minha alma de coragem
Como eu queria lamber esse chocolate

Ela com chocolate
penso logo em disparate
Pois sei que o embate
Vai ser conseguir resgate
Para me livrar desse enfarte...

Palpite

Vanessa Rangel

Composição: Vanessa Rangel

Tô com saudade de você
Debaixo do meu cobertor
E te arrancar suspiros
Fazer amor
Tô com saudade de você
Na varanda em noite quente
E o arrepio frio
Que dá na gente
Truque do desejo
Guardo na boca
O gosto do beijo...

Eu sinto a falta de você
Me sinto só
E aí!
Será que você volta?
Tudo à minha volta
É triste
E aí!
O amor pode acontecer
De novo prá você
Palpite!...

Tô com saudade de você
Do nosso banho de chuva
Do calor na minha pele
Da língua tua
Tô com saudade de você
Censurando o meu vestido
As juras de amor
Ao pé do ouvido
Truque do desejo
Guardo na boca
O gosto do beijo...

Eu sinto a falta de você
Me sinto só
E aí!
Será que você volta?
Tudo à minha volta
É triste
E aí!
O amor pode acontecer
De novo prá você
Palpite!...(2x)

E aí!
Será que você volta?
Tudo à minha volta
É triste
E aí!
O amor pode acontecer
De novo prá você
Palpite!



INTRODUÇÃO

Quando em maio de 1908 tornou-se pública a conclusão a que havia chegado de ser Crisfal um pseudónimo do autor da Menina e moça, com a intenção de demonstrar no volume recentemente dado á estampa: Bernardim Ribeiro (O Poeta Crisfal), tinham o convencimento pleno de que tal nova, divulgada pela imprensa, seria bem acolhida por quantos se interessam pelo estudo da História literária.

Por isso, este trabalho se destina a trazer à luz da temática clássica a vida e obra de um grande nome da poesia desse período: Cristóvão Falcão, possível autor da famosa Écloga Crisfal. Sob o prisma dos elementos do classicismo português serão discutidos os fatores conteudisticos que constituem essa obra, bem como a relação dela com o autor e o momento literário pelo qual foi encandeada a poeticidade da Écloga.

CRISTÓVÃO FALCÃO

Poeta português, natural de Portalegre, supondo-se de ascendência aristocrática e educado na corte portuguesa. Cedo se encontrou envolvido numa complicada situação que o levaria à prisão, por se ter apaixonado por uma jovem com a qual lhe era impossível casar, dado não ter fortuna pessoal. Posteriormente libertado, após o casamento da jovem, entretanto encerrada num convento, foi enviado a Roma por D. João III, numa missão diplomática.

Cristóvão Falcão é considerado o autor mais provável da écloga Trovas de Um Pastor por Nome Crisfal, mas essa autoria permanece ainda hoje como um dos mistérios da história da literatura portuguesa. A écloga, que narra os amores e as desventuras do pastor Crisfal e da pastora Maria, aparece publicada pela primeira vez na edição de 1554 da Menina e Moça de Bernardim Ribeiro, saída em Ferrara, e acompanhada da seguinte epígrafe: «Écloga de Cristóvão Falcão chamada Crisfal».

Existem várias teses que tentam explicar a autoria da écloga e a biografia do seu autor. Uma dessas teses defende que a autoria da écloga pertence realmente a um Cristóvão Falcão, até pelo seu título, «Crisfal», criptónimo que esconde a identidade do autor e que não é mais que a junção das sílabas iniciais de Cristóvão e Falcão. Para corroborar esta hipótese levantam-se os argumentos de Gaspar Frutuoso, Diogo do Couto, Faria e Sousa e António dos Reis. No entanto, desconhece-se se estes mesmos autores não seriam também eles o eco de uma tradição já lendária.

Há quem defenda, como Delfim Guimarães, que a sua autoria pertence a Bernardim Ribeiro, havendo outros autores que a atribuem a autor desconhecido. Mas a hipótese que parece mais provável é a de ser Cristóvão Falcão o seu autor, até pelas discrepâncias com o estilo de Bernardim Ribeiro. Quanto aos aspectos biográficos, para além dos já mencionados, dos quais, aliás, não há provas seguras, sabe-se ainda que houve um Cristóvão Falcão governador de Arguim.

A escrita de Crisfal poderá estar ligada, conforme vem referido numa carta em verso escrita muito provavelmente pelo autor da écloga, à sua paixão por Maria Brandão. Qualquer que seja a sua autoria, as Trovas de um Pastor por Nome Crisfal, misto de narrativa e poema lírico, são ainda hoje das mais belas páginas bucólicas que a literatura portuguesa produziu.

Écloga (ou ÉGLOGA)

Poema em forma de diálogo ou de solilóquio sobre temas rústicos, cujos intérpretes são em regra pastores. Inicialmente, o termo, que significava "poesia seleccionada", foi aplicado aos poemas bucólicos de Virgílio. A partir daí, aplica-se às pastorais e aos idílios tradicionais que Teócrito e outros poetas sicilianos escreveram. Outros poetas italianos como Dante, Petrarca e Boccaccio recuperaram o género, que acabaria por se tornar um dos preferidos dos poetas renascentistas e maneiristas europeus. A grafia égloga, popularizada por Dante, parte de uma falsa etimologia latina que derivava de aix ("cabra, bode") e logos ("palavra", "discurso", "diálogo"). De acordo com o comentário irónico do poeta inglês Spenser, em "E. K.", terá sido construída para significar qualquer coisa como "Goteheards tales" ("contos de cabreiros").

Luís de Camões, Bernardim Ribeiro, António Ferreira e Sá de Miranda estão entre os muitos poetas portugueses que nos legaram poemas do género. As suas composições seguem os modelos clássicos, não existia até então qualquer teorização portuguesa sobre as éclogas. A rigor, nem os modelos clássicos (Horácio e Diomedes) teorizam em particular sobre a écloga. O que sabemos sobre as regras da écloga advém dos próprios textos. No caso português, só em 1605 Francisco Rodrigues Lobo teoriza sobre o assunto em Discurso sobre a Vida e o Estilo dos Pastores (1605). Os poetas árcades do século XVIII ainda exploram o género tendo mesmo teorizado sobre a écloga, como Dinis da Cruz e Silva. Um dos melhores intérpretes da écloga nesta época é João Xavier de Matos, destacando-se Albano e Damiana (1758).

A écloga clássica parte quase sempre de um quadro idílico, o locus amoenus ou lugar aprazível, e desenvolve com certa brevidade o louvor de uma pessoa, por razões sentimentais, reflecte sobre a condição do poeta e/ou da própria poesia, ou entretém-se com subtilezas políticas ou religiosas. Outro tema clássico das éclogas é o da libertação espiritual, a renúncia aos bens terrenos e sociais para uma total entrega à natureza e aos mais puros ideiais de vida perseguindo a chamada aurea mediocritas. O longo poema de Sá de Miranda conhecido por "Écloga Basto" ilustra este desejo: "Quando tudo era falante / pascia um cervo um bom prado ...".

ÉCLOGA CRISFAL

Écloga editada primeiro anonimamente e posteriormente reeditada em 1554 em conjunto com as obras de Bernardim Ribeiro, na edição de Ferrara. Crisfal é o nome de uma personagem dessa écloga cuja verdadeira autoria é ainda hoje desconhecida. Segundo o editor da edição de Ferrara, seria Cristovão Falcão, pelo fato de o título ser formado das primeiras sílabas do nome e sobrenome do poeta: Cris(tovão) Fal(cão). Autores há que perfilham essa opinião; outros, porém, recusam-na e atribuem a autoria a Bernardim Ribeiro.

É evidente a semelhança entre Crisfal e Menina e Moça, deste último autor. Começa por uma introdução orientando a composição; segue-se um monólogo de Crisfal, o pastor, que dá lugar a uma longa narrativa dos acontecimentos de que foi ator durante um sonho: viaja do Alentejo Litoral até Lorvão; antes de encontrar a amada, a pastora Maria, são narradas a história de Natónio e Guiomar e a história de uma mal-maridada; no fim, o autor retoma a sua voz para concluir. Trata-se, pois, de uma écloga novelesca onde se misturam narrativa e lirismo.

CARACTERISTICAS DA ÉCLOGA CRISFAL

Esta é a obra mais conhecida de Cristóvão Falcão, a ponto de se confundir com o nome do autor. É provável que Crisfal seja um criptónimo de Cristóvão Falcão.

Crisfal, Chrisfal ou Trovas de Crisfal, é uma écloga (poema pastoral) com 1015 versos (no texto do folheto publicado por Oliveira Santos e editado por Cohen; vide infra) que conta a história dos jovens pastores Maria Brandão e Crisfal, que se amam desde a infância, mas são separados porque os pais da jovem a levam para um lugar distante.

Escrito em harmoniosa redondilha maior, é talvez o mais expressivo exemplo da adaptação da poesia bucólica grega e latina à sensibilidade portuguesa». É um poema impregnado de saudade, de emoções ternas e puras, glorificadas em versos escritos numa linguagem directa, mas de timbre requintado, onde perpassa uma sensualidade picante e um realismo por vezes atrevido. A obra colocou o Cristóvão Falcão numa posição única na literatura portuguesa e teve uma influência considerável em poetas posteriores, nomeadamente Camões.

ELEMENTOS CONTEUDISTICOS

1
Antre Sintra, a mui prezada,
e serra de Ribatejo
que Arrábeda é chamada,
perto donde o rio Tejo
se mete n'água salgada,
houve um pastor e pastora,
que com tanto amor
se amarom
como males lhe causarom
este bem, que nunca fora,
pois foi o que não cuidarom.

2
A ela chamavam Maria
e ao pastor Crisfal,
ao qual, de dia em dia,
o bem se tornou em mal,
que ele tam mal merecia.
Sendo de pouca idade,
não se ver tanto sentiam,
que o dia que não se viam,
se viam na saudade
o que ambos se queriam.

3
Alguas horas falavam,
andando o gado pascendo,
e então se apascentavam
os olhos, que, em se vendo,
mais famintos lhe ficavam.
E com quanto era Maria
piquena, tinha cuidado
de guardar milhor o gado
o que lhe Crisfal dezia;
mas, em fim, foi mal
guardado;

4
Que, depois de assi viver
nesta vida e neste amor,
depois de alcançado ter
maior bem pera mor dor,
em fim se houve de saber
por Joana, outra pastora,
que a Crisfal queria bem;
(mas o bem que de tal vem
não ser bem maior bem fora,
por não ser mal a ninguém).

5
A qual, logo aquele dia
que soube de seus amores,
aos parentes de Maria
fez certos e sabedores
de tudo quanto sabia.
Crisfal não era então
dos bens do mundo abastado
tanto como do cuidado;
que, por curar da paixão,
não curava do seu gado.

Será ainda possível o arrebatamento estético pela linha do exotismo regional? E que espécie de exotismo resistirá depois que a globalização pôs o mundo todo à nossa disposição? Ali, à exacta distância de um clique? É – responderei –, pese embora o termos que procurá-lo em dois tempos (im) possíveis: no passado ou, mais esforçadamente, no futuro. Que quem o quiser no amanhã, outro remédio não tem, senão descobri-lo na literatura de antecipação, a ficção científica. E quem o preferir pretérito, há-de recorrer às matrizes originais, subterradas no passado, como na Menina e Moça, de Bernardim Ribeiro, ou na Crisfal, de Cristóvão Falcão, por exemplos.

Depois, como a irremediabilidade característica que assiste ao inevitável, constatar-se-á que o discurso literário actual nasceu da narrativa oral, e que a nossa história antes de escrita foi falada até nos fadar naquilo que somos. De quanto nele é possível observarmos o palimpsesto da oralidade, de tal modo, que apetece lê-lo em voz alta só para nos ouvirmos dizendo-a, à medida que a vamos vivendo. Cair na magia da palavra dita, sussurrada ao canto da lareira, sob o dançar fantasmagórico das sombras que as chamas activam e despertam. Que era como se refazia o sonho, se transmitia a moral, os costumes e as ideias, se compunha a noção de beleza e de liberdade, dando-lhe por cercadura os lintéis da vontade, dos valores, da honra, afecto e glória. Porque era com eles, que as gentes edificavam as portas prà vida, com que os homens eram esculpidos, talhados, determinados, programados, no heroísmo de sobreviverem sendo felizes. E fieis. Principalmente fiéis, ao seu amor, ou à sua rainha – deusa, dirão alguns, a quem a veia mística ainda não fez perder o tino.

Porque das éclogas se conta pouco, quando foi muito o seu cantar, neste recanto onde o pastoreio se fez, sobretudo, com rebanhos do sonhar. E, "no que toca à substância das ideias, ao temperamento", afiança Rodrigues Lapa, "aquela espécie de pudor que se nota nas éclogas de Bernardim Ribeiro, deu lugar, no Crisfal, a uma sensualidade picante, dum realismo por vezes atrevido. Em meio dos seus queixumes e desfalecimentos, sentimos que Crisfal é um homem que luta e sabe gozar a vida." Alguém de Portus Alacer.

Ficando, adianta ele no seu prefácio, "pois demonstrado, sem sombra de dúvida, a nosso ver, que foi Cristóvão Falcão de Sousa, fidalgo de Portalegre, o autor da écloga Crisfal e da carta em verso. As outras hipóteses apresentadas, em torno da questão, não têm fundamento, uma, de Patrocínio Ribeiro, formulada em 1917, pretendeu ver no poema uma composição de Luís de Camões, e no entrecho a narração dos amores de Jorge Silva pela infanta D. Maria. É um produto daquela imaginação delirante, que estraga muitas vezes o crítico em Portugal. A outra, apresentada em 1940 pelo professor António José Saraiva, supõe o Crisfal como composto por Bernardim Ribeiro, em torno dos amores de Cristóvão Falcão.

Além de tudo quanto se tem dito sobre as circunstâncias da vida e particularismos de estilo, não é razoável figurarmos um homem como Bernardim, já velho, torturado pelo seu drama pessoal, de que só sabia falar, metido a celebrante de amores escandalosos de um rapaz. Isto “admitindo mesmo que Bernardim Ribeiro estivesse em estado mental de fazê-lo, o que era duvidoso.” Por mim, confesso-me suficientemente elucidado. Quanto aos demais, experimentem lê-los, a ambos, e depois avaliem sobre a justeza desta paternidade.

CONSIDERAÇÕES SOBRE O AUTOR E OBRA

Fidalgo e poeta do século XVI, de seu nome completo Cristóvão Falcão de Sousa. Filho de João Vaz de Almada Falcão, cavaleiro com fama de grande honradez, que serviu como capitão da Mina, e de D. Brites Fernandes. Teve dois irmãos, Barnabé de Sousa e Damião de Sousa. Em 1527 era morador na Casa Real.

Sendo ainda mancebo apaixonou-se por uma moça, mais nova do que ele, que não tinha idade canónica. Casou clandestinamente e a esposa foi enviada para o convento de Lorvão e ele encarcerado por intervenção do seu pai. Saído do cárcere, D. João III confiou-lhe uma missão particular, ligado ao caso do bispo de Viseu, D. Miguel da Silva, que fugira de Portugal em 1540 contra vontade do rei, dirigindo-se a Roma, para o Papa lhe conceder o cardinalato. Para punir o bispo, o monarca pensou em utilizar a influência do embaixador de Carlos V na corte pontifícia, o marquês de Aguilar, de quem Cristóvão Falcão era primo.

Regressado de Itália foi despachado, a 31 de Março de 1545, como capitão para a fortaleza de Arguim, na ilha da costa da Guiné, onde havia uma feitoria destinada ao comércio com o interior de África. Supõe-se que veio a casar com Isabel Caldeira. Desta mulher não teve filhos, mas da outra teve um bastardo com o mesmo nome, que veio a exercer as funções de capitão da Madeira.

CONCLUSÃO

As considerações retratadas nesse trabalho serviram unicamente para enaltecer a poesia do classismo, bem como as contribuições que esta deixou na cultura poética da pós-modernidade. Além disso, foi trazido á tona o nome de poetas como Cristóvão Falcão, ainda desconhecido em sua essência literária.

Dessa forma, espera-se que os conhecimentos aqui dispostos sirvam para que pesquesas mais aprofundadas surjam no que tange a temática clássica e todo o seu rico legado para a poesia moderna. Da mesma forma, que os autores desse período sejam enaltecidos e estudados, para que a humanidade sinta a poeticidade das palavras dos artistas que compuseram esse rico periodo da literatura portuguesa.



INTRODUÇÃO

Produzir linguagem significa produzir enunciados de um determinado modo, em um determinado momento sócio-histórico, o que representa, através de marcas lingüísticas, o próprio sentido e significação.

No jogo argumentativo da linguagem, as funções lingüísticas de representação e de comunicação complementam-se e se apresentam inter-relacionadas, permitindo a construção de novas representações, apreendidas e produzidas em situações sócio-comunicativas. Referindo-nos à construção de novas representações, dirigimos nossa atenção ao implícito que fundamentam, através das inferências e conhecimento prévio, a construção do sentido.

Ao produzir um enunciado, podemos regular e orientar nossas ações em um vínculo estreito com o pensamento. Dessa forma, podemos dizer que a dinâmica constitutiva da linguagem se dá, historicamente, através da ação sócio-lingüística dos falantes, pois, além de depreender o conjunto de articulações necessárias que se situa na esfera racional, também congrega as associações da vontade individual ao concretizar os atos de fala pela interação e intersubjetividade.

Considerando a multiplicidade de significações fundamentada nas intenções comunicativas do enunciador e as interações conversacionais que não consistem de enunciados desconexos ou incoerentes em situações reais de comunicação, o presente trabalho tem como objetivo o estudo do significado implícito enquanto processo inferencial de comunicação através das máximas de Grice.

A TEOARIA INFERENCIAL DAS IMPLICATURAS DE GRICE

Os primeiros textos importantes de Grice surgiram em 1956 e 1957. "Meaning" (1957) tornou conhecida a sua teoria da comunicação através dos conceitos de significação natural e não-natural (meaning-nn) tão decisivos na origem dos trabalhos sobre pragmática em especial no de Searle1. Foi, entretanto, com seu artigo "Logic and Conversation", que apareceu nas conferências realizadas pela Universidade de Harvard em 1967, em homenagem a William James que Grice provocou um dos maiores impactos teóricos na história das pesquisas sobre pragmática. Publicado em 1975, esse texto, de menos de vinte páginas, apresenta um sistema conceitual extremamente eficaz para o tratamento das complexas questões que envolvem o problema da significação na linguagem natural.

Conforme já havia demonstrado em "Meaning", a preocupação central de Grice era encontrar uma forma de descrever e explicar os efeitos de sentido que vão além do que é dito. Em última análise, como é possível que um enunciado signifique mais do que literalmente expresso. Deve haver algum tipo de regra que permita a um falante (A) transmitir algo além da frase e a um ouvinte (B) entender esta informação extra.

Grice propõe, inicialmente, um exemplo que se tornou clássico. 2 (A) e (B) estão conversando sobre (C). (A) pergunta a (B) sobre a situação de (C) no seu emprego. (B) responde: "Oh! muito bem, eu acho; ele gosta de seus colegas e ainda não foi preso". Um diálogo desse tipo observa Grice, possibilita perceber, claramente, que há duas formas de significação distintas. A resposta de (B) diz que (C) está bem e ainda não foi preso e implica ou sugere que isso pudesse ter acontecido, tendo em vista que (C) é o tipo de pessoa que pode ceder às pressões do seu trabalho e fazer algo que o leve à prisão. É a partir desse contexto que Grice introduz os termos técnicos implicitar (implicate), implicatura (implicature) e implicitado (implicatum). Seu objetivo é organizar, ao redor deles, um sistema explicativo dessa significação que (A) e (B) podem entender mas que, efetivamente, não foi dita. É importante ressaltar, aqui, que Grice usa "dito" como o significado expresso pelo enunciado em termos literais ou, em outras palavras, como a proposição em seu valor semântico. 3

Existem, dois tipos básicos de implicaturas, segundo Grice:
Implicatura Convencional que está presa ao significado convencional das palavras e a Implicatura Conversacional que não depende da significação usual, sendo determinada por certos princípios básicos do ato comunicativo.

Examinemos, inicialmente, a implicatura convencional tal como foi estabelecida, considerando os enunciados abaixo:

(1) "José é trabalhador, contudo é pobre."
(2) "João é carioca, portanto não é um homem sério."
No enunciado (1), está dito que José é trabalhador e que é pobre, mas não está dito que, sendo trabalhador, não devesse ser pobre. Isso está implicado através do significado convencional das palavras e, no caso, indicado através da conjunção "contudo”. No exemplo (2), ocorre a mesma coisa. "João é carioca" e "João não é um homem sério" é o dito.

Há, entretanto, uma implicatura convencional a partir da indicação feita pelo conetivo "portanto" de que o carioca não é serio e isso não foi, realmente, dito. Como se pode depreender dos exemplos dados, a implicatura convencional decorre da própria força significativa das palavras, sendo, por isso, intuída pelos interlocutores sem maiores dificuldades. O conceito de implicatura conversacional, porém, é o centro das atenções de Grice no seu artigo clássico e mesmo em trabalhos posteriores como o texto "Pressupositions and Conversational Implicative" de 1981.

Antes, contudo, de se analisar o conceito de implicatura conversacional, é preciso que se faça um breve comentário sobre a Teoria da Comunicação de Grice. Para ele, quando dois indivíduos estão dialogando, existem leis implícitas que governam o ato comunicativo. Isso significa que, mesmo inconscientemente, os interlocutores trabalham a mensagem lingüística de acordo com certas normas comuns que caracterizam um sistema cooperativo entre eles, para que as informações possam ser trocadas o mais univocamente possível. Grice chama, a esse conjunto de regras, "princípio de cooperação".

Não é possível, nem imaginável, segundo ele, que um ato comunicativo pudesse ser totalmente livre, a ponto de falante e ouvinte perderem o controle do próprio jogo. Ao contrário, as regras do ato comunicativo talvez tenham sido aprendidas concomitantemente à aquisição da língua, de tal forma que um falante competente do português também conhece os efeitos de sentido que uma mensagem em português pode adquirir pela ação das regras do jogo comunicacional a que está submetido. Não é por outra razão, alias, que se fala muito, hoje, numa teoria de competência comunicativa.

Nesse sentido, Grice, retomando uma formulação kantiana, sistematiza o seu "princípio de cooperação” (PC) através de quatro categorias fundamentais articuladas a máximas e submáximas.

AS MÁXIMAS DA TEORIA DE GRICE

A preocupação central de Grice era encontrar uma forma de descrever e explicar os efeitos de sentido que v o além do que é dito. Em última análise, como é possível que um enunciado signifique mais do que literalmente expresso. Deve haver algum tipo de regra que permita a um falante (A) transmitir algo além da frase e a um ouvinte (B) entender esta informação o extra.

Grice prop e, inicialmente, um exemplo que se tornou clássico. (A) e (B) est o conversando sobre (C). (A) pergunta a (B) sobre a situaç o de (C) no seu emprego. (B) responde: "Oh! muito bem, eu acho; ele gosta de seus colegas e ainda n o foi preso". Um diálogo desse tipo, observa Grice, possibilita perceber, claramente, que há duas formas de significaç o distintas. A resposta de (B) diz que (C) está bem e ainda n o foi preso e implica ou sugere que isso pudesse ter acontecido, tendo em vista que (C) é o tipo de pessoa que pode ceder s press es do seu trabalho e fazer algo que o leve pris o.

É a partir desse contexto que Grice introduz os termos técnicos implicitar (implicate), implicatura (implicature) e implicitado (implicatum). Seu objetivo é organizar, ao redor deles, um sistema explicativo dessa significaç o que (A) e (B) podem entender mas que, efetivamente, n o foi dita. É importante ressaltar, aqui, que Grice usa "dito" como o significado expresso pelo enunciado em termos literais ou, em outras palavras, como a proposiç o em seu valor semântico.

O conceito de implicatura conversacional é o centro das atenç es de Grice no seu artigo clássico e mesmo em trabalhos posteriores como o texto "Pressupositions and Conversational Implicative", de 1981.

Para ele, quando dois indivíduos est o dialogando, existem leis implícitas que governam o ato comunicativo. Isso significa que, mesmo inconscientemente, os interlocutores trabalham a mensagem lingüística de acordo com certas normas comuns que caracterizam um sistema cooperativo entre eles, para que as informaç es possam ser trocadas o mais univocamente possível. Grice chama, a esse conjunto de regras, "Princípio de Cooperaç o".

Não é possível, nem imaginável, segundo ele, que um ato comunicativo pudesse ser totalmente livre, a ponto de falante e ouvinte perderem o controle do próprio jogo. Ao contrário, as regras do ato comunicativo talvez tenham sido aprendidas concomitantemente aquisiç o da língua, de tal forma que um falante competente do portugu s também conhece os efeitos de sentido que uma mensagem em portugu s pode adquirir pela aç o das regras do jogo comunicacional a que está submetido. Não é por outra raz o, aliás, que se fala muito, hoje, numa teoria de compet ncia comunicativa.

Nesse sentido, Grice, retomando uma formulaç o kantiana, sistematiza o seu "princípio de cooperaç o"(PC) através de quatro categorias fundamentais articuladas a máximas e submáximas.

O Princípio da Cooperação - Máxima e Implicaturas

Categoria da Quantidade
Relacionada quantidade de informaç o que deve ser fornecida numa mensagem. A ela corresponde duas máximas:

Faça com que sua mensagem seja t o informativa quanto necessária para a conversação.
Não dê mais informações que o necessário.

Categoria da Qualidade
Relacionada inicialmente supermáxima "Procure afirmar coisas verdadeiras " e, indiretamente, a duas máximas mais específicas:
Não afirme o que você acredita ser falso.
Não afirme algo para o qual você não o possa fornecer evidência adequada.

Categoria de Relação
Ligada máxima "Seja Relevante".

Categoria do Modo
Ligada supermáxima "Seja Claro" e várias máximas como as citadas abaixo, entre outras:
Evite obscuridade de expressão
Evite ambigüidade
Seja breve (evite prolixidade desnecessária)
Seja ordenado.

Embora possa haver outras regras, ainda, como a da polidez, por exemplo, no circuito da comunicaç o, Grice deixa entender que as quatro categorias citadas s o suficientes para explicar o fenômeno da implicatura conversacional.

I - Nenhuma máxima é violada
(3) (A) - Estou com dor-de-cabeça. (B) - Há uma farmácia nesta rua.
(4) (A) - N o suporto mais minha m e. (B) - Freud explica isso.
(5) (A) - A crise econômica parece cada vez pior. (B) - Parece? Voc já leu "O Capital"?

Mesmo que, aparentemente, os tr s exemplos apresentem a quebra de uma máxima como a da relevância ou de uma supermáxima como a da clareza, ainda assim, n o há motivos para se afirmar que (B) violou o princípio da cooperaç o. Ao contrário, (A) poderá deduzir a implicatura conversacional exatamente por compreender que (B) está respeitando as regras do diálogo.

Em (3), (A) deduz que (B) diz haver uma farmácia na rua porque quer implicar que ela deve estar aberta e ter remédios que possam ser adquiridos por (A) para que seu problema seja resolvido.
O exemplo (4) é mais sutil, mas ainda n o representa um desrespeito ao PC. (A) depreende da resposta de (B) que ela quer implicar a natureza psicanalítica da relaç o de (A) com sua m e. No caso, a implicatura poderia remeter a um elemento do contexto cultural comum a (A) e (B) representado pelo "Complexo de Édipo".

II - Uma máxima é violada para que a outra não o seja
Neste caso, sup e-se que a máxima preservada seja mais relevante que a abandonada. (Respeito máxima de relevância quanto escolha da máxima a ser preservada)

(6) (A) - Que significa "pressuposição"? (B) - Consulte uma obra de semântica.
(7) (A) - Que horas s o? (B) - Já é tarde.
(8) (A) - Voc me ama? (B) - Eu gosto de estar em sua companhia.


Os três exemplos demonstram que a resposta de (B) quebra a máxima da quantidade por n o ser t o informativa quanto o requerido. Entretanto, (B) parece estar respondendo assim, para implicar que n o teria condiç es de oferecer uma resposta mais precisa e, por respeitar a supermáxima da qualidade, e acreditar que ela seja mais relevante no contexto que a da quantidade, prefere ser menos informativo a mentir.

No primeiro caso, (B) n o responde pergunta, oferecendo em seu lugar uma informaç o relativamente vaga mas que implica uma informaç o segura e sincera.

O exemplo seguinte também é bastante comum e os interlocutores de um diálogo, como esse, sabem perfeitamente o que (B) está dizendo e implicando. A pergunta de (A) requer uma resposta exata, a hora certa. Sabe-se, entretanto, que é muito freqüente que (B), n o tendo condiç es de dar a informaç o exigida, ofereça alguma satisfaç o pergunta, embora de forma vaga. (A) entende, perfeitamente, que (B) está dizendo que é tarde e implicando que n o pode, honestamente, dar uma resposta certa e exata para (A), mas assim mesmo, está atento mensagem e posicionando-se diante dela.

CONCLUSÃO

Ao abordarmos o conhecimento compartilhado, referimo-nos a uma intenção comunicativa que pode abranger diferentes conteúdos como o metafórico e o irônico através do significado comunicado implicitamente pelos enunciados. No decorrer das explanações, visamos à integração dos princípios que regem a conversação em uma dimensão social e psicológica nos atos de persuadir, argumentar ou simplesmente proferir um enunciado, envolvendo a subjetividade e o contexto sócio-político-histórico.

Após analisarmos as máximas de Grice em “ditos políticos”, podemos afirmar que é preciso dedicarmos uma atenção especial à comunicação verbal, em relação ao uso que as pessoas fazem da linguagem, enquanto atividade constitutiva e produtiva, pois é no jogo argumentativo da linguagem e é pelas inferências que fizemos que a comunicação se transforma em conhecimento mútuo.

Ao observarmos as implicaturas nas relações sujeito/linguagem/sujeito, que direta ou indiretamente, fazem parte do nosso cotidiano através de expressões e estruturas frasais que manifestam opiniões, divergências em idéias, ideais e decisões no contexto sócio-político-histórico, chegamos à constatação de que os atos de fala envolvem um jogo de palavras, muitas vezes, despercebido, mas um verdadeiro incluído: o implícito.

Hoje trago a vocês um artigo que fala sobre um assunto muito interessante: as características dos filhos de cada Orixá. É legal entendermos que apresentamos características pessoais e influências relacionadas ao nosso Pai ou Mãe Orixá, mas que na maioria das vezes expressamos essas características de forma contrária e negativa, fato que reflete nosso desequilíbrio emocional e espiritual. Um exemplo disso poderia ser uma filha de Iemanjá que não pretende ou não gosta da ideia de ter filhos. Este “não querer” mostra o desequilíbrio desta pessoa pois vai totalmente contra as características esperadas para uma filha que Iemanjá, que é a Orixá que representa a geração e os laços familiares. Reconhecer esse nosso desequilíbrio é o primeiro passo para conquistar uma vida harmoniosa, tanto em nosso dia a dia, como dentro de nossa estrutura religiosa, a Umbanda, que tem os Orixás como Força Sustentadora e Divindades Sagradas.

Características dos Filhos de Oxalá:
Mercê da própria presença soberana do Orixá Maior da Umbanda, os Filhos de Oxalá também marcam naturalmente suas próprias presenças. Destacam-se com facilidade em qualquer ambiente, são cuidadosos e generosos, e, dada sua exigência no sentido de conseguir sempre a perfeição, são também detalhistas ao extremo. Curiosos, procuram saber detalhes, às vezes, chegando mesmo a tornarem-se aborrecidos por isso. Pais excelentes. Mães amorosas. Dedicam-se com um carinho excepcional às crianças, com quem se relacionam muito naturalmente e de quem não gostam de afastar-se. Relacionam-se com facilidade com filhos de outros Orixás, todavia, têm sempre certa prevenção em relação às pessoas a quem não conhecem muito bem. São um tanto inconstantes e se amuam ou se zangam com grande facilidade. Impõem sua opinião até os extremos e não raramente por causa dessa característica de desentendem com filhos de Ogum, Inhaçã e Xangô, principalmente. São, também, pessoas de grande capacidade de mando, tornando-se, não raras vezes, líderes em suas comunidades. Por outro lado, são também ensimesmados, tendo alguma dificuldade em expor problemas e/ou desabafar com estranhos e, às vezes, até mesmo com pessoas íntimas. A velhice tende a tornar os Filhos de Oxalá irritados e rabugentos. Por paradoxal que pareça, a vaidade masculina encontra em seu mais alto ponto nos Filhos de Oxalá, sempre preocupados em ostentar boa aparência e em serem agradáveis. As Filhas de Oxalá são boas mães e esposas, embora, às vezes, se mostrem um pouco dominadoras e ciumentas. Também gostam de apresentar-se bem, embora discretamente.

Características dos Filhos de Inhaçã:
Nascidos da Luz da Manhã, os Filhos de Inhaçã são a própria majestade do Orixá. Sua principal característica exterior é ser sempre uma entidade dominante. Ocupam naturalmente posição de destaque e nunca passam desapercebidos. Gostam de vestir-se sempre na moda e de estarem sempre atualizados, embora haja sempre uma pitada de exagero em quase tudo o que fazem. Têm personalidade marcante, que dificilmente é esquecida. Brilham em quase tudo o que fazem. São temperamentais por excelência, mudam de opinião com facilidade, amando ou desprezando objetos e pessoas ou, ainda, coisas, absolutamente sem motivos aparente. São inconstantes e sentimentais, arrependendo-se com facilidade por atos praticados, mas, também, esquecendo-os e, não raras vezes, repetindo-os. O Filho de Inhaçã herda do Orixá suas características Guerreiras, empenha-se em discussões estéreis, às vezes, só pelo prazer de contestar, não se preocupando absolutamente com os resultados finais. Todavia, quase em tudo o que toca consegue levar a bom termo. É também muito dedicado e prestimoso e além de tudo, alegre.
As Filhas de Inhaçã são sempre extremadas: ou amam apaixonadamente ou simplesmente esquecem. Incapazes de odiar, não hesitam em se reaproximar de alguém que lhes tenha magoado, sentindo, não raras vezes, uma real piedade e amor por essa mesma pessoa se, por qualquer razão, estiver em posição de dor ou inferioridade. Não raras vezes, também, assumem as causas alheias, trazem parentes enfermos para dentro das próprias casas, depois, brigam com maridos e filhos por causa desses parentes, posteriormente, invertem toda a situação, mandando embora quem haviam trazido e buscando a paz familiar, como se nada tivesse acontecido. Fazendo tudo em escala maior, amam com intensidade, dão-se com facilidade, produzem ou promovem e depois, pura e simplesmente, esquecem. Quer seja homem ou mulher, o Filho de Inhaçã será sempre alguém que dificilmente consegue passar desapercebido. Será sempre um temporal num copo d’água, passando da tranqüilidade de um lago sereno a incerteza de um mar tempestuoso. Sua principal característica positiva reside na sua capacidade de não apenas perdoar quem eventualmente lhe haja ofendido, como principalmente, esquecer a ofensa. Talvez nenhum outro consiga realmente esquecer o Filho de Inhaçã. Quando lideres em alguma atividade, quase sempre marcam, de maneira indelével, suas administrações, mesmo que isso lhes custe sacrifícios. As Filhas de Inhaçã são extremadas como as chamadas “super mães”. Lutam pela felicidade e progresso de seus filhos e não admitem erros ou faltas, embora, quase nunca tenham coragem de punir as crianças. Como pessoas são exageradamente ciumentas, às vezes, chegando a infernizar a vida de seus companheiros por causa do ciúme.

Características dos Filhos de Cosme e Damião (Erês):
Alegria, sem sombra de dúvidas, é a principal característica dos Filhos de Cosme e Damião. Mesmo em circunstâncias difíceis parecem irradiar sempre alegria. São simples, generosos, altruístas, embora um tanto inconstantes, sinceros e justos. Têm grande apego à família e aos amigos, não raramente fazendo grandes sacrifícios para beneficiar os outros. Gostam de participar e dividir tudo o que têm e contentam-se com pouco. Não admitem não ser considerados e magoam-se quando acham que não foram tratados com a devida consideração, embora não guardem rancor. Exigem um pouco de mimo, de atenção, em quase tudo o que fazem. Adoram ver seu trabalho reconhecido e admirado. Os Filhos de Cosme e Damião são bons pais e maridos. Amantes do lar, são, ainda, calmos e tranqüilos. As Filhas de Cosme e Damião são excelentes esposas e mães, embora, geralmente, muito dependentes. Costumam estabelecer laços familiares muito fortes. Não raramente, mesmo com idade avançada, não tomam quase nenhuma atitude sem consultar seus pais e outros parentes ascendentes.

Características dos Filhos de Iemanjá:
Iemanjá e Oxum se confundem com o Espírito Criador e muitas de suas características também se confundem. Representam a própria instituição da família, seus laços, suas dependências. O Filho de Iemanjá é empreendedor, ativo, um pouco sovina. Sonha com grandes progressos, embora, às vezes, de forma ingênua, não tenha idéia de proporção, exagerado em suas aspirações. Raramente toma atitudes agressivas, excetuando-se, naturalmente, no plano familiar. De temperamento dócil, sereno, pode também agitar-se por qualquer motivo. Dificilmente consegue esquecer uma ofensa recebida e custa muito a depositar novamente confiança em que haja lhe ferido ou magoado. A mulher que é Filha de Iemanjá tem no marido e filhos seu principal objetivo. Costuma ser muito exigente com os filhos, mas perdoa todas as suas faltas, não raramente, escondendo-as, para que as crianças não sejam punidas por mestres ou pais. Como uma fera, briga com quem quer que se interponha entre os filhos e o lar. Também costuma ser desconfiada e não raro inferniza a vida do companheiro com ciúmes doentios. Se necessário, ombreia-se com o marido para fazer frente às dificuldades da vida, dando tudo de si. Nunca deixa de fazer o que lhe pedem, embora tenha uma grande tendência a reclamar de tudo. É empreendedora e ativa, vaidosa e coquete, gosta de adornos discretos e caros. Exige muitas atenções e geralmente, embora realize com perfeição os deveres domésticos, parece não sentir grandes atrações para com a cozinha, a não ser no que diz respeito aos filhos. O Filho de Iemanjá parece estar sempre lutando para galgar um lugar de destaque, qualquer que seja o empreendimento a que se dedique. É, por sua própria natureza, um lutador. Os Filhos de Iemanjá são profundamente emotivos, razão pela qual são chamados de chorões.

Características dos Filhos de Oxum:
Quase tudo o que foi dito sobre Iemanjá pode ser estendido a Oxum, cujo relacionamento com seus filhos se equivale por representarem ambas o Princípio Criador. Também é aplicada aos Filhos de Oxum, ainda mais emotivos que os de Iemanjá, a denominação de chorões. A sensibilidade dos Filhos de Oxum é ainda maior e, não raras vezes, chamados, principalmente as mulheres, de dengosas e flores de estufa, que fenecem ao menor motivo. Na verdade, os Filhos de Oxum, essencialmente honestos e dedicados, esperam sempre merecer as atenções que procuram despertar e sentem-se desprestigiadas quando não acontece. Um fato a ser considerado é o de que os Filhos de Oxum tendem a guardar por mais tempo alguma coisa que lhes tenha atingido e olham com muita desconfiança quem os traiu uma vez. Por outro lado, menos vaidoso do que os Filhos de Iemanjá ou Inhaçã, aparentam, mesmo em roupas discretas, uma certa realeza. Ternos e carinhosos, são conseqüentes e seguros e buscam sempre a companhia de pessoas de caráter. Preferem não impor suas opiniões, mas detestam ser contrariados. Custam muito a se irritar, mas quando o fazem, também custam a serenar. Oxum parece ocupar no coração das pessoas o espaço destinado à figura da mãe e esta característica faz com que seus filhos sejam naturalmente bem quistos e, não raras vezes, invejados. O homem e mulher, Filhos de Oxum, são, a exemplo de Iemanjá, muito ligados ao lar e a família, em geral.

Características dos Filhos de Oxosse:
Oxosse representa a pureza das matas. Seus Filhos são honestos, desinteressados, altruístas e espontâneos. A sua principal característica é a honestidade porque nunca esperam recompensa por aquilo que fazem espontaneamente. Têm um grande inconveniente: são inconstantes, não persistentes, seja qual for o motivo. Com muita freqüência, após lutarem por um ideal, às vezes, às vésperas de consegui-lo desistem e partem para nova idéia. Geralmente, os Filhos de Oxosse reúnem qualidades que são muito importantes. Se alguém está doente, ele é aquele que vai várias vezes visitar a pessoa, ver como está passando, se interessa pelo bem-estar dos outros. Não se aborrecem com as reclamações e ouvem lamúrias dos outros sempre com muita atenção. Dão-se muito bem com qualquer faixa de idade. Sentem-se mais à vontade em ambientes descontraídos. Não gostam de andar muito presos em roupas sociais. Não se sentem bem em cerimônias muito formais. São dados a vida muito singela. Não são dados ao luxo; tem verdadeira ojeriza a tudo o que chama a atenção. Adoram andar, gostam do ar livre, não gostam de ficar em ambientes fechados ou escuros. São muito complacentes com a aquisição de bens materiais, sendo desligados de tudo aquilo que se refira a luxo. O Filho de Oxosse costuma mudar de atividade com relativa facilidade, mas na possibilidade de lançar raízes em algum campo de negócio, são profundos e seguros, jamais mudam. O chefe de família, Filho de Oxosse, é um tanto desligado do lar, não que ele não se interesse pelos problemas familiares, é que prefere ser servido a servir. A mulher, Filha de Oxosse, tende a não ser muito boa dona de casa. Gosta das coisas bem feitas, mas não de fazer, gosta das coisas em ordem, mas prefere mandar que os outros façam.

Características dos Filhos de Ogum:
Os Filhos de Ogum são tidos como brigões, mas é errôneo este pensamento. São mais intransigentes e obstinados do que propriamente brigões. Ogum representa o Espírito da Lei e seus Filhos têm esta característica bem predominante. Raramente pondera as coisas: se o regulamento é este, então, tem que ser seguido a qualquer custo. Toda Lei tem que ser estudada, para obter-se o seu verdadeiro sentido, para saber o seu espírito. Porém, para o Filho de Ogum, ele é usada com parcimônia. Ele segue a Lei sem ligar se ela serve para este ou aquele caso. É a Lei, tem que cumprir, implacavelmente. O pai de família, Filho de Ogum, não dá muitas chances de diálogo para seus filhos. É inflexível e radical. Usa uma lei para si e outra para os outros. É vaidoso, não gosta de ser contrariado em suas opiniões. Raramente “arreda pé” de sua posição, mesmo quando não dá certo. Quer sempre fazer prevalecer o seu ponto de vista. Não recua nenhuma vez em suas decisões. Tem sempre tendências para resolver as coisas para o seu lado, de qualquer forma. A mulher, Filha de Ogum é mais querelante do que briguenta. É mais belicosa e de atitudes extremadas. É excelente mãe de família, porém, coitado do filho que não andar direito: ela é do tipo que bate primeiro para depois perguntar onde foi o erro. O Filho de Ogum é dado a fazer conquistas, tem facilidade de relacionamento com o sexo oposto de qualquer filiação de Orixá.

Características dos Filhos de Xangô:
O Filho de Xangô é, por excelência, calmo e muito ponderado. Costuma pesar os fatos com muito cuidado, procurando sempre pôr panos quentes em qualquer disputa. Só toma decisões depois de pesar e analisar todos os ângulos dos problemas apresentados, procurando ser o mais justo possível. Dedica-se de corpo e alma a tudo o que se propõe a fazer, mas desilude-se com muita facilidade também. É sonhador por excelência, acha sempre que tudo dará certo, deixando-se levar, com muita freqüência, pela ilusão e pelo sonho. Sempre procura apresentar seus propósitos e planos de maneira mais bonita, mais enfeitada, o mais claro possível, sem observar o que há de viável neles. Nunca procura ver se há realismo no que se propõe a fazer. Os Filhos de Xangô são capazes, geralmente, de grandes sacrifícios, mas aborrecem-se profundamente se algo que programaram não dá certo. Não admitem mudanças de programação, não só quando dependem deles a realização do plano programado. Costumam ficar roendo muito o que lhes acontece, ou o que não se realizou com queriam. Separam, com muita freqüência, a realidade de si, levando seus pensamentos para altas esferas. Por serem muito honestos, magoam-se com muita facilidade pela ingratidão das pessoas, achando que todo o mundo tem obrigação de ser honesto e preciso em suas decisões. A Filha de Xangô, geralmente, é muito crédula, acredita em tudo o que lhe dizem. Magoa-se profundamente por coisas que não tenha feito ou que tenham dito que ela fez. Guarda mágoas profundas, mas não consegue guardar raiva. Em relação ao lar, não gostam de sair de casa, preferem o aconchego do lar e são excelentes mães de família, mantendo o lar em perfeita harmonia, não permitindo desavenças entre os familiares, dando possibilidades a todos de se defenderem, sempre que for necessário.

Características dos Filhos de Nanã:
Nanã é um Orixá velho. O mais velho dos Orixás femininos, talvez por isso seja, também, o mais amoroso e o mais egoísta. Os Filhos de Nanã são muito possessivos e tendem a cercear seus amigos. São exclusivistas e não admitem dividir suas idéias. Dedicam-se sem reservas a seus amigos e parentes, porém, procuram sempre criar barreiras para evitar que os mesmos encontrem novas amizades e novos caminhos. São rabugentos e costumam guardar em seu íntimo tudo aquilo que lhe fazem. O Filho de Nanã jamais esquece o que lhe fazem, mesmo que depois lhe peçam desculpas. Sempre comenta e toca no assunto quando há oportunidade. Gosta de estar rodeado de amigos, porém, não abre mão de sua presença, fazendo questão de que ela seja notada e comentada. Veste-se muito bem e possui um pouco da intransigência de Ogum. Os Filhos de Nanã são resmungões e acham dificuldade em tudo o que precisam fazer. Esperam sempre que os outros façam ou resolvam seus problemas. São muito ladinos, sempre acham uma forma dos outros fazerem suas coisas. Por serem demasiadamente possessivos, não admitem que seus filhos ou familiares mais próximos tomem decisões sozinhos ou que seus companheiros saiam sós.

Características dos Filhos de Abaluaiê:
Os Filhos de Abaluaiê são muito introvertidos, seu caráter, às vezes, são taciturnos, calados, fechados em si próprio; ás vezes, tem piques de alegria, descontração, satisfação, indo de um pólo a outro, com muita facilidade e com muita freqüência.Os Filhos de Abaluaiê gostam de ocultismo, têm certa tendência para tudo o que é misterioso. Gostam e frequentemente estudam a vida dos astros. Gostam das artes e das pesquisas, dedicando-se muito a isso. Convivem melhor com pessoas idosas do que com as mais jovens. Não têm a paciência necessária para suportar arroubos da mocidade. Mesmo os Filhos de Abaluaiê com menos idade sempre procuram pessoas mais velhas para conviver. Não gostam de aglomerações, preferem isolamento, utilizando seu tempo em coisas que consideram de maior utilidade. Raramente se abrem a respeito de seus problemas, preferindo “curtir” a mágoa ou a dor sem participar a ninguém. Muito sentimentais e profundamente negativistas.

Nota Explicativa: Os Filhos de Fé não recebem influência de apenas um ou dois Orixás. Da mesma forma que nós não ficamos presos à educação e orientação de um Pai ou Mãe Espiritual, também não ficamos sob a tutela de nosso Orixá de Frente ou Juntó. Frequentemente recebemos influências de outros Orixás (como se fossem professores, avós, tios, amigos mais chegados na nossa vida material). O fato de recebermos essas influências não quer dizer que somos filhos ou afilhados desses Orixás. Trata-se apenas de uma afinidade espiritual. Uma pessoa, às vezes, não se dá melhor com uma tia do que com a mãe? Assim também é com os Orixás, podemos ser Filhos de Ogum ou Inhaçã e recebermos mais influência de Oxosse e Oxum. Posso ser Filho de Obaluaiê e não gostar de trabalhar com Entidades que mais dizem respeito, preferindo trabalhar com Entidades das cachoeiras, o que, de forma alguma me faz ser adotado por estes outros Orixás. O importante é que nos momentos mais decisivos de nossas vidas, suas influências benéficas se fazem presentes. Quase sempre uma soma de valores e não apenas, e individualmente, a característica de um único Orixá.

Texto extraído da apostila do curso “Formação Sacerdotal de Umbanda – 25º Barco”,
ministrado pelo Babalaô Ronaldo Linares, Babá Dirce Paudette Fogo, Babá Tânia
Maria Simões e Babalaô Eurides Silva Costa através da Federação Umbandista
do Grande ABC.