27 dezembro 2011


O homem vem lutando de forma particular para garantir o seu espaço na sociedade. Isto porque, ser “diferente” dos padrões impostos pela atual cultura “fotochopada” da qual vivemos, que tenta enformar seus indivíduos como réplicas de um molde perfeito, é motivo suficiente para aprisionar qualquer um dentro de uma masmorra ou banir definitivamente aquele que ousasse sair dos modelos pré-definidos e historicamente estratificados. Hoje, a falsa moral ainda vive entre nós, como um grande calabouço sem paredes. Entretanto, as pessoas não estão dispostas a viverem presas a ele, apenas por que alguém acha que tem o direito de julgar e condenar uma determinada diferença. De fato, cada vez mais elas, as pessoas, buscam uma saída racional para garantir a legitimidade respeitável das suas filosofias de vida.

Ocidentais e orientais, religiosos e ateus, brancos e negros, homens e mulheres, héteros e gays, pobres e ricos, todos, como se sabe, constituem a árvore da diversidade humana. Devido a essa pluralidade de ideologias, pensamentos, crenças e, sobretudo comportamentos desiguais, os conflitos interacionais são inevitáveis. Isso acontece porque há uma necessidade inerente do ser humano de se sobrepor ao outro, de propagar uma filosofia particular de forma unívoca, como se ela fosse detentora das verdades absolutas. Exemplos disso não faltam na história da humanidade. Desde a catequese impelida pelo Catolicismo por várias culturas do mundo; da escravidão dos negros nos tombadilhos até as terras brasileiras; das teorias ensandecidas de raças puras defendidas por Hitler; dos conflitos religiosos da atualidade no Oriente Médio; das discriminações sofridas por negros, mulheres e homossexuais, passando pelo desolador quadro da desigualdade econômica presente em alguns países como o Brasil.

Nesse espectro, onde a antítese fincou morada, os grupos estigmatizados estão lutando em defesa da afirmação do seu espaço. E como toda luta, as discordâncias servem como pano de fundo para justificar práticas violentas que dividem a sociedade entre os menos e os mais aceitos. Nesse momento, é criada uma pirâmide entre aqueles que devem permanecer desfrutando do convívio social, geralmente posicionados no topo dela, e, por outro lado, aqueles que ficam à margem dessa estrutura, lhes restando o lugar mais rasteiro e esquecido. E nesse instante uma onda de intolerância banha a sociedade, pois cada grupo quer ter o direito expor as suas “verdades” e disseminá-las com intuito de ratificar determinados comportamentos e/ou filosofias.

Tal cenário, no entanto, vem sendo desconstruído, pelo menos aqui no Brasil, onde as pessoas estão derrubando certos preconceitos, a fim de viverem harmoniosamente entre si. Na realidade, já não são tão acentuadas as diferenças entre homens e mulheres, sobretudo no ambiente de trabalho ou nas questões relativas ao lar. Hoje, elas estão em pé de igualdade com eles, mostrando igual ou superior competência. Também houve uma significativa mudança entre as práticas discriminatórias contra os negros, visto que as leis que protegem esse grupo serviram para reeducar a sociedade para a importância de respeitá-los tal qual qualquer outro cidadão que compõe esse país. Na mesma linha impositiva, os gays também estão conseguindo legitimar o seu espaço na sociedade. Mesmo sem uma lei que criminalize os crimes contra essa classe, são inegáveis as melhorias alcançadas por eles nos últimos anos e, principalmente a ampla aceitação da população para a temática LGBTT.

Toda essa trilha revolucionária tem como bússola a palavra união. Ela é o guia que pode levar a sociedade para longe da selvageria criada por ela mesma. Desse modo, por trás de cada discurso social há uma crescente necessidade de buscar a unificação dos grupos, o que não quer dizer que isso vá “ilegitimar” as suas diferenças. Pelo contrário, a intenção primária é pacificar a sociedade, fazendo com que pessoas de tribos distintas possam conviver democraticamente entre si, numa relação de civilidade. Tudo isso porque a falta dessa união já causou, e ainda causa muito sofrimento e dor. Estes elementos resultantes de atos violentos, impensados por alguns que preferem agredir verbal ou fisicamente o outro, a ter que entender o cerne das diferenças que os constituem.

Assim, é pretensioso, e até hipócrita, querer que a sociedade caminhe de mãos dadas de uma hora para outra. Isso seria utópico, quase que irrealizável, pois as distinções entre as pessoas impossibilitariam tal feito. No entanto, é possível sim que todos vivam em harmonia, basta somente que haja a propagação da palavra tolerância. Ela é determinante na sedimentação do respeito, na autoafirmação da identidade e, consequentemente na construção da igualdade. Ninguém precisa gostar ou aceitar uma pessoa no seu convívio que tenha um pensamento religioso diferente do seu, um comportamento social incomum, uma cor de pele não padronizada, uma prática sexual diferenciada ou até mesmo uma maneira de agir desconforme com tudo o que se conhece como “correto”. Porém, todas as pessoas têm o dever moral e, principalmente humano de respeitar essas diferenças, pois é nessa máxima que a paz vai sendo construída e os preconceitos vão sendo vencidos. Portanto, só a união desprendida de moralismos e conservadorismos será capaz de reverter às atrocidades cometidas pela insensatez do homem.

21 dezembro 2011

Olá amigos blogueiros,

O Ser Feliz é Ser Livre estará temporariamente sem postagens publicadas, porque este autor que vos escreve precisa descansar um pouco. 2011 foi um ano de muito trabalho e, se Deus quiser, 2012 promete ser o dobro. Então, o blogueiro aqui vai recarregar as energias para o ano que se inicia. Se tudo der certo, o blog começará o ano de cara nova, com outras novidades, mas com a mesma qualidade de sempre, respeitando as diferenças e tratando de temas diversos, uma vez que um dos lemas desse espaço é a liberdade, em sua total plenitude.

Deixando um afetuoso abraço nos corações de todos aqueles que, direta ou indiretamente, acompanham as postagens do meu blog. Que Deus continue iluminado o caminho de todos. Que o Natal seja tempo de reflexão e de ternura, não só entre parentes e amigos próximos, mas também entre todos, numa explosão de energia positiva. Que 2012 seja de saúde, prosperidade e, sobretudo sabedoria, pois sem ela não se consegui transpor as barreiras da vida.

BOAS FÉRIAS!

E lembrem-se:

"Não existe um caminho para a felicidade. A felicidade é o caminho".
Mahatma Gandhi

Em um ano que o deputado Jair Bolsonaro e outros militantes da “anti-causa gay” como o pastor Silas Malafaia ganharam visibilidade pelo discurso refratário ao reconhecimento dos direitos de lésbicas. gays, bissexuais, travestis e transexuais, as novelas tentaram de várias formas levar ao público o debate sobre a homofobia.


Mais uma vez, no entanto, não foram as produções da Globo as mais ousadas na abordagem do tema. “Amor e Revolução”, escrita por Tiago Santiago para o SBT, levou ao ar a primeira cena de beijo entre as personagens de Luciana Vendramini e Gisele Tigre. Não era selinho. E por isso mesmo chocou os anunciantes, que ameaçaram retirar patrocínio caso a emissora veiculasse outra cena do tipo, dessa vez entre os atores Lui Mendes e Carlos Arthur Thiré.

Já “Vidas em Jogo”, de Cristianne Fridmann, deu picos de audiência ao revelar o segredo da personagem Augusta (Denise Del Vecchio): era uma transexual. Em entrevista, a autora disse que o tema seria tratado de maneira contundente. O filho de Augusta tentaria interditá-la como “doente mental” para tomar conta de todos os seus bens, já que a personagem ficara milionária ao ganhar na loteria.

Enquanto LGBTs eram agredidos na região da avenida Paulista, em São Paulo, “Insensato Coração”, de Gilberto Braga e Ricardo Linhares, levou às telas da TV Globo o maior núcleo gay da história da teledramaturgia para discutir de forma incisiva a violência contra LGBTs, o processo de “saída do armário”, a união civil (que pelo menos na ficção já é uma realidade) e o esforço de um homofóbico assumido em aceitar o filho homossexual.

O que chocou, no entanto, foi a cena em que o menino Gilvan (Miguel Roncato) é espancado e morto por um bando de “pit boys”. Não tanto pela cena em si, mas pelas manifestações de apoio vindas de internautas de todo o país. Em enquete realizada pela repórter Thays Almendra, a maioria dos entrevistados afirmou que era mais chocante ver um beijo gay do que um homossexual ser espancado. Se foi efeito da teledramaturgia ou não, o fato é que durante a exibição de “Insensato” o STF (Supremo Tribunal Federal) reconheceu as uniões entre pessoas do mesmo sexo, embora o tema ainda patine no Congresso Nacional.

Apesar de toda a discussão acerca de preconceito, LGBTs mais populares da ficção em 2011 foram os caricatos Crô, de Marcelo Serrado em “Fina Estampa”, e Áureo, de André Gonçalves em “Morde & Assopra”. Criticados pelos ativistas do movimento LGBT por supostamente acentuarem o conceito da “bicha pintosa”, aceita socialmente sempre como motivo de chacota ou, ainda, por “não refletirem a realidade” de LGBTs, Crô e Áureo, ou melhor, André e Marcelo, afirmam receber inúmeras manifestações de carinho nas ruas.

Na verdade, esse tipo de afirmação apenas reflete um preconceito existente entre os próprios LGBTs em relação aos afeminados. Qualquer pessoa que frequente a rua Vieira de Carvalho no centro de São Paulo vai perceber que as “pintosas” existem sim e também merecem ser aceitas, nem que seja pelo humor, pois se Crô e Áureo não aprofundam nas questões dos direitos civis, pelo menos promovem algum tipo de tolerância, não a ideal, já que esse papel não cabe à novela, mas ao Congresso.

POR JAMES CIMINO

Visto no: Gay 1

15 dezembro 2011


 
 
 
A onda agora é está “conectado”. Quem não ouviu essa frase é porque, realmente está desconectado da realidade. Isto porque, com o “boom” da tecnologia, a qual através da internet tem encurtado distâncias, muitas pessoas têm a oportunidade de interagir com diversas outras em qualquer lugar do mundo de forma simultânea. O fenômeno das redes sociais é, nesse sentido, o auge de todo esse avanço que as redes trouxeram para a sociedade. O leque de opções é tão grande que o individuo pode escolher entre o Orkut, Twitter ou a mais nova febre do momento, o Facebook.
Propiciando a criação de perfis dos quais os membros podem expor seus gostos pessoais, dados profissionais e até determinar que pode ou não fazer parte do grupo particular de amigos, essas mídias tem significado uma revolução na vida de todos os que aderem a essa nova mania virtual. O problema, porém, reside na inversão de valores que essa febre midiática tem disseminado. Antes relacionamentos entre amigos, namorados, parentes tinha como base interacional o toque, desde o aperto de mão, o abraço ou o tão intenso e afetuoso beijo. Hoje, no entanto, o contato se resume ao teclado do computador, a representação corporal na “Web Cam” e, é claro, às redes sociais.
O homem moderno parece ter a necessidade de estar incluído, inserido num mundo onde a tecnologia é a mola propulsora da vida, guiando as relações interpessoais numa rapidez tamanha, inferior apenas aquela que corre por dentro dos cabos de fibras ópticas. Tal fato tem desconstruído inúmeros comportamentos interacionais, dentre eles a amizade. Ser amigo hoje não é mais sinônimo de contar segredos, confidenciar amarguras, tristezas e/ou alegrias. Também não há mais aquela aura nostálgica da camaradagem, da qual sentimentos puros como confiança, ternura e companheirismo faziam parte dos calorosos encontros entre as pessoas.
Atualmente isso se resumiu a ser “seguidor”. A palavra compartilhar continua sendo utilizada, mas o seu significado usual perdeu a verdadeira essência. Ela hoje quer dizer postar, sejam fotos, frases, comentários, muitas vezes irrelevantes, dentro das redes sociais. O mais preocupante é a velocidade em que tudo isso acontece, pois enquanto no mundo real uma relação entre amigos sedimenta-se com o passar dos anos, na internet ela acontece numa fração de segundos, ou até o clicar de uma tecla.
As relações amorosas como paqueras, namoros, casamentos, também não são mais as mesmas. Se no passado o ar galante que envolvia a conquista entre as pessoas, desde um olhar, um bom ramalhete de flor, um jantar a dois, um encontro casual numa sala de cinema faziam parte da atmosfera romântica dos casais. No presente, porém, tudo isso tem se perdido. Não há mais jogo de conquista. As pessoas não querem mais “perder” tempo com estas sutilezas, já que na internet existe até rede social para quem precisa arranjar um companheiro.
Tanta “facilidade” tem criado um modelo moderno de relacionamento, onde em alguns casos, pessoas se envolvem emocionalmente com outras, que estão a centenas de milhares de quilômetros de distância. Nesse mundo de relações cibernéticas, nem o sexo conseguiu escapar. Sites, dos mais variados possíveis, garantem o prazer do internauta das formas mais intensas e diversificadas. Vídeos online com profissionais fazendo “Stripe Tease”, masturbando-se ou fazendo o sexo propriamente dito são propostas convidativas aos mais lascivos.
Disso tudo, o mais perigoso são os problemas que vêm imbricados com a velocidade da aceitação do público com esse mundo virtual. Entre eles o bullying é o mais famoso, do qual pessoas se aproveitam do poder midiático dessas redes para propagar discursos de intolerância e violência, desrespeitando, geralmente as minorias. O aliciamento de menores também é uma constante nesse ambiente, onde cada vez mais pessoas são ludibriadas por promessas de carreira, sucesso e fama e acabam caindo na armadilha do tráfico de seres humanos, este que tem levado muitos, principalmente jovens, para o caminho da prostituição e da morte. Por falar em juventude, eles são os principais consumidores das mídias existentes e acabam se tornando as maiores vítimas, devido ao grau de vulnerabilidade que os cercam.
É notório, portanto, que a influência desmedida das redes sociais tem causado profundos danos no comportamento de toda a sociedade. As pessoas estão paulatinamente perdendo o desejo pelo contato corporal e verticalmente estão imergindo nesse mundo mágico, prático e rápido que é a internet. Para muitos, isso é reflexo da globalização que tem impelido uma nova forma de relacionamento. Ou talvez uma necessidade cabal de estar incluído, num mundo onde há uma profunda precisão entre as pessoas em fazer parte de alguma coisa. Pode ser ainda uma ilha virtual, onde as pessoas mais introspectivas ganham vida e aquelas carismáticas ampliam a sua gama de amigo. Independente do que seja, o importante mesmo é que haja uma apurada análise desse fenômeno para que no futuro as nossas relações não se resumam a meros cliques.
 
 

Vai Valer a Pena

Livres Para Adorar

Não compreendo os Teus caminhos
Mas Te darei a minha canção
Doces palavras Te darei
Me sustentas em minha dor
E isso me leva mais perto de Ti
Mais perto dos Teus caminhos
E ao redor de cada esquina, em cima de cada montanha
Eu não procuro por coroas, ou pelas águas das fontes

Desesperado eu Te busco
Frenético acredito
Que a visão da Tua face
É tudo o que eu preciso, eu Te direi
Que vai valer a pena
Vai valer a pena
Vai valer a pena, mesmo
Sim vai valer a pena
Vai valer a pena
Vai valer a pena, mesmo

Não compreendo os teus caminhos
Mas te darei a minha canção
Doces palavras te darei, te darei, te darei
Me sustentas em minha dor
E isso me leva mais perto de Ti
Mais perto dos Teus caminhos

E ao redor de cada esquina
Em cima de cada montanha
Eu não procuro por coroas
Ou pelas águas das fontes

Desesperado eu te busco
Frenético acredito
Que a visão da tua face
É tudo, tudo, tudo o que eu preciso
E te direi
Que vai valer a pena
Vai valer a pena
Vai valer a pena, mesmo eu sei
Que vai valer a pena
Vai valer a pena
Vai valer a pena, mesmo eu sei que vai, eu sei que vai

E o grande dia haverá de chegar
Quando eu e você,eu e você, nos encontraremos com Ele, naquele dia
E eu e você,eu e você,cantaremos em uma só voz a Ele a Ele a Ele

Senhor valeu a pena
Senhor valeu a pena
Senhor valeu, valeu, valeu, valeu
Senhor valeu a pena
Senhor valeu a pena

Eu haverei de cantar ao meu Senhor
Quando o grande dia chegar
Quando o grande dia chegar, e ele vem
Quando o grande dia chegar
Eu cantarei, eu cantarei, eu cantarei,
JESUS, sim, sim, sim
sim,sim,sim
Jesus, valeu, valeu...
Viveu pra ti
Morreu pra ti



O deputado federal Jean Wyllys (PSOL-RJ) foi o entrevistado da edição de novembro da revista A Capa. Perto de completar um ano de mandato, o parlamentar soltou o verbo. Classificou como “lamentável” o veto e a postura da presidente Dilma Rousseff em relação ao "Kit Escola Sem Homofobia", falou sobre as ameaças de morte que vem sofrendo e da aceitação de seu mandato pela comunidade gay.

A seguir você confere a entrevista completa.

Como você avalia o seu mandato nesse primeiro ano?
Avalio muito positivamente. Mais rápido do que esperava o mandato aconteceu, eu não esperava que em um ano fosse vencer as resistências em relação ao fato de ter participado de um reality show. Uma resistência que considero infundada, mas que existe. Infundada porque ninguém nasce em um reality show e julgar a pessoa a partir dessa experiência é um equívoco. Isso é desconsiderar toda a minha existência anterior e posterior.

E por que você acha que isso aconteceu?
Isso aconteceu por conta da minha entrega honesta e visceral a uma causa que é a inserção dos direitos LGBT na questão dos Direitos Humanos. Mesmo entre os defensores dos Direitos Humanos a questão LGBT não entrava, havia uma resistência para se tratar a questão gay como um Direito Humano e o fato de eu ter trabalhado pra inserir essa pauta surtiu efeito nesse médio prazo. Eu venho de uma experiência ampla de luta pelos Direitos Humanos, o ativismo faz parte do meu currículo, também tenho engajamento com a questão afro-descendente, que não se limita ao combate ao racismo, mas também em defesa das religiões de matriz africana. A minha inserção com estas lutas facilitou a inserção da questão LGBT.

O foco do seu mandato é a questão LGBT?
Se você for pesquisar as proposições legislativas do meu mandato, vai observar que há proposições legislativas sobre educação e LGBT não tem nenhuma. Isso porque a proposição carro chefe da comunidade LGBT é o PLC 122/06, que não está comigo a relatoria, mas sim no senado [com a senadora Marta Suplicy (PT-)]. Eu sou um apoiador indireto do PLC, eu discuto a matéria sem mesmo ser relator e autor e mesmo que neste momento o projeto não esteja na Câmara dos Deputados Federais. E a outra proposição legislativa que também é importante pra a comunidade é a PEC do Casamento Civil Igualitário, mas a PEC ainda não foi protocolada porque eu ainda não consegui ter assinaturas suficientes. Ainda estou na batalha pelas assinaturas, mas já levantei o debate, já tem um site que está no ar, já tem uma campanha que está no ar e a partir do ano que vem essa campanha ganha outro corpo, porque artistas vão participar e os vídeos vão começar a ser divulgados. Será uma campanha ampla pela sociedade, conseguimos parcerias importantes para pautar a sociedade corretamente.

Como você reagiu frente ao veto do governo federal ao Kit Escola Sem Homofobia?
Foi um absurdo a Dilma ter suspendido o Kit. A voz que se levantou foi a minha. Eu fui e lá e disse: “é um equívoco a suspensão do projeto e é um equívoco a sua frase [a presidente Dilma declarou que o seu governo não faria promoção de nenhuma opção sexual (sic)]”. Não existe opção sexual. Será que o setor nacional LGBT do PT não foi capaz de pautar corretamente a presidente e dizer que o termo “opção sexual” é uma agressão a nós homossexuais, pois não se trata de optar? Enfim, a maneira como ela suspendeu o Kit e a frase dita foi muito ruim para todos nós da comunidade.

Acredita que o Kit Escola Sem Homofobia volta para pauta do Congresso Nacional?
Eu acho que volta. A gente não vai avançar na cidadania LGBT se a gente não dialogar com as bancadas conservadoras, isso é um fato. Agora, dialogar com a bancada conservadora não significa ceder e nem ser subserviente a bancada conservadora. E olha, eu votei convicto na Dilma no segundo turno e quando se iniciou aquela campanha difamatória contra ela eu saí em defesa dela e isso não sendo do PT. Então eu esperava que no primeiro ano do governo dela, que é o ano que o presidente pode tomar medidas impopulares porque ele tem três anos para recuperar, ela fosse mais ousada. Mas ela não foi. Ela cedeu muito fácil a pressão da área conservadora e isso é subserviência e eu sou contra a subserviência, mas sou a favor do diálogo. E nós vimos com a aprovação do Estatuto da Juventude de que não há avanço da cidadania LGBT sem o diálogo.

O que você acha das críticas que dizem o casamento igualitário ser uma luta burguesa?
A Judith Butler (filósofa queer), se colocou a favor do matrimônio igualitário e contra todos os ataques de que o matrimônio igualitário reforça as estruturas burguesas. Não é isso que está em jogo, é o direito, o Estado de Direito ao qual nós não temos acesso, nós somos cidadãos menores.

O que você achou do texto aprovado para o Estatuto da Juventude?
Algumas pessoas apressadamente e desinformadamente disseram que o projeto aprovado era pior, eu posso dizer categoricamente que não é verdade. No projeto original tinha um ponto que havia uma brecha para as terapias de cura fossem feitas pela igreja e com parceria do Estado. Quando eu li isso, na véspera da votação, e eu pensei “meu deus, isso aqui não pode ser aprovado de jeito nenhum”. Aí liguei imediatamente para a Manuela D’Ávila (deputada federal pelo PCdoB e relatora do Estatuto da Juventude) e disse a ela que nós tínhamos que tirar aquilo do projeto. Então tivemos um diálogo muito duro com a bancada evangélica, troca de frases contundentes, mas, ao fim, conseguimos chegar a um entendimento. A bancada evangélica é dividida, por incrível que pareça: nós temos aqueles que são os mais conservadores e que são liderados por Anthony Garotinho (PR-RJ) e Marcos Feliciano (PSC-SP), com quem não temos diálogo. Mas nós conseguimos apoiadores importantes da bancada evangélica que dialogaram com a gente.

O Estatuto da Juventude é a primeira política pública aprovada com o termo LGBT.
Sim, isso é verdade. Nesse marco regulatório está reconhecida a diversidade sexual e o termo orientação sexual também está presente, ou seja, a juventude tem de ser considerada na sua diversidade. Na última pesquisa do Ministério da Saúde ficou claro que os jovens LGBT voltaram a ser foco do HIV, e por que isso acontece? Porque o jovem LGBT não tem direito ao seu corpo, esse direito lhe é negado, eles não têm o direito a vivenciar o afeto e ele não vêem o afeto deles representado na TV, na publicidade e passam a viver uma sexualidade clandestina que os expõem a infecção.

O seu mandato é um dos mais bem avaliados e lembrados hoje em dia, e o mais curioso é que o seu trabalho tem sido bem visto por grande parcela heterossexual da população. Você esperava por isso?
Esperava. Posso garantir que dos meus poucos 13 mil votos que me deram o segundo lugar entre os candidatos do PSOL, 80% vieram de heterossexuais. Mas acredito que isso vai mudar e hoje os gays estão me vendo como um bom representante. Vou usar uma metáfora. As minhas ações estavam em baixa e as pessoas não queriam apostar nessas ações, houve um grupo que apostou e agora podemos dizer que as minhas ações estão em alta e por isso as pessoas perceberam: esse cara me representa, representa os meus interesses, as minhas angustias, está batalhando e, portanto, eu vou votar nele nas próximas eleições.

Você foi capa da revista Rolling Stones, vai receber o prêmio da revsita Trip, esteve no Vídeo Music Brasil da MTV, você se considera um parlamentar pop?
Eu tenho característica pop (risos) e isso se dá muito porque eu participei de um reality show. O fato é que eu tenho uma história de vida muito inusitada: sou um menino que nasce na miséria, passei toda a minha a infância na pobreza, fiz mobilidade social graças a educação, fui do movimento da igreja (Pastoral), depois ingresso no movimento gay de Salvador, depois me torno jornalista e professor, vou para um reality show...

E ganha o reality show.
É, tenho uma trajetória de vida muito interessante e que tem um apelo popular e acredito que isso despertou um interesse da juventude, que é muito cética em relação à política. Ela não gosta muito de ouvir falar da política, existe esse preconceito e o fato de eu ser pop, conhecido, fez com que as pessoas prestassem atenção na política. Gente que nunca acompanhou, está acompanhando o meu mandato. Isso é uma coisa que sinto pelo twitter, eles comentam os meus posts e dizem que aprendem comigo. Acredito que o meu mandato tem ajudado nisso, na conexão com a juventude. Entenderam que eu sou uma renovação na política e que faço um mandato sério.

O movimento gay brasileiro é conservador?
Não é que o movimento gay brasileiro seja conservador, não usaria essa palavra. Acredito que o movimento se contenta com pouco e se paralisa com esse pouco. E o fato do movimento ter relações muito íntimas com instâncias governamentais paralisa demais o movimento. Ele precisa ser movimento social e estar acima de governo e partido. Tem de ser independente.

Você considera o governo Dilma Rousseff pró – LGBT?
O governo Dilma ainda não disse a que veio em relação à causa LGBT. Admiro o trabalho da Maria do Rosário (Ministra dos Direitos Humanos) e vejo o esforço dela em tocar essa pauta.

Qual a sua opinião sobre as ações da ministra Maria do Rosário?
A Maria do Rosário é de fato uma parceira e tem tentado fazer um trabalho pró – LGBT, mas não basta a boa vontade dela, pois, a política do governo depende muito da relação com a base, que é conservadora, e por eu não ter nenhum compromisso com o atraso, e o meu partido (PSOL) não ser de direita e fazer uma oposição de esquerda, ou seja, não está aliado ao PSDB e nem ao DEM,eu tenho a liberdade para fazer crítica.

Tenho a impressão de que a Maria do Rosário é uma voz no deserto dentro do governo Dilma. O que você acha?
Eu também tenho essa impressão. Por isso eu louvo a resistência dela. Eu votei na Dilma convicto de que ela faria diferente e o que a gente entende é que o governo Lula fez mais, foi mais sensível, pegou a bandeira do movimento LGBT na abertura da I Conferência Nacional. Esperava que ela tivesse mais ousadia no enfrentamento com a base evangélica. E na ONU? Eu fiquei decepcionado, como é que ela não diz explicitamente sobre a questão LGBT? O Barack Obama disse com todas as letras. O assassinato de homossexuais é uma realidade concreta. A Dilma está muito medrosa com a sua base.

Ao longo do ano você recebeu várias ameaças, inclusiva de morte. Como você está em relação a isso? Sentiu medo?
Medo eu senti, não tem como não sentir medo quando você recebe uma ligação dizendo que você vai morrer. Mas apesar de sentir medo na hora em que recebi ameaça, no momento seguinte eu pensei: porra, não, tudo o que essa pessoa quer é isso, me paralisar. Então eu resolvi enfrentar. Tomei as providências e a Polícia Federal já está investigando.

Nessa legislatura teremos alguma lei LGBT aprovada?
Acredito que aprovamos o Casamento Civil Igualitário.

E o que te leva acreditar nisso?
A decisão do STJ (Superior Tribunal de Justiça), que está com quatro votos a favor a união civil igualitária. A votação foi suspensa, mas será retomada e acredito que será favorável. Também estamos fazendo uma campanha que inclui o pedido de diversos casais da conversão da união civil em casamento, mas a campanha vai levar o esclarecimento ao povo e isso vai ajudar. O PLC 122 eu acho difícil que a gente consiga aprovar nessa legislatura e ele depende da relatora (Marta Suplicy), que neste momento está dividida entre isso e a sua campanha para São Paulo. Mas se a gente conseguir aprovar o Casamento Civil Igualitário será do caralho, vai ser um baque cultural no sistema falocêntrico e machista.

Visto no: A Capa

13 dezembro 2011


Considerada como a droga mais vendida do mundo, o grupo das bebidas alcóolicas são hoje sinônimos de problemas sociais e, sobretudo de saúde pública. Geralmente consumidas sem moderação, elas são responsáveis pelo crescimento da mortalidade em diversos âmbitos: dentro de casa, com a fermentação da violência entre seus membros; no surgimento de doenças decorrentes do consumo excessivo de bebidas, como cirroses, canceres, úlceras e problemas gastrointestinais; e, principalmente no trânsito, este considerado como o principal vilão entre aqueles condutores imprudentes que resolvem dirigir com altos teores de álcool no sangue. No entanto, no Brasil, tal cenário de destruição levanta certos questionamentos sobre quem seria o culpado pelo crescimento do consumo de álcool de forma deliberada entre pessoas de faixas etárias diversas. Ou seja, a culpa não reside apenas numa figura especifica, mas sim em várias entidades que direta ou indiretamente, contribuem para esse perigoso fenômeno social.
 
O consumo cada vez maior de bebidas alcoólicas retrata uma dura realidade vivenciada pela sociedade por aqui: o brasileiro está bebendo mais e muito mais cedo do que o permitido. Isto tem acontecido por diversas razões, porém, a permissividade familiar e a imposição social podem ser pontuadas como as principais delas. A primeira ocorre geralmente com a exposição das figuras paternas ainda no ambiente do lar. Jovens, então, apoiam-se no modelo de comportamento dos pais para iniciar precocemente uma vida entre as bebidas. E, a segunda, é o apelo controverso da mídia em expor corpos esculturais de homens e mulheres consumindo cervejas, vodcas, vinhos e energéticos como uma forma impositiva de inclusão, um padrão falso de felicidade que tem atraído muitas pessoas para um caminho, muitas vezes sem volta.
 
Tal realidade tem contribuído para a destruição de lares de diversas pessoas em situações socioeconômicas também variadas. Isto porque, o consumo exagerado de bebidas é um dos maiores propagadores da violência no país. E não são necessárias estatísticas concretas para evidenciar isso. Cotidianamente crimes domésticos, nos quais homens agridem e matam suas esposas e filhos, tornam-se comuns. Além disso, outro bom exemplo está nas estradas, uma vez que o trânsito brasileiro luta para diminuir os índices de imprudência que resultam em inúmeras mortes por aqui. São tantos acidentes motivados por motoristas embriagados que foi preciso à criação de uma lei para coibir os excessos de motoristas irresponsáveis, a tão temida “Lei Seca”.
 
O governo também tem a sua parcela de culpa nesse quadro, uma vez que falta uma postura mais enérgica por parte dele no que se refere à coerção midiática, sobretudo em comerciais e novelas, onde pessoas farram, embriagam-se, com tanta naturalidade e em horários diversos, expondo um padrão de vida nocivo e alienatório, sobretudo para os jovens que estão em processo de maturação. Os representantes do povo não podem se limitar a Lei Seca, como única fórmula de proibição, mas sim criar uma ampla conscientização, sobretudo entre os adolescentes, para semear entre eles a importância de não se envolver tão precocemente entre as bebidas alcóolicas.
 
O tempo em que o consumo social de um “drink” numa mesa de bar, após um longo dia de trabalho, já não existe mais. Hoje, as pessoas não se contentam apenas com alguns goles, mas sim com litros e litros de garrafas das mais variadas possíveis. Essa ingestão exacerbada tem contribuído para a proliferação de grandes problemas sociais, como a iniciação cada vez mais precoce de jovens a essas drogas lícitas, o aumento da violência doméstica e o crescimento da mortalidade no trânsito. Tal realidade é fruto da problemática do alcoolismo, a qual não é de responsabilidade particular, mas sim da coletividade social. Desde o lar, onde os adultos servem de referência negativa para as futuras gerações; do governo, em não criar campanhas educativas mais eficazes entre os brasileiros; até a sociedade que por sua vez constroi uma aura pseudobenefíca em torno do consumo de bebidas alcóolicas. Todos são culpados, mas todos podem se unir para reverter essa realidade e tirar a população da embriaguez que estão.

Brasília – Em 2012, a Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) vai lançar um documento com orientações a governos de todo o mundo para o enfrentamento da homofobia em ambiente escolar. O bullying contra estudantes LGBTs (lésbicas, gays, bissexuais, transgêneros e transexuais) foi tema de uma reunião promovida pela entidade esta semana no Rio de Janeiro, com a presença de especialistas de 25 países.

Os participantes conheceram experiências de combate ao problema desenvolvidas por diferentes países e houve o consenso de que a homofobia prejudica o desempenho de alunos homossexuais e muitas vezes leva a uma trajetória escolar interrompida, já que o jovem acaba desistindo de estudar por causa das agressões sofridas. Entre as principais recomendações que vão constar no documento estão a formulação de políticas específicas para atender esse público, o treinamento de professores para lidar com a questão e a produção de materiais de combate ao preconceito contra homossexuais nas escolas.

Nesta semana, durante evento em Nova York, o secretário-geral das Nações Unidas, Ban Ki-moon, disse que o bullying contra crianças e jovens homossexuais é um problema que ocorre em escolas de todas as partes do mundo. “Ele afeta os jovens durante todo o caminho para a vida adulta, causando enorme e desnecessário sofrimento. Crianças intimidadas podem entrar em depressão e abandonar a escola. Algumas são até mesmo levadas ao suicídio. Isso é um ultraje moral, uma grave violação dos direitos humanos, além de ser uma crise de saúde pública”, defendeu.

Segundo dados divulgados pela Unesco, nos Estados Unidos, mais de 90% dos estudantes LGBTs dizem ter sido vítimas de assédio homofóbico. Na Nova Zelândia, 98% dos homossexuais contam que já foram abusadas verbal ou fisicamente na escola. Pesquisa realizada em 2009 pela Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade da Universidade de São Paulo (FEA-USP) apontou que no Brasil 87% da comunidade escolar – sejam alunos, pais, professores ou servidores – têm algum grau de preconceito contra homossexuais.

O Ministério da Educação (MEC) estava preparando um kit contra a homofobia que seria distribuído em escolas de ensino médio. O material continha vídeos e cartilhas elaboradas por entidades que defendem os direitos da população LGBT. A produção do material, entretanto, foi suspensa pelo governo após reclamações de parlamentares da bancada religiosa sobre o seu conteúdo, que também desagradou à presidenta Dilma Rousseff.

Visto no: EXAME.com