02 janeiro 2012

Os Desafios atuais da Educação Infantil e da Qualificação dos seus Profissionais: onde a Prática e o Discurso se encontram?


Como se sabe, na infância é construído as primeiras bases da aprendizagem humana. Nela a criança aprende e depreende sobre a realidade circundante, acumulando conhecimentos de várias áreas e de maneiras diversas, num processo de absorção crucial para a sua formação enquanto individuo pensante. Nesse período, a presença de segmentos sociais é determinante para a consolidação desse processo, desde a família, elemento chave nesse curso de evolução infantil, e da escola, responsável pela adequação desses infantes ao mundo exterior. Esta última instância, no entanto, luta há anos para adotar métodos educacionais que preparem de forma eficaz os pequenos, porém, está tarefa não é exercida com total maestria, uma vez que a rota entre as teorias pedagógicas e a prática da docência muitas vezes não se encontram. Isso se dá por inúmeros fatores, mas, o principal é que a educação como um todo, no Brasil, ainda não é priorizada como deveria.
 
Melhorar a qualidade do ensino, essa é uma das muitas atribuições dadas às teorias pedagógicas que vão desde a escola Tradicionalista até o modelo revolucionário de Paulo Freire. No geral, essas tendências exercem o papel de melhorar o ensino-aprendizagem e assim ampliar as chances dos alunos de serem realmente educados. Como muitos educadores fazem questão de ressaltar, não existe teoria x ou y que seja mais eficaz do que outra. O que existem são contextos diferentes em que elas podem ser usadas, juntas ou separadas, para possibilitar a execução de um trabalho contundente com os alunos. Contudo, muitos desses métodos esbarram na fadada máquina pública que não preparam seres pensantes, mas sim máquinas que irão reproduzir e perpetuar esse sistema tecnicista de compra e venda que o capitalismo fincou na nossa cultura. Ou seja, a real função de educar, de criar seres autônomos, como bem desejou Paulo Freire, já não existe. O que há é uma educação focada em preparar pessoas para simplesmente ganhar dinheiro, alimentando a fome voraz do consumismo.
A verdade é que, por um lado, o país tem investido massiçamente em educação. São mais escolas sendo construídas, em locais onde a educação tardou a chegar. Consequentemente mais profissionais estão sendo contratados para suprir essa demanda. E o bom de tudo isso é que mais crianças estão tendo a oportunidade de trilhar um caminho menos obscuro, ganhando a chance de obter um futuro mais promissor. Entretanto, por outro lado, esse mesmo país, que investe tanto na educação, não investe também na fiscalização desse educar. Ou seja, não adianta apenas aumentar a oferta financeira se não há como fiscalizar o trabalho exercido pelo corpo docente e o aprendizado das crianças. Dai vem à necessidade de acompanhar o método do qual os profissionais da educação estão utilizando em sala de aula. Qual é a perspectiva educacional de cada professor? Qual a tendência pedagógica utilizada por ele? De que forma ele consegue contornar as adversidades cotidianas dentro do ambiente escolar?




Essas indagações devem ser respondidas à luz da vivência de todos os integrantes da escola. Não se pode limitar o olhar para livros paradigmáticos e teorias utópicas, se na realidade não há um trabalho de contextualização do que é aprendido pelo professor. A educação brasileira deve sair desse cenário de ilusão do qual os protagonistas são os belos métodos que dizem incluir, revolucionar e transformar o caos existente neste modelo pseudoeducativo, no qual muitas das nossas crianças estão inseridas. E a educação infantil não pode ser vista como mera coadjuvante, mas sim como estrela principal do palco da mudança. Para isso, os professores devem cumprir com o seu papel e não apenas esperar do governo providências milagrosas. Se nada foi feito antes por eles, cabe aos educadores o exercício da mudança, mesmo que de forma lenta e gradual. Se o educar é uma tarefa cada vez mais difícil a culpa não é só do governo, mas da permissividade familiar e da falta de comprometimento de alguns profissionais. Logo, teorias e práticas só terão um real encontro quando as mentiras que rodeiam o círculo educacional forem realmente desfeitas.

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