25 março 2012


Encontrar respostas no sobrenatural para justificar as próprias inquietações sempre fez parte da personalidade humana. O homem sentiu e ainda sente a necessidade de buscar entidades representativas, para fugir dos temores terrenos, das moléstias sociais e de tudo o que for “mal”, pois há uma cultura inerentemente mística que tenta prolongar a nossa vida num plano além do físico. Plano este que com o fenecimento da carne, a alma irá encontrar um caminho de luz, uma espécie de nova vida, dependendo da designação e dos dogmas existentes nas infínderas religiões. De fato, tal misticismo contribuiu para o surgimento, evolução e, sobretudo proliferação de inúmeros segmentos religiosos por todo o planeta. Fenômeno este que deveria ser visto como algo positivo, uma vez que a meta de muitas religiões é transcender a matéria com preceitos fincados no amor, na esperança e numa vida sustentada na fé.

No entanto, o crescimento da adoração em algumas culturas acabou criando embates qualitativos entre religiões ao ponto de classificá-las como “boas” ou “más”. Esta rivalidade maniqueísta, no Brasil, por exemplo, com a conhecida introdução histórica do Cristianismo no período da colonização, resultou na dizimação dos índios e com eles a autenticidade religiosa do nosso país. Esse evento talvez tenha contribuído para o surgimento da intolerância religiosa, a qual tenta enquadrar um padrão de fé baseado nos preceitos da Cristandade, como se apenas ela levasse a plena salvação da alma e fosse o único caminho correto para a elevação espiritual. Esta forma estagnada de pensar, infelizmente até hoje disseminada, fez com que outras manifestações religiosas fossem discriminadas por aqui, ou seja, vistas como transgressoras.

Isto porque o Deus que é muitas vezes louvado por aqui não é Aquele ser celeste, preocupado com as fragilidades humanas, mas sim um ser institucionalizado, fragmentado nos luxuosos templos e nas figuras que discursam o Seu nome. Essa inversão de valores vem contribuindo para inversão da fé. Ontem, hoje e talvez durante muito tempo ainda, quem quiser garantir o seu lugar no “céu” deve seguir regras para que a sua vaga não seja ocupada. Estar envolto as paredes das sinagogas, frequentar assiduamente os cultos religiosos e seguir o discurso eivado de ideologia de padres, pastores ou de qualquer outra figura representativa nesse sentido, estão nos pré-requisitos para que o indivíduo tenha a sua salvação consolidada. Ora, penso que adorar a Deus, seja Ele o cristão ou a entidade máxima do Candomblé, não deve ser confundido com a adoração de templos, nem tão pouco de seus membros.

Por causa dessa distorção, cresce no país o número de templos de “adoração” ao senhor. Neles, seguidores lotam os cultos, mas poucos estão preocupados em perpetuar a amor divino, já que a maioria está ali para julgar o próximo e condenar o diferente. Na verdade, as igrejas de hoje não tem angariado fieis comprometidos com a filosofia de Deus, mas sim recrutado soldados de Cristo. Pessoas cegas, ludibriadas por discursos de salvação que acabam sendo hipnotizadas, ao ponto de cometerem qualquer ato em nome de uma fé falsa. Nessa linha de raciocínio, acredito que as igrejas atualmente se tornaram grandes redes sociais, muito similares àquelas que se fertilizam no adubado terreno virtual. Essa comparação é facilmente ratificada se analisarmos o latente crescimento dos espaços religiosos ao longo dos últimos anos. Com inúmeras sucursais espalhadas pelos quatro cantos do Brasil, as igrejas se tornaram grandes empresas, com templos imponentes dignos dos grandes castelos da era medieval.

Tanta pompa com o dinheiro da “louvação” do povo não ficou restrito apenas a essas construções. Escândalos envolvendo sonegação fiscal, compra de bens de consumo (casas, carros, fazenda etc.) e enriquecimento ilícito, estão nas frequentes manchetes das quais a fé da população é usada como instrumento de extorsão. E, muitas vezes, mesmo depois de comprovada a fraude, não há uma punição severa para quem comete esse tipo de crime, uma vez que a nossa sociedade tem uma relação muito doentia com a religião, fazendo com que certas atrocidades não sejam devidamente punidas. Nesse ritmo, inevitavelmente estaremos caminhando para uma neoinquisição. Fato este que já é contundente na política nacional, esta que os religiosos usam como instrumento para propagar ideologias severas e, geralmente munidas com um discurso de intolerância. O que soa paradoxal, já que o papel da religião é justamente unir as pessoas numa corrente de comunhão com o divino e não usar as escrituras sagradas para semear a segregação entre os humanos.

A fé não precisa de espaços físicos para ser manifestada. Nem tão pouco de pessoas fundamentalistas que se utilizam da palavra divina para distorcer a realidade. A fé não é encontrada nas paredes das grandes igrejas, nem nos calorosos discursos dos “emissários” de Deus. Ela é encontrada no interior de cada pessoa. Na parte mais subjetiva de cada um que fica responsável por achar respostas para as mais complexas inquietações da vida. Ela se manifesta naquilo que acreditamos ser positivo para si e para os demais. Então, baseado nisso, eu não preciso de igreja alguma para crer em Deus, nem tão pouco necessito dela para realizar boas ações. O meu Deus não é uma instituição, mas sim algo vivo, pulsante. Ele me acorda de manhã, com a força calorosa do sol. Ele me alimenta e sacia a minha sede. Ele me faz respirar, articular palavras e, principalmente pensar. E no final do dia Ele me concede a chance de descansar para no outro dia recomeçar. Esse sim é o meu Deus que se faz presente diariamente na minha vida, o qual eu não preciso de religião para adorá-Lo, porque com a minha fé Ele sempre se faz presente, e o melhor, de forma gratuita.
Tenho um amigo que sempre brinca, para não enlouquecer diante das situações difíceis, dizendo: "para baixo não tem limite". Às vezes tendo a me convencer de que ele tem razão, principalmente quando ouço os absurdos que tem sido ditos em relação ao famoso "Kit Gay" que quase ninguém viu, nem mesmo a própria presidenta, que já disse ser contra. Além de Dilma, quem mais acredita e defende a avaliação "imparcial" da bancada evangélica sobre os materiais educativos com temas da sexualidade e do gênero criados por especialistas e o movimento social voltado à diversidade sexual?

Quem a superou foi o Aloízio Mercadante, atual responsável pelo Ministério da Educação. Com uma cara de pau assustadora, afirmou que homofobia não se resolve com material educativo nas escolas. Sem dizer o que solucionaria tal problema, essa sua resposta foi um claro posicionamento político ao lado daqueles que tem sido apontados como os mais homofóbicos: políticos que compõe as bancadas evangélicas e católicas deste país.

Com certo medo, fico pensando o que então resolveria, para o nobre ministro, o problema da homofobia se não as ações focadas em educação. Como não é novidade para ninguém, esta violência (como tantas outras), está fundamentada na desinformação, nas pré-noções, na falta de acesso a outras verdades que não aquelas ultrapassadas, mas vigentes, que desqualificam a diversidade.

Visto no: A Capa
Ao ler sobre essa sua resposta quando questionado sobre a paralisação do projeto educativo contra a violência homofóbica nas escolas, lembrei-me do Mercadante nas ruas centrais aqui de Campinas (SP), pedindo voto em um dia ensolarado de alguns anos atrás. Com muita dedicação e esforço, ele buscava convencer as pessoas, via a educação/informação cara a cara, de que não se podia ter preconceito com o partido dele, que deveriam conhecer para poder eleger. Será que ele também vai dizer que a educação/informação não ajuda a resolver o problema de termos eleito tanta gente ruim por aí?

Evidentemente que a homofobia não vai ser totalmente exterminada com materiais educativos, ainda que muito bem formulados. Mas, é de igual verdade que ela tende a aumentar se as pessoas não tiverem acesso à informação de qualidade. Basta olhar para o movimento feminista e o movimento negro. Se não estamos em realidades ainda mais machistas e racistas, foi pela incansável investida na formação de pessoas mais bem informadas, politizadas. Por isso que hoje há uma tendência geral em não discriminar certas diferenças.

Evidentemente que leis específicas também ajudaram a diminuir as agressões contra mulheres e pessoas negras, mas não foi a criminalização do preconceito a responsável pelas grandes mudanças. A educação, por mais que muitos duvidem, é uma arma mais poderosa do que a ameaça da prisão. E aqui temos que entender a educação produzida na escola, e também a construída em tantos outros lugares da sociedade.

Ministro, não há dúvidas que precisamos estudar a questão da homofobia, como disse quando tentou minimizar o seu infeliz posicionamento em não defender os materiais educativos em questão. Então, porque você não vai se informar sobre as pesquisas já realizadas? O material educativo guardado em suas gavetas, aquele vetado pela presidenta, só existe porque pesquisas há anos são realizadas no Brasil, seja pelo movimento social ou por instâncias acadêmicas (ou pelos dois juntos). Estes estudos afirmam que se aprende a agredir viado dentro da escola. As travestis estão aí para comprovar que dados científicos ganham vida a partir do sofrimento delas.

Uma dessas pesquisas, patrocinada com verba pública que envolveu também apoio do seu ministério, diz o seguinte: "As consequências da homofobia são muito prejudiciais para adolescentes LGBT e inclui tristeza, baixa autoestima, isolamento, violência, abandono escolar e até o suicídio". Esta constatação foi levantada junto a escolas públicas municipais e estaduais de onze estados brasileiros, em uma pesquisa inédita no país, cujos dados foram divulgados no ano passado. Eles podem ser conferidos no site da Reprolatina.

A gravidade da questão é que foi comprovado o que quase todo mudo com certa sensibilidade e inteligência já sabia: homofobia mata. Além disso, professores assumiram que não têm informação suficiente para abordar o tema. Por outro lado, estudantes têm a percepção de que o preconceito é muito presente na escola. Ambos concordam com o fato de que esse problema se resolveria (ou começaria a ser resolvido) no âmbito da educação, com mais informações.

Então, ministro, será que esses dados já não te dão algumas pistas para a ação? Eles já não te ajudam a cumprir com o seu papel? Ou você vai querer nos convencer de que não se converteu aos apelos (via os conchavos políticos) dos católicos e evangélicos homofóbicos? Entendemos errado, ou você está atuando em prol de valores que em nada cumprem com a demanda da laicidade do Estado brasileiro?

Ah, e antes que eu me esqueça, quando voltar a Campinas e for caminhar pelas ruas aqui do centro, procure ser mais franco e direto sobre os seus posicionamentos do que nos últimos dias. Não subestime a nossa inteligência. Assuma de que lado você está, ainda que isso possa parecer vergonhoso diante da história de luta do movimento social desse país. Assim, sendo mais honesto, ajudará também a diminuir o preconceito contra os políticos. Ou teremos que produzir pesquisas para comprovar que vocês não estão em alta?

*Tiago Duque é sociólogo e tem experiência como educador em diferentes áreas, desde a formação de professores à educação social de rua. Milita no Identidade - Grupo de Luta Pela Diversidade Sexual. Gosta de pensar e agir com quem quer fazer algo de novo, em busca de um outro mundo possível.


Da Super Abril

No caso, a constatação de um estudo lá da Universidade de Georgia, nos EUA. Tudo bem, a pesquisa é de 15 anos atrás, mas, em vista de toda a discussão que tem rolado a respeito do casamento igualitário, da criminalização da homofobia e por aí vai, comentá-la ainda é relevante. “A homofobia está aparentemente associada à excitação homossexual“, apontam os pesquisadores, “que o indivíduo homofóbico desconhece ou nega“.

Antes de tudo, os especialistas perguntaram a homens heterossexuais o quão confortáveis eles se sentiam ao redor de homens gays. Com base nesses resultados, dividiram os voluntários em dois grupos: os que exibiam sinais de homofobia (com 35 participantes) e os definitivamente não-homofóbicos (neste, eram 29, no total). Aí começou o teste.

Todos os homens foram colocados em salinhas privativas para assistir a vídeos “quentes”, de quatro minutos cada: um mostrava cenas de sexo entre um homem e uma mulher; outro, entre duas mulheres; e o último, entre dois homens. Enquanto a sessão se desenrolava, um aparelho, ligado ao pênis de cada participante, media o nível de excitação sexual de cada um. A engenhoca, segundo os cientistas, era capaz de identificar a excitação sexual sem confundi-la com outros tipos de excitação (como nervosismo ou medo).

Eis os resultados: enquanto assistiam aos vídeos de sexo heterossexual ou lésbico, tanto o grupo homofóbico quanto o não-homofóbico tiveram “aumento da circunferência do pênis”. Em outras palavras, gostaram do que viram. Mas durante o filminho gay “apenas o grupo homofóbico exibiu sinais de excitação sexual“, afirma o estudo. Pois é, eles até disseram que preferiam manter distância dos gays. Mas, opa, seus pênis contaram outra história.

Quer conferir o estudo completo? Dá uma olhada aqui.

E vocês, o que acham disso? Lembrando que essa é uma constatação puramente científica, despida de qualquer viés político, hein, gente?

Visto no: Gay 1



Pensa Em Mim

Cheiro De Amor



Inspiração dos meus sonhos, não quero acordar
Quero ficar só contigo não vou poder voar
Pra que parar pra refletir se meu reflexo é você
Aprendendo uma só vida, compartilhando prazer

Por que parece que na hora não vou aguentar
Se eu sempre tive força e nunca parei de lutar
Como num filme, no final tudo vai dar certo
Quem foi que disse que pra ta junto precisa ta perto?

Pensa em mim
Que eu to pensando em você
E me diz
O que eu quero te dizer
Vem pra cá, pra ver que juntos estamos
E te falar
Mais uma vez que te amo

O tempo que passamos juntos vai ficar pra sempre
Intimidades, brincadeiras só a gente entende
Pra quem falar que namorar é perder tempo eu digo:
A muito tempo eu não crescia o que eu cresci contigo

Juntos no balanço da rede, sob o céu estrelado
Sempre acontece, o tempo para quando eu to do seu lado
A noite chega, eu fecho os olhos e é você quem vejo
Como eu queria estar contigo, eu paro e faço um desejo

Pensa em mim
Que eu to pensando em você
E me diz
O que eu quero te dizer
Vem pra cá, pra eu ver que juntos estamos
E te falar
Mais uma vez que te amo

Mais uma vez que te amo...

13 março 2012


Quando eu era inocente, minha mãe me chamava de manhã para tomar café. Como num ritual, eu levantava, tomava meu banho e me encaminhava para a mesa. Comia o que podia, ou o que Deus tinha reservado para aquela manhã. Para isso, meus pais, muitas vezes, tinham deixado a própria fome morrer para saciar a minha, num sacrifício que eu reconhecia, mas não sabia como recompensar. Então, seguia para o colégio alimentado, como um amuleto de esperança recarregado que no futuro seria utilizado para retribuir todo o zelo de minha mãe e do meu pai.
 
Hoje que perdi a inocência, vejo que o meu passado humilde era cheio de luxo, pois crianças iguais a mim vivem numa extrema miséria, sem a certeza se iriam comer algo ao acordar. Seus pais não são muito diferentes dos meus, porém a desilusão tomou conta das suas almas. Seus filhos, diferente de mim, não foram para o colégio aprender e lutar por um futuro melhor, mas sim para ruas vender a infância por migalhas em forma de moedas. Talvez eles conseguissem o alimento do dia, talvez não.
 
Quando eu era inocente, não costumava me preocupar com nada, apenas com as minhas tarefas escolares. Depois disso, eu tinha o dia inteiro para brincar com os meus colegas na rua. Era tão bom jogar futebol nos descampados, empinar pipas no ar e fazer traquinagens típicas daquela fase da vida. Roubar frutas na casa do vizinho também fazia parte da diversão. Como também os passeios nos parques, ver os animais nos zoológicos e deixar a pele despelar depois de um bom dia de praia em família.
 
Hoje que perdi a inocência, percebo que brinquei demais, enquanto outras crianças como eu não tiveram tempo para isso. Elas estavam trabalhando para sustentar a família, carregando nas costas a penitência de uma vida dura, a qual não lhes deu a chance de optar por um destino melhor. Enquanto eu roubava frutos, eles roubam carteiras e assaltam pessoas desatentas para sobreviver. Enquanto eu passeava, eles faziam longas caminhadas em direção ao nada, que no fim tinha o sentido de tudo.
 
Quando eu era inocente, eu consegui terminar o colegial e ingressar na universidade. Para uma família pobre isso é uma conquista indescritível. É a única possibilidade de um morador da periferia ter um futuro melhor. Com muita dificuldade, consegui me formar depois de alguns anos, fato este que deixou meus pais muito orgulhosos. Sai dessa fase confiante, com a certeza de que conseguiria um emprego na minha tão sonhada área e, consequentemente retribuiria todo o esforço dos meus pais.
 
Hoje que perdi a inocência, me entristeço ao ver jovens da minha idade sem nenhuma perspectiva de futuro. Eles não sabem ler nem escrever. Não foram agraciados com o estudo, estavam ocupados demais na marginalidade, a qual captura as pessoas, como eles, esquecidas pela sociedade. Eles tiveram a esperança roubada. Seus sonhos foram destruídos pela fome, miséria, pelo descaso e, principalmente pelo esquecimento.
 
Quando eu era inocente, resolvi exercer o meu poder de cidadão no período eleitoral. Investiguei cada candidato. Pesquisei seus antecedentes para não desperdiçar o meu tão precioso voto. Fui bastante cauteloso, pois queria acreditar que a minha postura poderia solucionar a vida de muita gente que, como eu, era humilde e dependia desses representantes para transformar o país.
 
Hoje que perdi a inocência, vejo que tudo foi em vão. Os políticos que eu escolhi não cumpriram o seu papel. Pelo contrário, roubaram o nosso dinheiro e continuam soltos realizando falcatruas cada vez maiores. Consequentemente, o povo que eu queria ajudar continua na mesma. Sem educação, segurança e saúde de qualidade. Continuam passando fome e mendigando pão.
 
Quando eu era inocente, eu acreditava num mundo sem violência, onde as pessoas pudessem se respeitar mutuamente. Uma terra onde ninguém seria separado por classe social ou etnia. Não existiria diferença religiosa nem de condição sexual. As pessoas conviviam em paz com o diferente, pois ser desigual era uma dádiva, um presente que Deus, enquanto representante máximo da natureza, tinha nos ofertado.
 
Hoje que perdi a inocência, vejo que meu desejo não passava de um devaneio. As maiores violências da sociedade surgem das divergências. As pessoas não se entendem e não se aceitam. Etnias lutam entre si para provarem que existe uma melhor do que a outra. Muitas religiões perderam a sua ideologia de fé e amor e se venderam por dinheiro a falsos dogmas, os quais não pregam mais a união, mas a destruição e a desarmonia entre as pessoas.
 
Quando eu era inocente, ser honesto, fazer o bem, respeitar as pessoas mais velhas e contemplar a preservada natureza, faziam parte de uma escala de boas ações que todos os indivíduos deveriam seguir. Lembro-me de ter plantado uma árvore na escola, de ter ajudado um velhinho a atravessar a rua e de evitar contar mentiras, pois minha mãe me ensinava que elas retornariam para mim de forma brutal.
 
Hoje que perdi a inocência, presencio pessoas fazendo o mal, conscientes ou não dos seus atos. Não se respeita mais a sabedoria dos mais velhos. Eles não são mais importantes, pois são para nós seres inúteis e incapacitados pelo tempo. A natureza não é mais espaço de preservação, mas de consumo, de destruição. E mentir não é mais algo errado, e sim uma prática crucial para se viver nesse mundo de banalidades, do qual eu cresci Quando eu era inocente...

Me Esqueci de Viver (Me Olvidé de Vivir)

José Augusto

De tanto correr pela vida sem rumo
Me esqueci que na vida se vive um momento
De tanto querer ser em tudo o primeiro
Esqueci de viver os detalhes pequenos
De tanto brincar com os meus sentimentos
Vivendo de aplausos, envolto em sonhos
De tanto cantar minhas canções ao vento
Já não sou como eu fui
Já não sei o que sinto

REFRÃO:
Me esqueci de viver
Me esqueci de viver

De tanto cantar ao amor e a vida
Eu fiquei sem amor uma noite de um dia
De tanto brincar com quem eu mais queria
Eu perdi sem querer o melhor que eu tinha
De tanto ocultar a verdade com mentiras
Enganei sem saber que era eu quem perdia
De tanto esperar o que eu nunca oferecia
Hoje eu vivo a chorar
O que eu sempre temia

De tanto correr prá roubar tempo ao tempo
Esquecendo até dos melhores amigos
De tanto lutar sem pensar no fracasso
Descobri sem querer
Que eu vivi sem motivo


A vida do ser humano é composta de fases. Já nos primeiros anos de vida somos inseridos numa sociedade de cobrança que a todo o momento espera uma postura nossa, a qual varia com o passar do tempo. Nesse caminho, alguns momentos são determinantes para a nossa formação social. Um deles, quiçá o principal, é a escolha da profissão. Isto porque ela se dá numa época turbulenta, conhecida pelos anseios, dúvidas e, sobretudo pelos temores, a tão impetuosa adolescência. Nela jovens são questionados sobre o rumo que darão a sua vida profissional, da qual refletirá categoricamente na pessoal. Neste instante o peso dessa responsabilidade é sentido e muitas escolhas acabam sendo feitas de forma equivocadas, fazendo com que profissionais, que poderiam ser brilhantes nas suas áreas, acabem se tornando figuras frustradas, por terem feito uma opção imatura.
 
Para muitos é complicado exigir que pessoas tão novas escolham precocemente a profissão definitiva da sua vida. Na verdade, falar num emprego eterno atualmente é muito controverso, visto que o advento da globalização tem exigido um perfil de trabalhador mais eclético, capaz de se adequar as várias facetas do mercado. Para entender, e depois se inserir nessa multiplicidade empregatícia, os jovens são submetidos a inúmeras provas, a mais conhecida, e temida, o vestibular. Nele o candidato não apenas terá seus conhecimentos testados, mas após isso ingressará numa instituição superior para se formar e sair preparado para atender, com qualidade, as exigências das grandes e pequenas empresas espalhadas pela sociedade. De forma dinâmica, esses pequenos adultos vão ter que enfrentar obstáculos de gente grande para se firmarem enquanto profissionais.
 
O mercado anda aquecido, dizem as grandes noticias sobre a economia que, como se sabe, vive uma época latente de progresso em várias partes do mundo. Com esse crescimento, as vagas de emprego proporcionalmente crescem também, exigindo cada vez mais mão de obra. Essa informação, por si só, já deveria ser suficiente para animar os jovens profissionais que estão prestes a ingressar no mercado de trabalho. No entanto, a ampla gama de opções acabou aumentando as dúvidas de muitos adolescentes ávidos por um emprego. Eles se veem divididos entre grandes cargos que oferecem remunerações vantajosas ou ter que escolher uma área da qual realmente tem afinidade. Em cima do muro, muitos recorrem aos conselhos de especialistas, dos quais afirmam que não adianta escolher um emprego apenas pelos altos salários. A satisfação pessoal deve estar em primeiro lugar.
 
Entretanto, a sociedade de consumo, a qual impõe um modelo de vida centrada na compra demasiada de bens, diz que o ideal é escolher carreiras que ofereçam bons salários, estes que poderão garantir um futuro mais promissor para o individuo que pretende constituir família e fazer uma carreira de sucesso. Tal opinião também é compartilhada por muitas famílias que esquecem a diferença entre impor e orientar. Elas geralmente são as principais influências na decisão tomada pelos jovens. Direta ou indiretamente, pais e familiares tentam direcionar seus filhos para rotas hereditárias de trabalho, as quais se baseiam em perpetuar uma herança profissional da família. Dai encontrarmos com facilidade exemplos de jovens que escolhem seguir a mesma profissão dos pais, a qual é escolhida não por vocação, mas sim por uma tradição que muitas vezes não é de foro intimo.
 
Essa postura, de certa forma, acaba afetando a individualidade humana, já que mesmo na juventude o individuo é capaz de optar pelo rumo da sua vida profissional. Contudo, o que ocorre é um mar de questionamentos, estes que ocupam os espaços de testes vocacionais a procura de solução. Logo, não é coerente interferir diretamente numa escolha que deve ser primordialmente realizada pelos jovens. Numa busca íntima, eles devem procurar cargos que possam unir a satisfação pessoal com uma boa remuneração salarial para que então a carreira seja realmente bem sucedida. Qualquer escolha, portanto, deve ser feita com muita calma e maturidade, para que uma opção errônea não forme profissionais frustrados e mal preparados.

Manuel Bandeira

Quando ontem adormeci
Na noite de São João
Havia alegria e rumor
Estrondos de bombas luzes de Bengala
Vozes cantigas e risos
Ao pé das fogueiras acesas.

No meio da noite despertei
Não ouvi mais vozes nem risos
Apenas balões
Passavam errantes
Silenciosamente
Apenas de vez em quando
O ruído de um bonde
Cortava o silêncio
Como um túnel.
Onde estavam os que há pouco
Dançavam
Cantavam
E riam
Ao pé das fogueiras acesas?
- Estavam todos dormindo
Estavam todos deitados
Dormindo
Profundamente.

*

Quando eu tinha seis anos
Não pude ver o fim da festa de São João
Porque adormeci

Hoje não ouço mais as vozes daquele tempo
Minha avó
Meu avô
Totônio Rodrigues
Tomásia
Rosa
Onde estão todos eles?

- Estão todos dormindo
Estão todos deitados
Dormindo
Profundamente.


A intolerância dos fundamentalistas da bancada evangélica se mostra cada vez mais ameaçadora e passível de qualquer manobra para desviar a atenção da sociedade de sua cortina de fumaças. Desta vez é o Projeto de Decreto de Lei (PDL) do deputado João Campos (PSDB/GO), líder da Frente Parlamentar Evangélica, que busca sustar a aplicação do parágrafo único do Art. 3º e o Art. 4º, da Resolução do Conselho Federal de Psicologia nº 1/99 de 23 de Março de 1999, que estabelece normas de atuação para os psicólogos em relação à questão da orientação sexual.

Não bastasse a inconstitucionalidade do projeto, que contraria os princípios fundamentais da Constituição Federal de 1988, a proposta vai contra todos os tratados internacionais de Direitos Humanos que têm como objetivo fundamental o direito à saúde, a não discriminação e a dignidade da pessoa humana, como a Declaração Universal dos Direitos Humanos, o Pacto Internacional sobre Direitos Civis e Políticos, a Convenção Americana sobre Direitos Humanos e o Pacto Internacional dos Direitos Econômicos, Sociais e Culturais, entre outros.

Com essa proposta, que busca legalizar a “cura gay”, o deputado, por convicções puramente religiosas, se considera no direito não só de ir contra os direitos humanos de milhões de cidadãos e cidadãs brasileiras, mas também de desconstruir um ponto pacífico entre toda uma comunidade científica: nem a homossexualidade, nem a heterossexualidade, e nem a bissexualidade são doenças, e sim uma forma natural de desenvolvimento sexual. São simplesmente diferentes e não há nenhuma dissidência quanto à isso. O argumento de que a homossexualidade pode ser curada é usado sem qualquer tipo de embasamento teórico ou científico e sempre por fanáticos religiosos que tem com o objetivo confundir a população.

O PDL do deputado – o mesmo da PEC n° 99 de 2011, ou a “PEC da Teocracia” que pretende que as “associações religiosas” possam “propor ação de inconstitucionalidade e ação declaratória de constitucionalidade de leis ou atos normativos, perante a Constituição Federal” – é, no mínimo, criminoso e vai também contra os direitos à saúde da população, pois sabemos que essas supostas terapias de “cura gay” nada mais são do que mecanismos de tortura que produzem efeitos psíquicos e físicos altamente danosos, que vão da destruição da auto-estima de um ser humano, até o suicídio de muitos jovens - como ocorreu recentemente nos Estados Unidos, onde mais um adolescente gay, de 14 anos, tirou sua própria vida apos ter sofrido assedio homofóbico na escola.

A tragédia ocorreu no Tennessee, estado dos EUA cujo Senado votava, há um ano, um projeto de lei que proibia professores de mencionar a homossexualidade em sala de aula e logo após outro adolescente gay do Tennessee, Jacob Rogers, tirar sua própria vida. Alguns dias antes, mais dois jovens norte-americanos também se suicidaram, depois de anos de sofrimento: Jeffrey Fehr, 18, e Eric James Borges, de 19 (este último cresceu em uma família fundamentalista cristã que inclusive tentou exorcizá-lo).

Há uma preocupante confusão na sociedade incitada por esse fundamentalismo religioso que precisa ser esclarecida antes que a saúde física e psíquica de mais jovens seja afetada: ao contrario da religião, a orientação sexual de um indivíduo não é uma opção. Se o Estado é laico – como o é o brasileiro desde 1980 – questões de cunho moral e místico não podem ser parâmetro nem para a elaboração das normas nem para o seu controle. Valores espirituais não podem ser impostos normativamente ao conjunto da população.

Como cidadão brasileiro homossexual e deputado federal que defende a causa de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transgêneros (LGBT), entre outras, farei de tudo, em parceria com a Frente Parlamentar Mista pela Cidadania LGBT e os parceiros e parceiras do mandato, para que essa Proposta de Decreto de Lei não seja mais uma proposta que viole o direito dos cidadãos e cidadãs brasileiras.

Jean Wyllys
Deputado Federal

04 março 2012


O homem de hoje carrega nas costas o peso do progresso. Constantemente obrigado a avançar, ele vive sob a responsabilidade de sempre fazer o melhor, de construir um futuro promissor para si e para os demais que o rodeiam. No entanto, essa função que lhe foi incumbida nem sempre é cumprida à risca, visto que as barreiras da globalização acabam impedindo que determinados problemas ganhem visibilidade e, consequentemente uma solução imediata. Na realidade, vivemos num modelo social procrastinado, ou seja, acostumando a adiar a resolução de assuntos importantes e supervalorizando a execução de outros que poderiam esperar de verdade. Nessa atitude bifurcada, a sociedade é guiada para dois caminhos: o da artificialidade, onde o faz de conta predomina e todos fingem que vivem bem e felizes. E, por outro lado, o do esquecimento, rota que nos leva aos nossos reais problemas, aqueles que insistimos em esquecer, ou mascarar, mas que estão vivos, pulsantes, como as batidas dos nossos corações, esperando apenas por uma solução definitiva.
 
O meio ambiente é o maior exemplo a ser citado a respeito dessa temática. Devastado pela fúria do progresso em várias partes do mundo, ele geralmente tem a solução dos seus problemas deixada de lado. Dito de outra maneira, nós não estamos verdadeiramente preocupados com o futuro do planeta e nem tão pouco intimidados com as previsões cataclísmicas dos renomados cientistas dessa área. Isto porque, caso houvesse uma real preocupação com o nosso hábitat, não sujaríamos ruas, nem poluiríamos o ar com a fumaça tóxica de carros e indústrias. Também não destruiríamos florestas, obrigando os que ali residem a viverem em pequenos redutos ou quando não expulsá-los desses ambientes, extinguindo animais que vão ampliar a já grande lista dos que são raros, e eliminando árvores que demorarão décadas para crescerem novamente.
 
Nesse rastro de destruição, o homem de hoje também tem posto de lado coisas valiosas como caráter e a honestidade. A política, por exemplo, segue seu curso de desonestidade e o pior, de descompromisso com as causas daqueles que investiram o voto em pessoas que se comprometeram em servir ao bem do povo. No Brasil essa nebulosa prática é popularmente conhecida como corrupção e já se tornou banalizada. Se isso, então, já é verídico, por que o povo não se mobilizou para reverter tal quadro? Porque, infelizmente estamos acostumados a esquecer das falhas cometidas por muitos políticos e deixar para depois a devida punição destes. Nisso uma grande bola de neve se formou e até hoje nada foi feito de verdade para detê-la. Tanto que, o povo que aqui reside, pode até não acreditar mais em certas promessas, mesmo assim, não são capazes de votar de forma consciente, no intuito de transformar esse humilhante cenário.
 
Disso, outras coisas cruciais para a vida em sociedade acabam sendo postergadas, porque lamentavelmente não há uma real intenção de mudança. O nosso tripé pode servir de exemplo para isso: educação, saúde e segurança. Incansavelmente devemos reiterar a importância dessas instâncias, pois são elas que regulam a normalidade da nossa vida em sociedade. Entretanto, adiamos as melhorias nesses serviços essências, quando não cobramos que os nossos representantes legais cumpram o seu papel de garantir que os nossos direitos sejam efetivamente realizados. Ou seja, escolas em maior quantidade, atendendo jovens e adultos de todo o país com qualidade e compromisso com o saber. Policiais estruturados para proteger o povo da criminalidade, esta fruto de uma nação desigual e mergulhada na violência. E espaços hospitalares dignos de atenderem pessoas, não esses prédios que estão em vigor, os quais o ambiente animalesco assustaria qualquer espécie irracional.
 
Diante de tanto descaso, o homem moderno vai adiando a solução dos problemas causados por ele para as futuras gerações. Logo, a nova sociedade que se formará, possivelmente receberá como herança um mundo poluído, com florestas devastadas e animais extintos. Em se tratando do Brasil, eles receberão um país marcado pela desonestidade politica e pela absurda divisão de renda que culmina nas rançosas mazelas sociais. Herdarão também serviços públicos defasados, com escolas tecnicistas, descompromissadas com a formação do aluno pensante. Serviços de proteção ao povo voltado para as camadas mais abastardas, esquecendo-se que os que mais precisam ser protegidos são os grupos sócio e historicamente desfavorecidos de direitos. E hospitais cada vez mais lotados, incapazes de prestar um serviço de qualidade para a grande massa da população que não pode arcar com um plano de saúde decente.
 
Tudo isso, e muito mais, acontecerá se continuarmos a adiar a resolução dos nossos reais problemas. Se não encararmos de frente a responsabilidade, individual e coletiva, sobre a vida da qual estamos semeando, estaremos legando um mundo destinado a banalidade e ao esquecimento. Um ambiente insalubre se instalará, caso não assumirmos a responsabilidade pelos nossos atos agora. Por isso, conscientizar-se de que ainda há uma chance, mesmo que diminuta de mudança é o primeiro passo para transformar nossa realidade. O segundo é pontuar esses e outros problemas, tirando-os da lista do adiamento e colocando-os como objetivos prioritários que devem ser urgentemente solucionados. E por último, alimentar dentro de cada um de nós o espirito de esperança, ou seja, ter uma perspectiva otimista de que, mesmo com o poder de destruir tudo por onde passa, o homem é capaz de refazer os seus danos e criar um mundo do qual a qualidade de vida de todos esteja realmente em primeiro lugar.
A greve da força policial na Bahia é uma opção danosa para a sociedade, coloca em risco o patrimônio público e privado, põe em risco as pessoas que por algum motivo, se reconhecem como pessoas comuns, embora a minha percepção não consiga vislumbrar quem seja comum ou incomum, possa ser que exista alguma explicação freudiana ou kafkaniana sobre o assunto.

Mas isto não importa, as pessoas não estão muito incomodadas com a questão salarial da PM, estão incomodadas com a quebra das suas rotinas, algumas sentindo falta do ar frio e bacteriano dos escritórios, dos engarrafamentos e do pão abaixo do peso na padaria da esquina. O direito particular de ir e vir esta sendo conspurcado devido falta de “consciência” de uma categoria “essencial’ ao controle da ordem social, que reivindica melhores condições de trabalho e vida.

A impressão que se tem, é que antes deste movimento grevista ocorrer, não existiam barbaridades e violências domésticas ou urbanas, com crimes hediondos e atrozes, tudo começou com a deflagração da paralização. Tais fatos, demonstram a cada cidadão a importância das forças de segurança pública. Com elas é ruim, sem elas é pior. Então cada qual deve desgarrar-se dos seus interesses momentaneamente, passando a apoiar o movimento para que tudo seja reestabelecido e as rotinas retornem ao tradicional.

Qualquer greve pode ser considerada crime, de acordo com ponto de vista jurídico e princípios legais, sem que esqueçamos, os interesses do estado. Ao mesmo tempo, os salários podem ser legais, por estarem determinados e registrados em algum papiro com a chancela do estado, mas será sempre imoral, quando não atende necessidades básicas e interesses do trabalhador, inclusive o policial, sendo este, o ponto de vista humano e social.

Direitos de cada um e direitos humanos resguardados ou não, e desconsiderando a desigualdade das forças, quando ocorre uma mobilização de estudantes, estes quebram vidraças, depredam estátuas, sendo sempre, obra de algum exaltado, baderneiro ou infiltrado, que ao agir elimina o elemento pacífico da mobilização, surge o confronto, mas somente a polícia é truculenta. Se uma comunidade resolve bloquear uma via pública, por qualquer reivindicação, a polícia tenta impedir a ocorrência ou negociar uma abertura para o tráfego, iniciam-se reciprocidades de ofensas, mas somente a polícia é truculenta.

Agir com brutalidade, contra cidadãos desarmados e indefesos, é crime de responsabilidade dos comandos. Infelizmente a força policial não é preparada para o diálogo, para o meio-termo. O cidadão, a comunidade, concordam ou não, conforme as próprias necessidades e interesses. Permanecemos quietos, expomos a nossa indignação reproduzindo jargões de apresentadores jornalísticos da TV: “Um absurdo!”, “Isto é uma vergonha!

Se existe mobilização, inexiste satisfação. Tal insatisfação ao ser exposta, será sempre contrária as regras escritas, as leis, sempre estará desacatando o estado, que imediatamente, considera a mais simples mobilização, imoral, ilegal ou criminosa. Com isto toda a comunidade diz amém, concorda que os mobilizados sejam criminosos, e dizem repletos de razão: - “Mas é preciso cumprir a lei.” – Quando então, me surgem perguntas: 1. Por quê é lei, é justa? 2. Por quê é lei, todos são contemplados? 3. Por quê é lei, não pode ser modificada?

Devido a um vício do estado, que trabalha a partir de princípios positivistas e liberais, quando não absolutistas, o policial aprende a ser opressor em nome do estado, com a finalidade de manter a ordem e o progresso, permitindo a cada cidadão, “liberdade” para desfrutar dos seus direitos e fazer a sua parte no intrincado quadro social. Aos sujeitos que não se enquadram, bastam algumas palavras de ordens e um “start” do comando para que estes mesmos policiais desencadeiem ação furiosa, contra irmãos que sentem os mesmos problemas que eles, mesmo assim, estão cumprindo ordens legais.

Observemos que ao tentarmos defender direitos, ou cobrá-los, somos sempre violentos, basta que se esgotem as alternativas de diálogo e acordo. Foi inclusive por este tipo de comportamento que Trotsky tornou-se inimigo mortal de Stalin. Reclamar que manifestantes estão portando armas e expondo-as, é mais do que necessário, pois é ato de grande irresponsabilidade, falta de estrutura do comando grevista que não é hábil o suficiente para controlar a ira, a indignação e revolta reprimidas dos seus associados.

Vai além do estrutural, a forma como estes homens e mulheres se comportam, são treinados para cumprir ordens dentro de uma hierarquia. Observemos as abelhas, ao perderem a sua rainha, desorientam-se, descontrola-se, morrem. Quer dizer, ao sentirem-se fora da tutela do próprio comando e do estado, aterrorizam-se, pois descobrem que estão por conta própria. A partir deste ponto, os sentimentos represados de opressão e as carências cotidianas, extravasam-se neste lapso de liberdade.

Temos direito a proteção plena do estado, qual tem o dever de fomentar e manter políticas que satisfaçam as necessidades essenciais de cada um de nós. Se existem movimentos em luta, é porque o estado não esta cumprindo com o seu papel, e toda a responsabilidade deve ser direcionada ao estado. O governo por sua vez, falha em não ser capaz de negociar com o comando grevista, que visivelmente, tem a missão acortinada de promover a desestabilização política e enfraquece-lo moralmente diante da população.

O policial militar é trabalhador, assim como outro qualquer, a população precisa de paz, cabe inteiramente ao estado a finalização da pendenga, com um acordo que satisfaça minimamente os anseios da categoria. É preciso também que estes profissionais sejam incluídos em programas de valorização, precisamos de uma Polícia Militar mais humana.

Visto no: Altair Blog

“Imagine que você tenha uma conta corrente e a cada manhã você acorde com um saldo de R$ 86.400,00. Só que não é permitido transferir o saldo do dia para o dia seguinte. Todas as noites o seu saldo é zerado, mesmo que você não tenha conseguido gastá-lo durante o dia.

Todos nós somos cliente deste banco e esse banco se chama TEMPO. Todas as manhãs é creditado para cada um 86.400 segundos. Todas as noites o saldo é debitado, como perda. Não é permitido acumular este saldo para o dia seguinte.

Todas as manhãs a sua conta é reinicializada, e todas as noites as sobras do dia se evaporam. Não há volta. Você precisa gastar vivendo no presente o seu depósito diário. Invista, então, no que for melhor, na saúde, felicidade e sucesso! O relógio está correndo. Faça o melhor para o seu dia-dia. Para você perceber o valor de UM ANO, pergunte a um estudante que repetiu de ano. Para você perceber o valor de UM MÊS, pergunte para uma mãe que teve o seu bebê prematuro.

Para você perceber o valor de UMA SEMANA, pergunte a um editor de um jornal semanal. Para você perceber o valor de UMA HORA, pergunte aos amantes que estão esperando para se encontrar. Para você perceber o valor de UM MINUTO, pergunte a uma pessoa que perdeu um trem. Para você perceber o valor de UM SEGUNDO, pergunte a uma pessoa que conseguiu evitar um acidente. Para você perceber o valor de UM MILISEGUNDO, pergunte a alguém que ganhou a medalha de prata em uma Olimpíada.

Valorize cada momento que você tem! E valorize mais porque você deve dividir com alguém especial, especial o suficiente para gastar o seu tempo junto com você. Lembre-se: o tempo não espera por ninguém …

Ontem é história. O amanhã é um mistério. O hoje é uma dádiva. Por isso é chamado de PRESENTE DE DEUS!

Como Uma Onda

Lulu Santos

Nada do que foi será
De novo do jeito que já foi um dia
Tudo passa
Tudo sempre passará

A vida vem em ondas
Como um mar
Num indo e vindo infinito

Tudo que se vê não é
Igual ao que a gente
Viu há um segundo
Tudo muda o tempo todo
No mundo

Não adianta fugir
Nem mentir
Pra si mesmo agora
Há tanta vida lá fora
Aqui dentro sempre
Como uma onda no mar
Como uma onda no mar
Como uma onda no mar

Nada do que foi será
De novo do jeito
Que já foi um dia
Tudo passa
Tudo sempre passará

A vida vem em ondas
Como um mar
Num indo e vindo infinito

Tudo que se vê não é
Igual ao que a gente
Viu há um segundo
Tudo muda o tempo todo
No mundo

Não adianta fugir
Nem mentir pra si mesmo agora
Há tanta vida lá fora
Aqui dentro sempre

Como uma onda no mar
Como uma onda no mar
Como uma onda no mar
Como uma onda no mar
Como uma onda no mar




Quase todas as pessoas da nossa cultura têm, instalados, dois elementos negativos na constituição psicológica: medo e culpa. São inibidores comportamentais, limitadores densos que impõem tetos baixos para os vôos do crescimento individual.

O medo está relacionado a finitude, ao processo natural de crescimento, envelhecimento e morte. Desta forma, para alguns, pesam os dias vividos, pois, a percepção de tempo, pode ser muito diferente para cada um de nós. Os que contam o tempo chegando não se importam com os dias corridos, mas aqueles que olham a ampulheta, temerosos com a chegada ao fim da areia, receiam o anoitecer.

O medo se espalha no organismo, de tal forma, que torna o ser humano que está preso a ele, incapaz de se arriscar em novos projetos de mudança. Investir energia com possibilidade de fracasso é jogar fora o único bem (precioso) que ele não poderá repor: tempo de vida.

O outro sentimento limitante é a culpa, que está relacionada a possibilidade de ser feliz em comparação aos outros, menos felizes, ao seu redor. Todo processo está ligado a empatia, possibilidade de se colocar no lugar de outras pessoas e presumir o que elas estão sentindo, isto é bom e, é o que nos faz humanos. Mas, em exagero, pode ser absurdamente limitante.

Pessoas “amarradas” neste complexo de culpa pensam que ser feliz na vida, vencer e alcançar a desejada realização, tendo ao seu redor pessoas infelizes e que não conseguiram obter êxito em seus sacrifícios, é um pecado, uma coisa errada, ou, ainda pior, que ela não fez por merecer.

Para auxiliar a quebrar estes dogmas – nas pessoas que os têm, claro – desenvolvemos dois atos simbólicos que propomos como exercício de imposição do sistema vígil sobre a programação instalada no inconsciente. Não espero sua plena aceitação à nossa proposta e, deixamos claro que, seu índice de rejeição, só irá afirmar o quanto você pode estar preso aos dois sentimentos de medo e culpa.

Ato simbólico é o mesmo que ritual, quer comunicar uma crença, neste caso quer derrubar uma crença calcificada no sistema psicológico que limita as possibilidades do ser humano a ela submetida. Antes de ler as duas propostas, se dispa de conceitos estabelecidos, lembre-se que você é livre para fazer ou não, isto é, se achar que é, de fato, necessário fazer algo para demonstrar, ao seu inconsciente, que existe um desejo de mudança.

1) MEDO - para fazer uma marcação, em ato simbólico, que você está livre do medo da morte, faça uma pequena oração antes de dormir. Quando já estiver deitado, próximo ao momento de adormecer, converse com o Senhor seu Deus e peça, durante o sono, sua libertação carnal caso sua missão já esteja completamente finalizada.

2) CULPA – durante a próxima refeição, pode ser no almoço ou jantar, caso se lembre deste texto, levante-se e jogue o resto da comida fora. Não importa em que estágio de consumo o prato esteja, levante-se, em ato contínuo, e jogue todo resto do alimento fora.


Pense alguns momentos antes de prosseguir a leitura. Analise o porque destes dois procedimentos tão brutais (para alguns) serem positivos no processo interno de mudança e aceitação de um novo ser em construção.

A explicação é simples para os dois atos.

Ao acordar, no dia seguinte, a mensagem está enviada ao sistema, ainda há o que se fazer pois nossa missão não está terminada. A morte não é um problema é a finalização do processo de vida. Não tem hora, nem lugar, mas, se estou vivo, devo prosseguir tentando acertar. Fazer, mudar, construir é parte desta espetacular estrada e, não é segredo, a longevidade é algo que não está em nosso domínio. Existe um ditado na Índia que diz: “Aquele que Deus quer matar não há remédio ou médico que possa salvar e, aquele que ele quer preservar, não há arma de flecha ou fogo que o possa derrubar”.

Para o alimento é mais complexo, pois envolve um simbolismo bem mais forte, acredite. A comida está relacionada, em nossa cultura, com o resultado do trabalho. Ela, portanto, é a materialização do prêmio. Quando você, mesmo com fome, consegue jogar fora o alimento, a mensagem simbólica é que você não está aqui pelo resultado e sim pelo prazer de estar presente ao jogo da vida. Não importa o lucro! Assim, fica mais leve receber o prêmio, afinal não é “só” por ele que vivemos neste plano. Antes que eu me esqueça, você pode voltar a comer apenas depois de uma hora de praticar o ato simbólico de jogar a comida fora. O sacrifício faz parte do ritual.

Espero que possa ter sido útil. Aos que estão revirando a cabeça agora, revoltados com as duas propostas, temo afirmar que, quando se acostuma com a escuridão, os olhos doem na presença da luz. Mas é só no começo...

Prof. Msc. João Oliveira
Psicólogo CRP 05/32031
Diretor de Cursos – ISEC