22 abril 2012


Transformar a terra num lugar habitável onde todas as espécies pudessem viver harmoniosamente sempre fez parte da filosofia humana. Para isso, nossa espécie fez significativas mudanças no cenário do planeta, adaptando-se a ele desde as terras mais áridas até aos confins gelados dos polos. Esse povoamento, no entanto, trouxe também consequências drásticas ao meio ambiente. Hoje problemas com a poluição do ar e dos mares, o desmatamento das florestas, assoreamento de rios fizeram com que o ecossistema entrasse em alerta e com ele toda a vida existente no planeta. Mesmo consciente dos maus causados a natureza, o homem infelizmente não tem feito nada muito expressivo para reverter os danos causados ao seu hábitat. Pelo contrário, ele continua a ser o seu mais voraz predador, sem mensurar os prejuízos que isso pode acarretar para o seu próprio futuro.
 
O homem tem acabado paulatinamente com o planeta. Dentre os inúmeros fatores que confirmam tal constatação, o principal é indubitavelmente a nossa cultura do consumismo. Há quem diga que ela eclodiu com a Revolução Industrial no século XVIII, momento histórico do qual o mundo sofreu profundas transformações econômicas e estas foram contundentes para o surgimento de um novo comportamento social. De fato, este período foi determinante para o meio ambiente, uma vez que o progresso exigia cada vez mais da natureza para alavancar suas riquezas.
 
Entretanto, acredito que a necessidade de extrair demasiadamente das nossas reservas naturais os recursos que ela dispunha, antecede à Revolução. A humanidade, ao que parece, utilizou tudo que o meio ambiente pode fornecer, mas nunca teve a real preocupação com a preservação deste. Cultura esta que ganhou uma maior dimensão com o advento da globalização, a qual consolidou um mundo “moderno” que lamentavelmente não consegue equilibrar uma vida sustentável.
 
Sustentabilidade que percorre congressos importantes por todo o mundo, que serve de temas para calorosos debates, que é constantemente usada como um amuleto do qual irá salvar a terra de todos os males causados pelo seu principal predador, o homem. Em contrapartida, sustentabilizar um modelo de vida que consiga acoplar o desenvolvimento social fincado no consumismo, numa sociedade dita como vanguardista, com a preservação da natureza em sua totalidade, parece ser mais difícil do que se imaginava. Muita discussão e pouca ação. Teorias vazias, ideologias controversas e pouca perspectiva de mudança fazem com que a sustentabilidade tão sonhada tenha a sua concretização postergada.
 
Enquanto isso, fingimos que estamos ajudando o planeta com singelas campanhas de conscientização ambiental superficiais que não focam o real problema da natureza: o descaso que o homem tem com o seu habitat. Ao invés disso, criamos paliativos nomeados de sustentabilidade que, de certa maneira, são importantes, porque desperta na sociedade uma certa consciência ambiental da qual, talvez não no presente, mas num futuro não tão distante, possa colher frutos positivos em prol da natureza. Contudo, temos que ir além dessa discussão é centralizar o olhar numa educação ambiental transformadora, que desde a infância integralize cada individuo com o seu ambiente e faça-o entender a necessidade de preservar o planeta, para que a sua vida e as dos demais a sua volta não seja afetada.
 
Reduzir o consumo de coisas supérfluas, reciclar matérias primas renováveis e reutilizar o que for possível são estratégias louváveis para a salvação e, sobretudo perpetuação das riquezas naturais, porém não se pode limitar a apenas isso. O consumo consciente não vai salvar a terra, se antes disso não for revista à cultura do consumo social dos “Ipads”, “Ipods”, dos celulares que mais parecem bússolas, das imposições midiáticas que impelem para a sociedade um modelo de vida baseado no ter, no possuir e, consequentemente no extrair do meu ambiente a maior quantidade de recursos, mas sem a preocupação de garantir que eles sejam repostos na mesma proporção com que foram retirados.
 
As previsões apocalípticas sobre o desequilíbrio ambiental não são apenas teorias fantasiosas dos cientistas que se dedicam a alertar ao mundo que o planeta está sofrendo com a ação humana. Nem tão pouco é o ultimato de que a terra não tem mais salvação. São pequenos avisos sobre o cataclisma vivenciado pela terra ao longo do tempo e que se nada for feito imediatamente, no futuro as próximas gerações não poderão usufruir de um ambiente salubre. Os sinais já são visíveis nas manifestações que o meio ambiente externa com chuvas descontroladas, secas atemporais dentre outras exposições claras de que a terra não está mais suportando o alto grau da interferência humana. Por isso, antes que algo drástico realmente ocorra é preciso que a sociedade mude seus hábitos para que o planeta se torne um lugar eternamente benéfico a todos.

Primeiros Erros

Capital Inicial

Meu caminho é cada manhã
Não procure saber onde estou
Meu destino não é de ninguém
E eu não deixo os meus passos no chão
Se você não entende não vê
Se não me vê não entende

Não procure saber onde estou
Se o meu jeito te surpreende
Se o meu corpo virasse sol
Se a minha mente virasse sol
Mas só chove, chove
Chove, chove

Se um dia eu pudesse ver
Meu passado inteiro
E fizesse parar de chover
Nos primeiros erros
Meu corpo viraria sol
Minha mente viraria sol
Mas só chove, chove
Chove, chove (2x)

Meu corpo viraria sol
Minha mente viraria
Mas só chove, chove
Chove, chove
Meu corpo viraria sol
Minha mente viraria sol
Mas só chove, chove
Chove, chove

Quem deveria ensinar o respeito à diversidade também demonstra preconceito contra os homossexuais ou, no mínimo, total desconhecimento do tema. É o que indica um relatório sobre homofobia nas escolas que a ONG Reprolatina acaba de divulgar em seu site. Para o estudo, que tem apoio do Ministério da Educação (MEC), foram entrevistados professores, diretores, funcionários e alunos do 6º ao 9º ano do fundamental de 44 escolas estaduais e municipais de 11 capitais do País, entre elas São Paulo.

Os depoimentos, colhidos entre 2009 e 2010, falam de educação sexual, homossexualidade e preconceito. Na maioria das escolas, casos de bullying contra gays são encarados como brincadeiras naturais, o que torna a homofobia um problema invisível. Alguns relatos presentes no relatório expressam, ainda, profundo desconhecimento sobre a sexualidade.

Um educador de São Paulo diz, por exemplo, que sente "pena" dos gays e afirma não saber se a homossexualidade "é uma doença" ou se o jovem "fica assim" por ser criado no meio de mulheres. Outro, também da capital, diz que a homossexualidade pode ser detectada pela anatomia, já que as lésbicas não teriam "cintura afinada."

Cada cidade recebeu seis pesquisadores, que criaram grupos de discussão e observaram o cotidiano das escolas. Coordenadora do estudo, a ginecologista Magda Chinaglia participou das entrevistas em São Paulo. E diz que uma das principais constatações é a de que a educação sexual é deixada de lado. "Ela não existe, embora seja uma política bem antiga. Quando existe, está focada no lado biológico. A sexualidade não é discutida e os professores não se sentem preparados."

Magda conta que casos de homofobia foram presenciados até mesmo pelos pesquisadores. Uma garota da capital contou o que ouviu dos colegas: "Eles vieram pra mim e disseram: 'Você não é bem-vinda aqui, nós não te aceitamos. Além de ser baiana, você ainda é sapatona?' Falaram um monte de coisas". Um outro estudante disse que seu amigo teve de sair da escola por causa do preconceito.

Apesar dos relatos dos jovens, as autoridades escolares afirmaram, quando questionadas, não terem conhecimento dos casos. "Diretores e professores não veem as situações mais graves", diz Magda.
Segundo ela, a homofobia não é enxergada porque está naturalizada e foi incorporada ao cotidiano escolar. No documento, os próprios professores reconhecem que não sabem lidar com o problema e um deles diz que a “escola reza” para que “essas coisas” não aconteçam, "para não ter de resolver". Outro admite: "Não estamos ainda aptos para falar disso. O que a gente fala é o superficial". Eles também apontam os pais, que desaprovam aulas de educação sexual, como empecilho.

"Cada situação dessas mexe comigo. São coisas que vivi na escola, senti na pele. Surpreende a professora falar que, se você é homossexual, é democracia a outra pessoa o xingar", diz o educador Toni Reis, presidente da Associação Brasileira de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais (ABGLT). Ele se refere ao jovem gaúcho de 15 anos que, no mês passado, foi agredido na saída da aula após assumir ser gay. Ao perguntar para a professora por que não interferia, ouviu que "os outros tinham direito de se expressar daquela forma."

Reis estudou a homofobia nas escolas em seu doutorado. "Temos várias políticas públicas estabelecidas no âmbito nacional e estadual, mas não estão chegando às escolas", diz. A conclusão de seu estudo é semelhante àquela indicada pela Reprolatina: até existem professores sensibilizados para o tema, mas falta capacitação para que aprendam a lidar com o problema.

Fonte: Jornal da Tarde

Hoje acordei e vi uma imagem religiosa sendo compartilhada no Facebook. Falava sobre os "evangélicos de verdade" e como eles nao deveriam ser associados à igreja universal nem à igreja mundial. Versava sobre temas como doações à caridade e também sobre homossexuais, ateísmo e seu suposto amor a esses grupos, como não deveríamos tomar os evangélicos como alienados e que "o sistema epistemológico bíblico é filosoficamente coerente e não contraditório". No entanto, havia lá um discurso implícito que nao achei legal, principalmente em dois pontos: 1º Dizer que pessoas estudam, se formam, são doutores e PhD's não isenta elas de serem alienadas.

A alienação é uma condição que não é determinada pelo nível de conhecimento que se tem, de uma forma ampla, mas pela capacidade que de se distanciar o pensamento do sistema de valores ao qual ele está inserido. Em outras palavras, é através do quanto o sujeito consegue se enxergar no sistema de um ponto de vista “externo” a ele que determina, digamos assim, seu "grau" de alienação. Tal capacidade não tem uma relação necessária com o conhecimento. Além disso, não há como escapar da alienação: muitas vezes ao se afastar de um sistema de valores, de uma alienação, entramos na esfera de outra.

O homem é alienado por definição. Assim, nada impede, a não ser o sujeito mesmo, que conhecimento e alienação às vezes andem de mãos dadas. 2º É sim uma contradição epistemológica grave afirmar que ser bom não garante a salvação de ninguém, e que ninguém é bom o suficiente para ser salvo. Enquanto um discurso explícito da religião cristã prega a bondade, caridade, amor ao próximo como ideal de vida e de felicidade, há um eco nas entrelinhas que prega a submissão, humilhação, dogmatismo, sujeição a valores preconceituosos e, em última instância, alienação da vontade do sujeito em função de um ser abstrato que não se contenta com a benevolência pura e sincera, mas exige incondicionalmente que se siga à risca cada aspecto dessa sujeição total como sendo o único meio de salvação (“O ‘prêmio’ não é dado aos bons, mas aos bons iguais a nós”).

Ou seja, não basta ser extremamente bom, vc tem que ser o espelho que vai refletir esse ideal contraditório em que, num primeiro momento tem a bondade, caridade, amor ao próximo como o foco central da sua ideologia, mas que adota como condição final e decisiva que você seja vetor dessa irredutível sujeição a uma ordem superior, que se submeta à alienação religiosa. Então você deve se perguntar: a intenção da religião é mesmo a propagação da bondade ou a propagação desse “submeter-se ao dogma”? E indo mais além, não seria invés de um método de aceitação do outro e propagação do bem, um artifício para agregação, transformação e por fim "propagação de iguais"? Não vem ao caso dar uma resposta sobre isso, mas que se pense sobre. Que se pense em como o dogma religioso pode ser instrumentalizado e ser usado de má fé (exemplos não faltam!). Será que a religião cristã foi criada com esse propósito instrumental ? Não vem ao caso responder mas... exemplos não faltam!

*texto recebido por email de autor desconhecido!

01 abril 2012





Mesmo diante de tanta opressão, vivendo muitas vezes a margem da sociedade, os homossexuais sempre se fizeram presentes na história da humanidade. De estilos, identidades, formas e culturas diferentes, eles foram os responsáveis pela criação de muitas obras primas que hoje são cultuadas e, sobretudo perpetuadas como algo erudito, clássico e de extrema genialidade. Tal fato, no entanto, soa paradoxal, visto que sabemos que a sexualidade desse grupo é hoje utilizada como ferramenta de exclusão, numa tentativa de encarcerá-los num submundo inferior, onde suas contribuições são pormenorizadas ou simplesmente ignoradas. Dito de outra forma, há na atualidade uma relação metonímica inversa, ou pelo menos distorcida, a qual a parte e o todo não formam uma unidade, mas sim subpartes. É por isso que não conseguimos enxergar os indubitáveis legados deixados pelos grandes homossexuais na história da humanidade.
 
Já na antiguidade clássica, grandes personalidades exerciam práticas homossexuais nas suas rotinas, mesmo que o termo “homossexual” não tivesse a conotação usada atualmente. Platão e Aristóteles são exemplos crassos disso. Pensadores vanguardistas, há quem digam que eles eram amantes já que a relação entre tutores e aprendizes era muito comum na Grécia naquela época. Ambos deixaram profundas marcas na sociedade ocidental atual, com destaque para a Filosofia aristotélica, até hoje estudada a amplamente difundida. Pouco depois, mas não menos importante, outros monstros surgiriam e mudariam para sempre os rumos artísticos da humanidade. Eles são Michelangelo e Leonardo da Vinci, grandes artistas e inventores do século XV e XVI que expressaram nas artes um forte homoerotismo no período renascentista da nossa história. Pelas suas mãos foram criadas, respectivamente verdadeiras pérolas das artes como o famoso quadro, a Monalisa e o painel imponente da Capela Sistina.
 
Na música, é impossível não mencionar o nome do russo Piotr Ilich Tchaikovsky. Ele que foi responsável por bailados clássicos como Lago dos Cisnes, A Bela Adormecida e Quebra Nozes, estes, grandes espetáculos musicais que são perpetuados pelos renomados centros de dança em todo o mundo, encantando e emocionando plateias. Emoção também vista em alguns escritores que fizeram da Literatura sua válvula de escape para denunciar, ou simplesmente expressar sua realidade interior. Dentre estes um destaque especial vai para o irlandês Oscar Wilde, na sua célebre e polêmica obra “O Retrato de Dorian Gray”, a qual ele trata da arte, da vaidade e das manipulações humanas. Wilde era homossexual e passou por muitos problemas ao assumir sua condição, uma vez que a sociedade da época não estava preparada para tal revelação.
 
Não diferente das grandes personalidades citadas há pouco, muitos gays fizeram, e ainda fazem parte da história cultural do nosso país. Nomes como Adriana Calcanhotto, Cazuza, Cássia Eller, Renato Russo e Ney Matogrosso são alguns dos que merecem ser pontuados pelo inegável talento e genialidade musical. Suas músicas embalam romances, permitem profundas reflexões e suas vidas, mesmo que curtas e transgressoras, servem de modelo para analisar a essência da vida e a importância de vivê-la com plena intensidade. Outros como o famoso paisagista Roberto Burle Marx; o desenhista e cenógrafo Darcy Penteado; o célebre ator Amacio Mazzaropi; o inesquecível cantor Francisco (Chico) Alves; e os imortalizados autores Olavo Bilac, Mário de Andrade e Caio Fernando de Abreu. Todos foram e são admirados e têm suas obras propagadas por várias gerações. Mesmo que alguns tentem desconsiderar a homossexualidade deles, ela é latente e foi amplamente vivida por esses artistas.
 
Esses renomados pensadores, artistas e intelectuais, (dentre muitos outros que não se fazem presentes aqui, mas são tão importantes quanto), foram responsáveis por transgredirem normas, quebrar paradigmas e, principalmente por inovar a forma de ver e de pensar de toda uma sociedade. Em nenhum momento a sexualidade deles foi vista ou entendida por eles como um pesar, como uma abominação demoníaca, ou como uma doença. Pelo contrário, a condição sexual vivida por eles serviu de ingrediente preponderante para suas criações, num misto de sensibilidade, sentimento e sexualidade, elementos estes que se fundiram e formaram verdadeiras maravilhas artísticas. Então, porque a sociedade não dá o devido valor aos homossexuais que fizeram e fazem algo em prol da disseminação das artes, da cultura e de uma sociedade mais pacifica?
 
Simples. O fato de homens e mulheres copularem com iguais das suas genitálias, ainda causa repulsa. Isto porque se vive um modelo sexista focado na perpetuação de espécie e não no respeito aos desejos individuais e na livre aceitação do diferente. Há também uma cultura de “esquecimento” da qual o legado dessas pessoas não é esquecido, mas sim suas práticas sexuais. Muitas pessoas que se dizem homofóbicas cultuam belas canções, quadros e livros de inúmeros artistas, mas não sabem, ou fingem não saber, que eles foram criados por homossexuais sim, e estes nem por isso se tornaram pessoas inferiores ou menos talentosas. Pelo contrário, a sensibilidade quase que inerente dos gays brota dos seus próprios sofrimentos, das suas percepções do mundo e de uma capacidade analítica bem mais profunda que eles possuem em retratar com primazia a realidade de uma forma única, comovente e perfeitamente humana.
 
Aqui no Brasil, por exemplo, muitas pessoas que se sentem ultrajadas com o comportamento homossexual e usam de várias artimanhas para coibir os direitos desse grupo, agem dessa forma por pura ignorância e hipocrisia. Ignorantes porque preferem perpetuar discursos estagnados sobre a sexualidade humana, como se esta fosse uma escolha individual. Ignorância esta que cega, limita e inferioriza grandes personalidades que poderiam contribuir significativamente para mudar nossas mazelas sociais, nossa corrupção descabida e nossos preconceitos mais infundados. Concomitante a isso, há também muita hipocrisia daqueles que detêm um pouco do conhecimento, mas preferem usá-lo para alienar, desqualificar e humilhar os homossexuais, como se eles fossem uma subespécie da raça humana. O resultado disso é um povo restrito a pensamentos antagônicos, descontextualizados da realidade e, consequentemente imersos num mar de violência, fruto da semente das discriminações semeadas por aqueles que deveriam usar da sabedoria própria para unir e não segregar os “diferentes”.
 
A sexualidade de ninguém, seja hétero ou gay, diminui a capacidade particular que cada um possui. Nossos talentos não são, ou não deveriam ser medidos pela sexualidade, mas sim pelas nossas qualidades e todos os predicados positivos que formam a personalidade humana. O mundo e o Brasil ganhariam bem mais se enxergassem as pessoas não como meras máquinas de reprodução, mas como indivíduos únicos e indivisíveis dotados de ricas diferenças, as quais não são inferiores nem superiores, apenas distintas. Por isso, se a homossexualidade será um dia plenamente aceita e entendida, ninguém realmente sabe. Talvez nunca seja. No entanto, o que não pode ser desconsiderado é a importância que os homossexuais exercem na sociedade e de como seria difícil viver sem a criatividade, sensibilidade e força de vontade que esses indivíduos possuem em elaborar coisas positivas para melhorar suas vidas e das pessoas ao redor.



João
nasceu em uma cultura que não conhecia o chocolate, nunca ouviu falar
dele nem pensava em coisa alguma do gênero. Ele nunca viu um, nem
pensou que pudesse existir tal coisa. Não fazia parte da sua vida.
Então, um dia, Paulo, um estrangeiro, chegou à cidade e lhe ofereceu um
pedaço de chocolate meio amargo. A vida de João mudou: ele descobriu a
delícia do sabor, da consistência, da cor, do aroma do chocolate. Em
sua mente, milhares de novas conexões se formaram e ele ficou curioso.
Queria saber mais, provar mais. Descobriu como se fazia o chocolate
meio amargo e começou a criar variações: ao leite, com frutas, branco…

A
vida de João e de sua cidade mudou. Claro, alguns abusaram do chocolate
e descobriram, a duras penas, os resultados negativos do excesso:
espinhas, diarréia, obesidade, diabetes… Foi preciso estudar mais
sobre o chocolate, estabelecer regras de consumo, descobrir os limites
bons, as melhores variedades etc. Conhecer o chocolate em todas as suas
nuances e variações.

Por outro lado, Paulo, o estrangeiro, vinha
de uma cultura onde se conhecia o chocolate de um modo geral, mas só se
produzia e se consumia o meio amargo. Ele era o único "natural", o
único "bom chocolate". Qualquer outra variedade, especialmente o
chocolate branco, era proibida, considerada moralmente "errada",
"falsa". Quando Paulo era criança, ele consumia chocolate meio amargo,
como qualquer outro menino. Mas, ele se perguntava, "será que não há um
chocolate nem um pouquinho mais doce do que esse?" Quando ele perguntou
sobre isso ao pai, quase apanhou. Para uma criança, até falar sobre
‘outros chocolates’ era ‘anormal’, ‘feio’, quase como falar palavrão.

Paulo
cresceu, mas nunca parou de pensar sobre isso. Se ele pensara em outros
chocolates ainda criança, não era possível que outros também não
tivessem pensado. Ele decidiu pesquisar discretamente. Uma pergunta
aqui, uma piada ali… ele percebia que algumas pessoas riam, outras
desconversavam, outras silenciavam. O desconforto era óbvio.

Aí,
um dia, ele descobriu: existiam, sim, outros tipos de chocolate, mas
eram ‘proibidos’. O ‘pior’ de todos era o chocolate branco. "Dizem que
é doce demais", sussurrou-lhe em segredo um colega da escola. "E a cor
é amarelada, estranha! E se é amarelo, porque chamam de branco?! Isso
não pode ser natural!", disse, indignado, um fervoroso consumidor de
chocolate meio amargo. Paulo perguntava: "Mas, você já viu o tal
chocolate? Tem certeza de que ele é tão estranho assim?" Só a idéia de
alguém já ter visto o ‘chocolate amarelo’ parecia um sacrilégio.
Parecia que ninguém que ele conhecia já tinha visto, sentido o aroma e
muito menos provado o tal horror, mas todos pareciam satisfeitos só em
saber que ele era ruim e manter distância.

Só que, em vez de
satisfazer sua curiosidade sobre o tema polêmico, aquelas afirmações
repetidas à exaustão só deixavam Paulo com mais vontade de, pelo menos,
ver o tal chocolate ruim, sentir seu cheiro – mesmo que ele nunca o
provasse. Por que, afinal, se era tão ruim e estranho assim, bastaria
uma olhada para que Paulo se sentisse enojado e nunca mais quisesse
vê-lo ou saber dele. Paulo até repetiria o que todo mundo lhe falava,
mas seria por conhecimento próprio e não por mera repetição. Paulo não
era um papagaio.

Pesquisando discretamente, Paulo levou anos,
mas acabou descobrindo que não só o tal chocolate lendário existia
mesmo, como era fabricado ali mesmo na sua cidade. Só que tudo
acontecia por trás de portas fechadas, cortinas abaixadas e pouca
iluminação. Chocolaterias "respeitáveis" vendiam o tal chocolate branco
a preços altos, para clientes específicos, indicados por outros. Não
era só uma questão de dinheiro; era preciso conhecer alguém de
confiança que o indicasse. Confiança e segredo eram tudo em um negócio
totalmente ilegal, mas lucrativo. Outras chocolaterias só vendiam o
branco, escondidas, sem licença, tendo que pagar propinas à polícia
para continuar seus negócios.

Paulo logo descobriu que o
negócio do chocolate era muito rentável e que até donos de
chocolaterias "respeitáveis", policiais, religiosos e políticos
consumiam o tal chocolate em segredo, enquanto mantinham uma fachada de
horror e nojo do "doce de cor estranha". Outros, mais pobres,
sustentavam o ‘vício’ como podiam, comendo escondidos em banheiros,
cinemas e bares escuros da periferia. Lugares com pouca segurança,
constatemente atacados pela polícia (que mais pegava dinheiro do que
fazia prisioneiros). Além disso, o chocolate desses lugares podia ser
de origem duvidosa, podia ter outros ingredientes que o tornavam nocivo
à saúde (o que poderia justificar ainda mais o terror que a comunidade
tinha contra ele).

Então, decidido a satisfazer sua curiosidade,
Paulo resolveu entrar no círculo. Ele subornou um policial aqui, obteve
informações ali, até conseguir uma pequena barra de chocolate branco,
que lhe garantiram que era "de boa qualidade, apesar da cor". Ele se
trancou no quarto, abriu o pacote com cuidado, deixou o aroma do
chocolate invadir suas narinas. Estranho, realmente. Doce. Diferente do
chocolate meio amargo, mas ainda assim com similaridades. Parecia ser
da mesma "família", talvez uma variação que tinha sido descoberta há
séculos (talvez na mesma época em que se descobriu o chocolate meio
amargo), mas por alguma razão tinha sido abandonada e tornada "imoral"
pela cultura vigente.

Mesmo curioso, Paulo ainda teve que vencer
uma batalha interna contra um medo que sua criação e toda a sociedade à
sua volta lhe haviam forçado para dentro da mente. Ele não podia deixar
de sentir dúvidas: E se for mesmo ruim? E se me fizer mal? E se me
‘marcar’ de um jeito que todo mundo vai descobrir? Mas, e agora, o que
mais havia a fazer? Jogar fora, depois de ter tido todo aquele trabalho
e gasto todo aquele dinheiro?

Em um gesto quase sem pensar,
Paulo deu uma mordida. O sabor adocicado invadiu sua boca com ainda
mais força do que, minutos antes, o aroma tinha invadido suas narinas.
Ó, nectar divino! Como algo tão bom, tão doce e tão puro em sua
essência, podia ser ruim, negativo, nojento?

Paulo estava
decidido: ia dar um jeito de mostrar ao mundo (ou pelo menos à sua
cidade) que estavam enganados, que o chocolate branco era bom. Mas,
pobre dele! Estava sozinho contra todos. Assim que o viram com o
chocolate branco na mão, seus pais o expulsaram de casa. Ele perdeu o
emprego e a polícia o abordou para ‘averiguações’. Na delegacia, longe
dos olhares da sociedade, policiais que comiam chocolate branco
amarraram Paulo, batiam nele e esfregaram chocolate branco e meio
amargo na cara dele, torturando-o enquanto o xingavam.

Um
religioso invadiu a delegacia e se ofereceu para ‘salvar’ Paulo, com
uma "terapia" que ele garantiu que ‘reconvertia os viciados’ em
chocolate branco ao ‘prazer correto e moral do chocolate meio amargo’.
Paulo, cansado e enfraquecido pelas surras e pela pressão, cedeu por um
tempo, mas logo descobriu que os ‘chocólatras anônimos’ não passavam de
uma fachada, que a tal ‘terapia’ não funcionava e que tudo era parte de
um enorme esquema para manter o chocolate meio amargo como ‘única
opção’. Não se permitia nem que a população soubesse que existiam
outros tipos de chocolate; e quem sabia, ou estava no esquema, ou só
tinha ouvido rumores e boatos exagerados, para perpetuar a mentira.

Então,
Paulo fugiu. Levou o que podia carregar e saiu da cidade. Levou consigo
uma barra de chocolate meio amargo, para ser aceito em cidades vizinhas
sem perguntas. Mas, também levou escondido um pouco de chocolate
branco; nunca se sabe o que se vai encontrar pela frente, afinal de
contas.

Então, Paulo descobriu a cidade de João, onde ninguém
conhecia nenhum chocolate. Meio ressabiado e escaldado das experiências
ruins da sua vida, ele ofereceu primeiro o chocolate meio amargo ao
novo amigo. Qual não foi a sua surpresa ao ver que João, tomado que foi
de alegria pela descoberta do ‘novo sabor’ e de desejo de experimentar
mais, voluntariamente resolveu pesquisar mais sobre outros sabores!
Paulo prontamente resolveu ajudar. Juntos, os dois criaram uma
chocolateria que oferece todos os tipos de chocolate, por perços
razoáveis. Não há ‘submundo’ na cidade de João e tudo é feito e vendido
às claras, bem à vista de todos – e ninguém reclama. Todo mundo tem
liberdade para apreciar qualquer tipo de chocolate.

Claro que,
na cidade natal de Paulo, todos condenam abertamente o fugitivo e a
cidade de João, que não só o acolheu, como permitiu que a sua
‘imoralidade’ se espalhasse. Porém, secretamente, vários moradores
(inclusive autoridades e até alguns ‘chocólatras anônimos’) fazem
‘encomendas especiais’ nas chocolaterias da cidade de João – que agora
também é a cidade de Paulo. E os dois vivem juntos, felizes para sempre.

E aí, em qual cidade você moraria?

Chuva de prata

Roupa Nova

Se tem luar no céu
Retira o véu e faz chover
Sobre o nosso amor

Chuva de prata que cai sem parar
Quase me mata de tanto esperar
Um beijo molhado de luz
Sela o nosso amor

Basta um pouquinho de mel prá adoçar
Deixa cair o seu véu sobre nós
Oh, lua bonita no céu molha o nosso amor

Toda vez que o amor disser: Vem comigo!
Vai sem medo de se arrepender
Você deve acreditar no que é lindo
Pode ir fundo, isso é que é viver

Cola seu rosto no meu, vem dançar
Pinga seu nome no breu pra ficar
Enquanto se esquece de mim
Lembra da canção

Toda vez que o amor disser: Vem comigo!
Vai sem medo de se arrepender
Você deve acreditar no que eu digo
Pode ir fundo, isso é que é viver

Chuva de prata que cai sem parar
Quase me mata de tanto esperar
Um beijo molhado de luz
Sela o nosso amor
Enquanto se esquece de mim
Lembra da canção
Oh, lua bonita no céu
Banha o nosso amor...