31 março 2013



A efemeridade da vida é uma das únicas certezas que temos. Ao nascermos, descobrimos que o nosso fim um dia, inevitavelmente chegará. Porém, antes que tal finitude se concretize, muitos aproveitam da melhor forma possível os instantes que a permanência na terra pode proporcionar. Outros, infelizmente, não compreendem o sentido real de estar vivo e acabam perdendo tempo com atitudes e sentimentos nocivos a si mesmos e aos outros que os circundam. Seja como for, nos dois casos há inconscientemente uma relação de lembrança, pois nós, seres humanos, pós-morte contamos com a saudade como instrumento para sermos lembrados por aqueles que deixamos para trás. No entanto, acredito que se lembrar do outro, dizer que ama, que admira, que gosta, não deveria ser proferido no túmulo daquele ente querido que se foi, mas enquanto ele ainda está vivo, pulsante e próximo de nós.

Nas grandes civilizações, talentos inquestionáveis deixaram como legado, dentre tantas coisas, a conquista de impérios e grandes reinos. Legaram também uma filosofia pautada na vida eterna. Ser eterno, nesse sentido, corresponde a ser lembrado e não cair no ostracismo sentenciado pelo tempo. Gregos, Romanos, Astecas, Incas, Maias, Egípcios, Mesopotâmios, dentre os inúmeros povos que existiram na terra, tinham como lema permanecerem vivos na história da humanidade. E esse instinto de sobrevivência pós-morte sedimentou nossa cultura de uma forma que hoje alimentamos lembranças revestidas de saudades daqueles que cumpriram seu ciclo terrestre para bem ou mal. Acontece que até nesse período, as grandes personalidades foram cultuados em vida, coisa que tem se perdido hoje pela efemeridade que a fama exerce naqueles ditos como “famosos”.

Isto porque, por mais que haja, para muitos, uma segunda vida, acredito que reverenciar quem já se foi é uma atitude louvável, porém sádica, pois ela poderia ser muito bem lembrada, querida e adorada enquanto estivesse viva. Explicando melhor, nossa cultura aprendeu a valorizar o outro depois da sua morte, pois enquanto vivo, muitos vivem à sombra do esquecimento, renegados ao relento numa sociedade que apregoa a vida depois que a morte chega. É, por exemplo, o que acontece com muitos artistas que viveram entre a fama e a lama, e só são cultuados por nós no seu túmulo. Grandes nomes dos palcos e das artes em geral, que por diversas razões foram esquecidos em vida, só retornam na memória do povo quando o “fim” chega.  São tantos nomes das nossas artes, entre cantores, atores, apresentadores, etc., que são bem mais queridos hoje e homenageados depois da sua partida, do que quando estavam vivos.

“Chacrinha foi o maior apresentador de todos os tempos”, “Elis Regina foi a maior voz do país”, “Legião Urbana foi a maior banda de rock nacional”, “Paulo Autran foi o grande ator da tele dramaturgia nacional” foi, foi, foi... Talentos a parte, a discussão aqui não está pautada nos predicados destes e de outros que deixaram uma brilhante carreira, mas na importância destes e de muitos outros que se foram enquanto ainda estavam vivos. Infelizmente, não posso afirmar categoricamente se muitos dos nomes citados há pouco sofreram com a injúria do esquecimento, mas acredito que alguns sim, pois é mais fácil lembrar-se do outro quando o fim chega. Hoje críticos se debruçam sobre longos textos elogiosos, enaltecendo a carreira daqueles que a vida, ou a morte, acabou encurtando. Então, porque em vida não valorizamos as pessoas que são importantes, talentosas e que modificam esse mundo para melhor? Por que agimos sadicamente enaltecendo coisas supérfluas e não prestigiamos parentes, amigos e todos aqueles que deveriam merecer a nossa atenção?

Por causa disso, muitos artistas fazem de tudo para permanecerem eternos na lembrança de seu público. O estrelato é um caminho sonhado por muitos deles, mas é cruel na medida em que força aqueles que o buscam a viverem sempre sobre seus holofotes. É por isso que os escândalos na vida dessas pessoas se tornaram trampolim para o sucesso. Vale tudo, de posar nua a transar em lugares públicos. Quando, então, uma pausa é determinada, logo aparece à substituição por outra “celebridade” que assumirá o lugar daquele que se foi. Isso é muito comum hoje nos meios midiáticos. A tv, por exemplo, por ser o celeiro de novos artistas, emblema estes como produtos, com data de validade já previstas. Explicando melhor, para estar no retiro das celebridades do momento não é necessário ser eterno, mas viver aquela célebre frase: “que seja eterno enquanto dure”. E na verdade dura muito pouco, porque a efemeridade da memória social não armazena muito coisa por um longo período.

Se ser lembrado, enquanto artista, já é difícil, imagine então para os milhares de anônimos que perambulam pelas nossas vidas. A sociedade é educada a preparar João e Maria para destinos inquestionáveis e não preparam O João e A Maria para serem, de fato, alguém. Não somos preparados para sermos importantes, mas apenas peças de um quebra-cabeça já montado e com funções preestabelecidas. Nascemos com o estigma que nos obriga a trilhar caminhos determinados: faça isso! Faça aquilo! Não mexa aqui! Isso é perigoso! E não há uma educação ousada que nos permita fazer algo novo, transgressor. Por isso que quando algum gênio aparece, seja de qualquer área, logo é tachado de especial, de super dotado, ou que nasceu numa boa base. As pessoas não entendem, ou não estão acostumadas a isso, porém nós estamos aqui não para sermos mais um, mas um alguém que de fato pode edificar uma base diferenciada na própria vida e na do outrem.

É por isso que a morte é tão dolorosa, porque vemos nela um fim, uma desesperança de tudo o que víamos naquele que se foi. É nessa fúnebre ocasião que as pessoas se derramam em elogios e falsas demonstrações de afeto, pois aprendemos que é na morte que as coisas boas devem ser mencionadas, mesmo que em vida nada daquilo que foi proferido tenha sido verdade. Isto ocorre porque não nos vemos como seres importantes, mas como peças comuns de um jogo, do qual prega a filosofia do “Que seja eterno enquanto vivo”. Portanto, permanecer vivo na lembrança do outro é uma das sensações mais humanas que temos. Quando a morte chega não podemos contê-la nem proibir seu fúnebre trabalho. Só nos resta torcer para que aquele que foi arrebatado pelas suas mãos siga um caminho menos sofrível e, dependendo da fé individual, encontre um lugar, um espaço, um plano, (ou qualquer outra designação dada), melhor, sereno e eterno. E para quem fica, restam apenas às lembranças, logo, antes do fim é bom trilhar um bom caminho para na partida ser verdadeiramente lembrado e cultuado eternamente.


     A mídia, atualmente, vem criando artimanhas capazes de atrair cada vez mais telespectadores. Um dos seus objetivos é conectar por mais tempo pessoas a um determinado meio, de modo que se obtenham lucros. Mas a sua forma de uso varia de acordo com quem a consome, podendo ser usada de forma consciente ou de um modo que não o traga proveitos.

    Frequentemente, somos bombardeados por um número significante de artifícios capazes de atrair a atenção da massa populacional. A mídia é monopolizadora, possui o poder nas mãos e consegue ser astuta quando desejar.

    A televisão, por exemplo, exibe todos os tipos de programas de entretenimento, expondo um ponto de vista em particular, de modo a influenciar a população, tornando-os cada vez mais alienados. São raros os programas que divulgam, de fato, a verdadeira notícia, sem que por trás disso tudo haja certa influência negativa.

    Os meios midiáticos exibem um mundo ilimitado e diferente do que foi ensinado anteriormente. Suas influências abrangem todas as áreas sociais da vida de um ser humano qualquer. Com o tempo, conseguimos desenvolver habilidades que nos permitem extrair muitas dessas informações e absorver só o que trará benefícios pra quem assiste ou ouve, dependendo do que lhe é imposto.

    Portanto, cabe a cada um escolher entre seguir os conselhos da mídia ou sua própria ideologia, independente do que lhe é designado pelos meios de comunicação. E já dizia Mário Quintana: “Deficiente é quem não consegue modificar a sua vida, aceitando as imposições dos outros e da sociedade, ignorando que é dono do seu destino”.
                                                                                       
                                                                                Aluna: Elisama Maria de Amorim
Professor: Diogo Didier



Algumas datas festivas não me agradam pela mercantilização, pelos presentes excessivos, diversão sem emoção e abraço sem afeto. Quem dá bola para professor, mãe e pai quando há a praia, a balada, bastante bebida? Repito, para não ser mal interpretada, que não é a maioria que age assim, mas cada vez mais sentimos nos ares o aroma da grana fluindo: haja propaganda! Bem antes da Páscoa, coelhos já pululam nas cidades e papais noéis apontam suas belas barbas meses antes do Natal. Mal terminada a temporada de caça a compradores do Dia das Mães, começará a do Dia dos Namorados. Sou contra? Sou muito a favor da troca de carinho, gentileza, pequenas lembranças, de curtir o dia e as pessoas. Sou da banda da vida, dos afetos, da alegria.

No Dia da Mulher celebra-se a dita liberdade? Nela eu não creio. O que aconteceu com as mulheres nestas décadas foi saírem do jugo do pai, irmãos, marido, até filhos, e começarem a se enxergar, sentir e agir como pessoas. Podem estudar, morar sozinhas, casar com quem quiserem ou não casar, ter filho ou não, dirigir empresas ou ônibus, pilotar aviões, fazer doutorados, brilhar nas ciências ou finanças, enfim: somos gente. Há muito que fazer, um longo caminho a percorrer. Altas executivas ainda são olhadas com desconfiança e às vezes lidam com condições desfavoráveis, culpas atávicas, falta de estrutura da sociedade para aliar profissão a vida pessoal, sobretudo a maternidade. Ainda há quem ganhe menos que homem na mesma função. Ainda há quem tenha de “caprichar dobrado”. Mas as coisas vão se resolvendo na medida em que nos fazemos respeitar.

É aí que quero chegar: mais do que direitos e liberdade, falar em dignidade e respeito. Minha querida Lygia Fagundes Telles, grande escritora brasileira, já disse que muitas vezes aparecemos “feito pedaços de carne em gancho de açougue antigo”. A mulher despida cada vez mais é objeto de propagandas. Vender automóvel? Mulher de biquíni. Vender comida? Mulher de biquíni. Vender qualquer produto? Mulher meio pelada. Mulher fazendo trejeitos ditos sensuais, caras e bocas, exibindo plásticas nem sempre naturais. Já escrevi que quanto mais falamos em natureza mais distantes dela estamos. Propagandas em que mulheres fazem o marido passar por idiota: ele é preguiçoso demais, mas meu intestino já não é. O inseticida funciona, meu marido dorme no sofá de boca entreaberta…

Se a propaganda em geral nos usa desse jeito, raramente favorável, é de pensar em que medida nós contribuímos para isso. O sonho de muitas meninas é ser um dia a mulher-maçã, a mulher-melancia, a mulher-melão, ter aqueles assustadores peitos falsos e imensos, aquele traseiro deformado, aquela musculatura de levantador de peso. O ideal de algumas é estar no Big Brother com outros debaixo de um sugestivo edredom. Os homens não nos respeitam, dizemos. É preciso fazer-se tratar como parceira, não como gueixa desejosa de cartões de crédito polpudos ou homéricas cantadas, muito menos acrobacias sexuais que pouco têm a ver com sexo verdadeiro. Acrescento que andamos iludidas com uma avassaladora onda de mitos sobre sexualidade, sensualidade, beleza, resultando em corpos e rostos por vezes deformados, e almas aflitas. Somos bombardeadas por mentiras sobre transas épicas e mil delírios, rapidinho aqui, depressa ali, vendo receitas bizarras sobre segurar seu homem, a literatura dita pornô soft impressionando milhões pelo mundo afora; por toda parte, muito mais ansiedade do que prazer.

Aqui e ali, meninas precocemente sexualizadas, maquiadas e requebrando inseguras em incongruentes sapatos de salto… jogos de fundo sexual entre pré-adolescentes em festinhas sem a presença de adultos… adolescentes praticamente coagidas a experimentar intimidades que mal entendem… Nisso talvez valesse a pena pensar, rever, quem sabe transformar, na data que nos é dedicada: expor menos carne e cultivar mais sentimentos, pensamentos, valores. Mas talvez eu pareça um fantasma ancestral falando um idioma estranho.

Escritora Lya Luft, Revista VEJA edição 2312

Wyllys: 'Não é a minha privacidade, é minha identidade que torno pública' - Ed Ferreira/Estadão
Ed Ferreira/Estadão
Wyllys: 'Não é a minha privacidade, é minha identidade que torno pública'
 Vamos dar uma espiadinha no que está acontecendo na Casa? De um lado, o pastor Marco Feliciano, da Assembleia de Deus Catedral do Avivamento, à frente da bancada evangélica e recém-empossado presidente da Comissão de Direitos Humanos e Minorias, prega a palavra sem papa na língua: “Quando você estimula uma mulher a ter os mesmos direitos do homem, ela querendo trabalhar, a sua parcela como mãe fica anulada”, “Africanos descendem de ancestral amaldiçoado por Noé” e “O reto não foi feito para ser penetrado”. Do outro, o deputado federal Jean Wyllys, jornalista com mestrado em letras e linguística, vencedor do Big Brother Brasil 2005 e “primeiro homossexual assumido da Câmara”, segundo ele próprio, encabeça uma frente multipartidária para tirar o pastor daquele posto que não lhe pertence: “Feliciano é um fundamentalista, racista e homofóbico. A comissão não é lugar para ele”. Quem vence a prova do líder?

Desde 7 de março, quando foi eleito com um miraculoso acordo que lhe garantiu 11 votos a favor e um em branco, apesar dos protestos de entidades de defesa dos direitos humanos País afora, Feliciano (PSC-SP) tem sobrevivido a todos os paredões. Jean Wyllys (PSOL-RJ) virou seu antagonista de primeira hora, ao retirar-se da sessão aos prantos, antes da coleta dos votos: “Isso é uma farsa, uma manobra para destruir a comissão”. No último dia 20, porém, o jogo começou a virar. E Feliciano não parece mais imunizado pelo anjo do Espírito Santo. 

As 11h da manhã uma cerimônia lotou o auditório Nereu Ramos, no Anexo II da Câmara, para o lançamento da Frente Parlamentar em Defesa dos Direitos Humanos - espécie de comissão do B para esvaziar a presidência do pastor e vocalizar a ira santa dos dissidentes. No início confuso do encontro, o áudio do Hino Nacional Brasileiro falhou nas caixas de som. Quando os presentes resolveram sair cantando à capela, os primeiros acordes da gravação voltaram a soar, produzindo uma enorme dissonância até que alguém a desligasse de vez. No palco, entre os deputados Chico Alencar (PSOL-RJ) e Luiza Erundina (PSB-SP), Jean empostou com entusiasmo sua voz de barítono e levou a mão ao peito nos versos do “se ergues da Justiça a clava forte”. 

“Não é fácil encher esse auditório numa quarta-feira”, disse com seu humor característico o deputado Chico Alencar, um dos primeiros a falar. “Há pouco o Jean comentava comigo que não houve nenhuma orquestração aqui, ao contrário do que diz aquele vídeo sórdido postado na internet por um assessor do Feliciano. Não teve orquestração nem para o Hino Nacional, vocês viram.” 

O vídeo, divulgado no YouTube no início da semana por um assessor lotado no gabinete de Feliciano, acusava os manifestantes contrários à sua permanência na comissão de incentivarem a pedofilia e organizarem “rituais macabros” em frente à sua igreja, além de “revelar” imagens de confessionário de Jean Wyllys - uma entrevista de TV em que o parlamentar admitiria que “foram os orixás” que deram a ele seu mandato. 

Em seu discurso - saudado pela plateia com gritos de “Jean me representa” -, o deputado que diz ter sido criado no catolicismo, rezado do credo marxista na adolescência e abraçado “os mistérios e o sincretismo religioso” na vida adulta, defendeu “a liberdade de crer e de não crer”. Pregação aplaudida de pé por todos, do agnóstico Protógenes Queiroz (PcdoB-SP) a Pai Adailton de Ogum, paramentado “porque hoje é dia de Xangô, pai da Justiça”, passando pelo Pastor Welinton Pereira, metodista que discorda de Feliciano e ajudou a reunir 150 assinaturas de outros evangélicos pedindo sua saída da comissão. “Feliciano faz uma leitura equivocada da Bíblia.” 

Já passava das 14h quando Jean Wyllys deixou o auditório sem pausa para o almoço e foi, metido em seu terno escuro de calça skinny, tomar lugar na Comissão de Cultura. Na sala ao lado, o tumulto já se formava à porta da Comissão de Direitos Humanos, com estudantes gritando: “Direitos humanos é uma conquista (sic), não queremos homofóbico racista”, “Não, não, não nos representa”, “Feliciano, vou te falar, eu fico aqui até você renunciar”. O pastor passou 8 minutos na mesa, delegou o comando ao vice e sumiu. Jean preferiu espiar de longe: “Não vou pra não acirrar. Tudo o que esse cara quer é personalizar a coisa entre mim e ele”.

Diante da gritaria dos manifestantes a sessão teve que ser encerrada. Foi quando o deputado Jair Bolsonaro (PP-RJ), que acompanhava os debates com sua risca perfeita no cabelo, batucando nervosamente a mão na mesa, explodiu. Chamou os estudantes pra porrada com impropérios publicáveis apenas na TV Câmara - que, como o pay-per-view do BBB, não tem censura e vê suas pérolas diariamente pescadas pelas redes sociais. No dia seguinte, Bolsonaro repetiu sem constrangimento cada palavra ao Aliás: “Falei que os pais deviam ter orgulho deles, porque dão a bunda de noite e fazem baderna de dia”. 

“Você vê por que eu não dirijo a palavra a esse cara?”, diz Jean Wyllys, caminhando a passos incrivelmente largos para pernas tão curtas, no corredor de acesso ao Salão Verde da Câmara. Ali, os jovens que “badernaram” a reunião da Comissão de Direitos Humanos se reagrupam, sentados no chão. Uma jovem exibe uma mancha vermelha no maxilar: “Jean, levei um soco. E fui a segunda menina a apanhar”. O chefe da segurança da Câmara corre para desmenti-la: “Garanto que não houve, deputado”. Jean o aperta: “Eu avisei que vocês não estão lidando com bandido. Tem que ter um trato, maneirem, vocês são treinados pra isso”. 

O antagonismo com colegas como Bolsonaro ou o Pastor Silas Malafaia vai muito além, afirma Jean, do que se convencionou chamar de diálogo democrático no parlamento. “Com o João Campos (PSDB-GO) eu ainda converso, pois nunca me ofendeu pessoalmente, mas não dá para ter contato com alguém que prega a ‘cura gay’ e te considera uma doença a ser erradicada.” Em novembro, Malafaia e ele protagonizaram um bate-boca ríspido quando a bancada evangélica tentou revogar uma resolução do Conselho de Psicologia que impede que os profissionais da área promovam terapias de “tratamento” da homossexualidade. Antes mesmo disso, desde o início de seu mandato, em fevereiro de 2011, Jean teve que lutar para se impor no ambiente machista do Congresso.

Exatamente por isso, escolheu como primeira arena de atuação a sisuda Comissão de Finanças e Tributação. Respaldou-se na assessoria da economista Maria Lúcia Fattorelli e propôs uma auditoria na dívida pública. “Entrei de sola para mostrar que assunto nenhum é privilégio de homens brancos e héteros.” Ganhou o respeito dos colegas machões e elogios do especialista Pauderney Avelino - que não se perca pelo nome.

Sem tom de arrogância mas sem sombra de modéstia, Jean Wyllys de Matos Santos não está surpreso com o protagonismo conquistado nos últimos dias. “Sempre fiz a diferença, onde quer que estive.” É de fato uma trajetória singular a que trouxe para o centro do noticiário político nacional o menino nascido “abaixo da linha da pobreza”, no município de Alagoinhas, leste da Bahia, em 1974. Viviam em casa de taipa iluminada por candeeiro e tomavam água de chafariz público. 

A mãe, Inalva, era lavadeira. O pai, José, era alcoólatra e fazia bicos como pintor de geladeiras e automóveis. O “Wyllys”, que não é sobrenome, veio dos Aero-Willys que o pai coloria, mas nunca pôde ter. Em casa, Jean era “Jân”, primeiro homem depois de três filhas mulheres do casal, ao qual se seguiram mais três varões. Muitas vezes as crianças aguardavam com a mãe o chefe da família voltar da rua com alguma comida. Não raro, dormiam com fome. “Tenho muito orgulho do meu pai, que morreu em 2001. E hoje entendo que ele bebia porque também tinha desejos maiores, que a vida lhe negou.”

Foi a educação que mudou a vida do filho do meio da família Matos. Admirada com a perspicácia do menino, dona Iraci, sua professora de matemática na escola pública, sugeriu que ele prestasse concurso para o prestigiado colégio interno da Fundação José Carvalho, na vizinha Pojuca. Após um processo seletivo que levou mais de um mês, disputado por crianças de todo o Nordeste, Jean fez a diferença e ficou entre os 25 aprovados. Lá teve uma privilegiada formação humanista e também aulas de inglês, informática e até oratória. “Me abriu o mundo”, diz. 

Saiu de lá com 19 anos, já empregado como analista de sistemas, para morar em Salvador. O começo, no bairro periférico de Beiru, foi difícil. Passou nos vestibulares da Católica e da Universidade Federal da Bahia, onde cursou jornalismo. Exerceu a profissão por quase dez anos, como repórter de cultura da Tribuna da Bahia e depois do Correio da Bahia, diário de propriedade do temido senador Antônio Carlos Magalhães. “Uma vez fui pular um carnaval enlouquecido, com o cabelo pintado de louro, e na quarta de cinzas me chamaram para cobrir o velório de um intelectual da Academia Brasileira de Letras, amigo pessoal do ACM. Cheguei na cerimônia sem paletó, parecendo um girassol. Tive certeza que ia ser demitido, então escrevi um texto daqueles de ir pra capa. E foi”, ri.

Sempre inquieto, trocou a carreira na imprensa pela vida acadêmica assim que concluiu o mestrado na UFBA. Transferiu-se para o Rio de Janeiro para lecionar na ESPM e na Universidade Veiga de Almeida. E, em 2004, decidiu se inscrever na seleção do famoso reality show da Rede Globo. “Como professor de Teoria da Comunicação me interessava saber como o programa funcionava”, justifica ele. “E disse de cara, no vídeo de inscrição, que era gay. Sempre foi minha intenção mostrar que ser homossexual não significa ter um destino imperfeito.” Outra vez, a estrela de Jean brilhou e ele não só encarnou uma representação positiva da homossexualidade na TV como ganhou o programa. Até hoje não conta o que fez com o dinheiro.

De celebridade instantânea voltou à anônima rotina de docente até 2010, quando recebeu o convite para se lançar candidato pelo PSOL. “Como quando me inscrevi no BBB, nunca achei que fosse ser eleito, mas aconteceu. E vi nisso outra oportunidade de cumprir o que se tornou a minha missão.” Foi por um triz: sumido há anos do noticiário, o ex-BBB foi eleito com 0,2% dos votos válidos e só conseguiu a vaga graças ao bom desempenho do colega Chico Alencar. Dois anos depois, Jean era apontado o melhor deputado federal do Brasil pelo voto dos internautas no site Congresso em Foco.

Hoje, ele divide seu tempo entre seu apartamento no Rio e um imóvel alugado no Distrito Federal. Conta que fez matrícula em uma academia de ginástica mas nunca apareceu - limita-se a pedalar pela cidade nas raras horas de folga. Nestas, também sai para jantar com “a única amiga de verdade, daquelas com quem se troca confidências” que fez na cidade, a deputada Manuela D’Ávila (PCdoB-RS). Se perguntado por que, apesar da militância gay assumida, jamais aparece com alguém, conta que está solteiro, embora tenha tido alguns relacionamentos (o mais longo durou dois anos). A discrição, explica, é por respeito a quem estiver com ele. “Não é a minha privacidade, é a minha identidade que eu torno pública.”

Na quinta-feira, Jean foi o primeiro a ser informado pelo presidente Henrique Alves (PMDB-RN) de que a situação de Feliciano se tornara “insustentável”. Diante do desgaste, até o líder do PSC rogou que ele se afastasse. Até a última sexta, no entanto, Feliciano mantinha fé inabalável no acordo político-eleitoral com o PT que o levou ao cargo.

Tão perto de ganhar o prêmio, Jean evita cantar vitória. Para ele, se não for contido, o jogo dos “fundamentalistas” da Câmara não vai se limitar aos direitos das minorias. “Daqui a pouco, o pecado é o seu futebol, a sua cervejinha no fim de semana...” Alô, alô, você, como diria Pedro Bial.

Visto no: Estadão

24 março 2013


O futebol, enquanto esporte e, portanto, entretenimento, é tão saudável quanto qualquer outro que é praticado pelo país. Entretanto, guardadas as devidas proporções, ser um atleta futebolístico por aqui é tão importante, quiçá mais, do que passar no vestibular, conseguir uma casa própria, um carro, ou até mesmo angariar a independência financeira. Isto porque o futebol se instaurou na lista cultural da nação, da qual contabiliza os símbolos cruciais que cada cidadão deve possuir para ser “brasileiro”. Explicando melhor, para ser membro dessa “pátria mãe gentil”, o indivíduo, quase que obrigatoriamente, precisa acompanhar, gostar e torcer por times estatuais e o nacional, como forma de pertencimento, como se fosse uma identidade patrícia. Infelizmente, por causa dessa imposição, a devoção do povo tornou-o fanático, visto que ganhar ou perder não é uma dicotomia que se encerra dentro de campo, mas num confronto, um duelo final entre as torcidas ganhadoras e perdedoras, e sempre termina entre mortos e feridos.

A paixão nutrida por muitos brasileiros pelo futebol é algo inegável. Nosso país mantém uma íntima e doentia relação com este esporte, que se tornou referência nacional, tanto para quem é de fora quanto para os que aqui residem.  Nos campos, percebe-se que a adoração do povo é tamanha, visto que, organizados em torcidas, a população se aglomera para torcer pelo time e seus respectivos jogadores. Nesse cenário, como é comum, a rivalidade paira, já que a ideia principal desse entretenimento é vencer o time adversário. Acontece que a disputa não se encerra muitas vezes no meio do campo e acaba se estendendo para fora dele. Tal fenômeno pode ter várias razões, mas, possivelmente, o fanatismo de uma sociedade hipnotizada pela cultura de enriquecimento desses atletas, bem como seu estilo de vida, contribui para fomentar nos torcedores os sentimentos mais controversos.

Dentre eles, pode ser citada, a priori, a questão do “status” que esse esporte exerce. Com jogadores ganhando verdadeiros rios de dinheiro, não é de se surpreender que a população, que vive predominantemente com salários abaixo da realidade desses atletas, vislumbre-se com este universo. A ostentação personificada em carros de luxo, viagens, mansões dignas dos abastados xeiques, mulheres deslumbrantes, muitas baladas e festas regadas a sofisticação e glamour, despertam os sentimentos mais díspares na população. Então, cria-se uma divisão: de um lado, a grande massa que deseja fazer parte de tudo isso, pois o futebol os faz acreditar que com pequenos lances de pernas, qualquer indivíduo pode conquistar essa “The Never Land” esportiva. Enquanto isso, do outro lado está à minúscula camada esclarecida que se entristece profundamente ao ver a valorização dada a esse esporte enquanto outros, bem como outras atividades humanas, não recebem o mesmo prestígio.

Esse mundo ilusório criado pelo futebol acaba de alguma forma aguçando algo que já faz parte da personalidade humana, o senso de competição. Competir, nesse sentido, não se limita apenas a visão maniqueísta de que se há ganhadores, há perdedores. Verifica-se isso na reconfiguração dos embates entre os torcedores pós-jogos. São multidões guiadas pela selvageria, agindo como verdadeiros justiceiros, como representantes de cada um dos times envolvidos, em busca de um acerto de contas. Isso quando não acontece dentro do próprio estádio, como no polêmico caso do torcedor do Corinthians que foi atingindo enquanto torcia pelo seu time. Tudo isso acontece porque o próprio futebol passa uma imagem controversa do que é competir. Na verdade, no campo não está em jogo o interesse do time X ou Y, mas a necessidade de fazer nomes e carreiras de jogadores, os quais são vendidos e trocados como meros objetos. Além do passe deles, está à venda a sua imagem perante a torcida, esta que sempre espera o melhor e não aceita a derrota como consolação.

O mais recente entre o mar de casos que ensanguenta as notícias em torno dos jogos futebolísticos envolveu uma criança de dois anos, Lucas Luiz. Segundo informação, ele foi atingido por uma pedrada no rosto dentro do ônibus, antes do início de um “clássico” entre dois grandes times pernambucanos. Depois de hospitalizado, a criança segue se recuperando, mas ficará com grandes cicatrizes no rosto, além de sequelas traumatizantes que poderão acompanhá-lo pelo resto da vida. Esse é, dentre muitos, apenas um aperitivo dos grandes pratos vivos que são servidos ainda quentes e acabam agonizando em coletivos, táxis, ruas e avenidas do país. São invasões em ônibus, com direito a depredação de tudo o que é público e privado. Os assaltos também são potencializados, já que os torcedores andam em infantaria, como se estivessem numa guerra, invadindo residências e destruindo tudo o que estiver ao alcance deles. Sem contar que em muitos lugares o policiamento é insuficiente para, no mínimo, conter a ação desses indivíduos que não sabem o significado da palavra perder.

Devido a essa postura paradoxal, fica nítido que não há no futebol uma filosofia pautada no respeito a todos os envolvidos. Se cada time e jogador semeassem na mídia uma conduta honrada, a qual perdedor não se equiparasse a derrotado, possivelmente teríamos outro perfil do torcedor em campo. No entanto, o que se vê é o inverso disso. A necessidade de ganhar, de eliminar, de derrotar o outro a tudo custo transformou lazer em guerra, alegria em tristeza e, o pior, vida em morte. Entre os adendos possíveis, vale acrescentar que numa sociedade onde a grande maioria da população está acostumada a perder, vivendo entre o esquecimento e a miséria, é de se compreender porque projetar no futebol o desejo de sempre vencer. Por essa razão, muitos fãs apaixonados pelo seu time não aceitam a derrota, não querem ser vistos como incapazes, fracos e incompetentes. Eles querem sentir, apenas por um momento, a duvidosa sensação de vitória, para confortar os tormentos que os esperam fora do campo.

Vida marginalizada que não se limita apenas aos torcedores. Muitos jogadores de futebol, que tiveram uma infância entre a miséria, pobreza e violência, parecem que não conseguem se desvencilhar fácil do seu penoso passado. Os estigmas disso são reacendidos nos escândalos envolvendo grandes nomes desse esporte, os quais financiam o tráfico de drogas, com porte de arma ilegal e com transações duvidosas entre grandes magnatas do crime. Além disso, a fama desperta nessas pessoas, ofuscadas e iludidas pelos fortes refletores do campo, as posturas mais controversas e, nesse sentido, inesperadas pela torcida. São atletas envolvidos em casos de pedofilia, tendo relações sexuais com prostitutas, homossexuais e a até travestis, desconstruindo a atmosfera hipócrita da heterossexualidade no futebol. Outros que não se respeitam, destratando os colegas de trabalho com ofensas racistas e homofóbicas. Sem contar naqueles que estão mergulhados nas drogas, lícitas ou não, e que sob efeito delas agridem família amigos e, inevitavelmente os torcedores.

E é esse o mundo de sonhos, onde o dinheiro, a fama e o sucesso são os atrativos que iludem aqueles que buscam uma vida de mordomia, luxo e sucesso. É por isso que os torcedores não conseguem se controlar em apenas torcer salutarmente pelo seu time e jogador. Eles querem mais, mas não conseguem dizer isso só em aplausos, vaias, gritos e xingamentos. Eles precisam bater no outro, destilar sua raiva no adversário, para se sentirem aliviados de algo que eles mesmos desconhecem. Na verdade, eles querem ser o atleta em jogo, viver a vida dele, com seus hábitos e estilo de vida. A sociedade que vai ao campo receber uma enxurrada de cartões vermelhos é a mesma que vive no amarelo e acredita que um dia receberá um verde, para sair das mazelas sociais e psicossociais que são obrigadas a viver. Enquanto os devidos cartões não são dados, os jogadores, reais e imaginários, digladiam-se dentro e fora de campo, num espetáculo alienado pela supervalorização de atletas e inferiorização do humano. Quem ganha com isso é difícil dizer, porém os perdedores não. Eles são muitos e estão no outro dia vestidos com o time do coração gritando que é gol. E que venha o próximo clássico...



“A sabedoria das mulheres não é raciocinar, é sentir”. A frase do sociólogo Immanuel Kant mostra que não é de hoje que existe esse pensamento machista na sociedade de que mulher é o “sexo frágil”. E, por isso, não pode assumir cargos elevados nas empresas e instituições. Mas esse pensamento vem sido transformado. Mesmo que muito lentamente.

O cenário atual do Brasil em relação ao preconceito contra a mulher ainda é alarmante. Uma pesquisa realizada pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudo Socioeconômico (DIEESE) mostra que as mulheres recebem 74% do que é pago ao homem, ou seja, o trabalho feminino ainda é muito desvalorizado pelas empresas em comparação ao do homem. Mesmo que as mulheres venham tentando assumir seu espaço tem sido muito difícil, pois a sociedade tem demorado a adaptar-se ao acontecimento.

A mulher tem aparecido cada vez mais no mercado de trabalho, na ciência e na política, mas não é porque a sociedade a sociedade tem facilitado, mas sim por sua busca constante pela igualdade que é imputada e garantida às mesmas pela constituição brasileira. As mulheres com seus espíritos incansáveis, como os das amazonas da mitologia grega que lutavam desbravadamente por sua liberdade, e da mesma forma que as amazonas um dia precisaram lutar contra o exército do mitológico guerreiro Aquiles, as mulheres brasileiras também precisam todo dia enfrentarem “gigantes” reais do cotidiano.

É mister que a sociedade entenda que a mulher é tão capaz profissionalmente quanto o homem, oxalá que possamos instaurar esse pensamento rapidamente, pois se isso não acontecer não teremos uma sociedade democrática com direitos igualitários como é previsto na constituição nacional.

Aluno: Rubens Barbosa Lauriano
Professor: Diogo Didier




Brasil: Estamos sem voz!

A comunidade política existe num nível que não é idêntico à realidade das pessoas. Não se pretende aqui, tratar de ideologias políticas, partidárias ou místicas, o único interesse é fazer uma crítica à inércia e a falta de competência do cidadão que não é capaz ou é impedido de ser e sentir-se parte da engrenagem que chamamos cidade, sociedade, como sujeito opinativo, criativo e participativo, que deveria ser estimulado e respeitado enquanto cidadão. No entanto o corporativismo político encabresta cada vez mais os desejos e as ações do homem justo.
Quem espera por uma República Militar, está no mesmo patamar daqueles que querem um Brasil Monárquico. Estão atrás de um retrocesso político. Não é um governo militar que irá melhorar o país ou um rei que irá acabar com a corrupção e o mau caratismo político.
O Brasil precisa de uma reforma ampla, profunda e corajosa no sistema político e econômico, que pode ser realizada por qualquer liderança política. Precisamos de justiça para os justos, de leis que protejam o cidadão e o estado, garantindo os direitos essenciais que permitam ao povo viver uma democracia de fato. A voz do povo deve ter valor. Ditadura já existe, mudar de sistema significa apenas mais burocracia e mudança de postos, troca de cadeiras. Seis por meia dúzia, fica como está.
As coisas não estão boas, são muitas incertezas, muitas teorias e ideologias pipocando e confundindo as pessoas, democracia, teocracia, jesuscracia, militarismo, comunismo, parlamentarismo, seja qual for o modelo, todos pretendem quebrar a constituição, quebrar as liberdades e os direitos do povo. Uns sutilmente, outros sem o menor escrúpulo, em favor de méritos privados e pessoais, que podem ser negociados livremente no mercado das preferencias corporativistas.
A população precisa ser ouvida e atendida, a democracia, o governo do povo pelo povo, está cada vez mais degradado, um lixo. A vontade do povo não prevalece nem influencia as tomadas de decisão em nosso país, basta observar os fatos que ocorrem nas casas legislativas, para se verificar os níveis da qualidade e reconhecimento aplicados aos interesses populares.
Um ruralista, que não respeita a sustentabilidade ambiental, defende uma agroindústria monopolizadora e assassina, que desrespeita seus trabalhadores, o pequeno produtor, além de impor ao consumidor produtos de boa aparência, que precisam da força do marketing para imprimir uma ilusão de status e saúde, que verdadeiramente não agregam, preside a Comissão de Meio Ambiente, Defesa do Consumidor e Fiscalização e Controle do Senado Federal.
Um dublê de pastor e deputado, analfabeto social e cientificamente, que politiza nos cultos e faz pregações religiosas na política, espalhando preconceito e ódio ao falar de etnias, sobre os direitos dos homossexuais, além de responder a processos por racismo, discriminação sexual, estelionato e injuria, é  presidente da Comissão de Direitos Humanos e Minorias.
Ainda há aqueles que foram condenados, não sei a quem cabe julgar se o mensalão existiu ou não, se foi ou não linchamento político, assim como não é possível definirmos se as condenações foram justas ou injustas. O que interessa neste evento, é que os condenados estão circulando livremente usando e abusando de direitos parlamentares. Além de ocuparem cadeiras na Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania. Um exemplo claro de que as leis são elaboradas para proteger grupos de interesses e seus próprios elaboradores, nada mais.
Como presidente do Senado, temos um senador que em outra gestão precisou renunciar ao cargo para não ter os direitos políticos cassados. O sujeito é campeão em processos arquivados que envolvem todo tipo de falcatruas com o dinheiro público. De volta ao seu ninho, ganha dos colegas de trabalho, a presidência da casa, apesar de toda a rejeição popular, que lembra ao resto do país a existência da Lei Ficha Limpa.
Na trilha das improbidades, também está o presidente da Câmara dos Deputados, que vem empurrando a força de recursos, a quebra de seu sigilo fiscal e bancário, bem como de suas empresas, sendo acusado de manter ilegalmente dinheiro fora do país. Somente para não esquecer, há também aquele palhaço semi-analfabeto que foi campeão de votos.
São inúmeros os casos de parlamentares com denuncias e processos em andamento, que em detrimento da vontade popular, continuam suas vidas normais, fazendo o seu trabalho normal de "político". Como se não bastassem tantas atrocidades praticadas por nossos "supostos representantes", a Procuradoria da Câmara quer controlar a internet para tirar do ar vídeos e comentários que desagradam aos parlamentares. Mas isso não é censura, é controle de informação sem qualidade. O interessante de tudo isso, é que a medida protege imediatamente um ou dois parlamentares, que adivinhem, também estão no centro de denúncias e processos.
Diante de todo este quadro, apenas uma pequena parcela da sociedade tem a capacidade de indignar-se, ao perceber que não são ouvidos em suas queixas e reclamações, não se veem acolhidos pelo estado que promete através de representações políticas a manutenção dos direitos humanos. O sistema contaminado e corrupto não dá ouvidos aos clamores populares, manifestações em praças públicas, marchas, cartas abertas, abaixo assinados, petições físicas ou virtuais, não servem para nada.
Para completar, existe uma classe de conservadores e ultraconservadores, que limitados por conceitos ineptos de moralismos sobre a família e sobre o comportamento social, não entendem que se já houve ordem social melhor do que há hoje, certamente foi destruída desde a Revolução Industrial, que tirou o homem de uma vida de subsistência, para uma vida de "sub existência".
O capital e o trabalho, fez das sociedades o que elas são hoje. Mesmo a despeito dos processos educacionais contemporâneos, que tentam há 300 anos promover o sujeito crítico e autônomo, remando contra a maré, pois todo o sistema é globalmente utilitário e anarcocapitalista, sem o estado mínimo, onde é possível perceber que capital e estado estão intrincadamente interligados.
Piorando, estes conservadores, fingindo-se indignados e exaltados com as mazelas sociais, creditam a alta criminalidade, a falta de recursos para a educação, para a saúde, a falta de moradia e emprego, a este ou aquele sistema de governo, em clima de desespero político e muita desestabilização da consciência social, fazem um sensacionalismo midiático que embebedam a população, e ficam a fustigar velhas caveiras, colocando carnes nos seus ossos ressecados, alegando uma sugestão de ordem, sem perceberem que nada mudará a condição humana.
Estamos caindo num poço de "inexistencialismo" individual, social e político, valemos apenas pelo nosso voto, por nossa força de trabalho, após isso é sentar e calar.  A voz do povo nunca foi a voz de Deus. Sempre nos enganaram, de agora em diante, tudo está mais evidente.

Visto no blog: Altair Ramos



       O ser humano já nasce em um mundo que as regras são ditadas, os estereótipos definidos e todos precisam se enquadrar ao seu molde. E passou a viver preso a essa ideologia para não ferir o que era imposto e ser considerado diferente. Durante muito tempo foi assim e aos poucos as pessoas foram saindo da sua zona de conforto para que pudessem declarar sua autenticidade.

     Devido a intensa variedade de raças, crenças, etnias, culturas. Provocando embates, gerando uma sociedade estratificada. Visto que, a humanidade apresenta uma concepção de superioridade, praticando a intolerância contra o diferente.

      O fato é que as pessoas estão bitoladas a olhar o mundo em apenas duas visões: preto ou branco, esquerda, ou direita, ateu ou cristão, homem ou mulher. A todas essas questões há um preconceito de forma enraizada que já foi dita com algo universal, por exemplo: A raça ariana sendo dita superior por Hitler; a mulher sendo inferior ao homem e devia apenas servi-lo; o Catolicismo como religião oficial. Acontecimentos como estes que são modificados com o tempo.

     Dessa forma, a mulher passa a ter espaço na sociedade e até cargos iguais aos homens. Foram também criadas leis que protegem os negros e homossexuais. Buscando a unificação dos grupos e um modo de amenizar essas questões. Para isso o ser humano começa a agir de modo civilizado e tolerante.

    Para que a transformação aconteça é necessário que a sociedade se liberte de padrões hereditários, códigos culturais e crenças sociais. Provando que o poder interior é bem maior que o poder existente no mundo.

                                                                                        Aluna: Ianne Tainá
                                                                                        Professor: Diogo Didier


serginho orgasticNos últimos dias, falamos muito em Direitos Humanos. Foi muito fácil xingar muito no twitter, dizendo que aquele mocinho de sobrancelhas feitas e chapinha no cabelo não nos representa, e com isso mostrar o quanto somos politizados. Fácil demais até, na velocidade de um LIKE. Mas há outro tipo de pessoa que, embora não esteja na presidência de nenhuma comissão da câmara, também provoca gritos de protesto entre os gays, que clamam não serem representados por elas: as bichinhas.
DandoPintaSloganEscolhi uma foto do Serginho Orgastic, do BBB10, para ilustrar essa coluna. Motivo? Sempre que vejo alguma notícia sobre ele, há uma enxurrada de comentários maldosos, fazendo graça, se referindo ao rapaz no feminino (como se isso fosse defeito) e sempre frisando que “isso não nos representa” ou pior ainda, que “é esse tipo de gay que não se dá ao respeito e prejudica o movimento”. Não vou nem falar em Homofobia Internalizada, pra não ficar chato… o que falta a essas bibas preconceituosas é vergonha na cara mesmo!
Tá boa que vocês são representadas APENAS por aquele estereótipo gay-branco-limpinho-másculo-sarado-topete-iPhone-Lacostenéam? Se hoje falamos emDireitos Gays, é justamente por causa dos homossexuais efeminados e marginalizados, que deram a cara a tapa para clamar por orgulho numa época em que isso levava à prisão. Se hoje nós podemos dar pinta com calça da Hollister, mandando tchauzinho pras amigues na fila da The Week, é por causa desses gays também, que ainda são motivo de chacota nos programas humorísticos e pior, dentro da nossa própria comunidade. Onde vocês pensam que reproduzir o machismo, que nos vitimiza, vai nos levar?
Não conheço o Serginho e aqui não está em discussão a pessoa dele. Se ele é legal ou não, se é honesto, se é bonito, se é feio… mas é daí que ele quer usar bolsa, tirar foto maquiado ou idolatrar a Paris Hilton? Por causa disso ele é motivo de vergonha? Por causa disso ele (e diversos outros meninos que agem igual) são responsáveis pelas derrotas que a comunidade gay vem sofrendo no espaço social? Quer dizer, então, que só vale ficar postando foto no Instagram se for junto dos bróder, todo mundo com camisa pólo, fazendo sinal de joinha pra câmera? Pelamor, né?! Ninguém é obrigado a ir lá dar um beijo na boca de uma pintosa, ou sair por aí com acessórios femininos, só por ser gay, mas temos que entender que algumas pessoas se sentem bem assim. Não só elas estão no direito delas, como estão, também, tomando uma posição muito mais política e corajosa do que tentar “se infiltrar” no mundo normal ao impor a heteronormatividade como estilo de vida.
Voltando aos acontecimentos recentes, é muito fácil protestar e dizer que pastores fundamentalistas não nos representam. Todo mundo sabe que eles são doentes mesmo, e até os religiosos já estão se revoltando com certo tipo de discurso. Mas temos que tomar cuidado, porque também é fácil apontar para aquela bichinha (lembrando sempre que os outros dedos estarão voltados pra você) e acabar repetindo a mesma cantilena dos nossos inimigos: Ninguém nasce assim, isso pode ser curado, tal comportamento é um desrespeito.
Mais do que nunca, se você é gay e se preocupa com os direitos dos outros, permita-se. Seja livre. Seja fabuloso.



    Perante uma sociedade que valoriza o coletivo, o respeito mútuo é fundamental para uma convivência harmoniosa. A concepção da igualdade regula a sociedade democrática contemporânea tornando uma exigência moral mediante a qual todas as pessoas devem ser tratadas de igual modo como cidadãos.

     O artigo 5 da constituição afirma que todos são iguais diante da lei, sem distinção de qualquer natureza. Contudo, esse reconhecimento nem sempre é evidente por existir diversos preconceitos como o racial. Baseado no historiador Heródoto, os egípcios evitavam ter contato com pessoas de pele clara e cabelos ruivos por considera-las nocivas.

     Outro fator preponderante diz respeito ao gênero feminino que conquistou nos últimos anos grandes espaços no mercado de trabalho. Porém nem sempre se configurou dessa forma, pois na antiga sociedade ateniense o papel da mulher estava reservado ás atividades domésticas e gerar descendentes aptos para no futuro servir ao exército.

      É perceptível que em pleno século XXI exista o desrespeito contra os homossexuais infligindo seus direitos, como o direito de viver. Já que muitos perdem a vida ao expor sua orientação sexual. Deploravelmente em alguns casos muito dos culpados ficam impune contribuindo assim para o acréscimo da violência.

     Os seres humanos vivem juntos na só por escolha, mas porque é necessário a vida em sociedade. Cabe ao indivíduo se desfazer do egocentrismo e definir seu próprio limite a medida que respeite o outro. Este é um processo árduo mas essencial para um bom convívio social.   



Aluna: Maysa Kênnia
Professor: Diogo Didier      
     
                                                                                                    


Caetano Veloso hoje no Globo:

Será crível que Marco Feliciano tenha sido escolhido presidente da Comissão de Direitos Humanos e Minorias? Na explicação que ele ofereceu aos fiéis da sua igreja, a África é citada várias vezes como “essse país”, o que mostra ignorância a respeito do assunto que tratou com tanta veemência. Nitidamente ele vê a África como um todo unitário. Bem, a maldição dos que, miticamente, foram popular a África já foi usada antes pelos racistas de vários lugares para justificar a escravidão. Feliciano a usa, sem cuidado, para explicar Idi Amin, a Aids, as faminas etc. Uma autoridade responsável por uma comissão de direitos humanos não pode basear suas falas e atitudes em dogmas religiosos. Menos ainda se ele demonstra simplismo grosseiro na interpretação destes.

É difícil admitir que presida uma comissão que supostamente protege as minorias um homem que grita, irado, que se os homossexuais querem fazer “suas porcarias”, que as façam escondidos dentro de seus quartos, em suas casas, nunca se beijando em locais onde suas filhas possam ver “dois homens barbados, de pernas raspadas, aos beijos”. O pleito de casamento gay é um pleito de minoria representada que deve ser estudado por comissões parlamentares que tratem do assunto com calma, lucidez e isenção. Você pode seguir uma fé que determina que os atos homoafetivos são pecado (na verdade, são O PECADÃO, como observou alguém que meditou sobre o assunto, já que é um pecado que, dentre todos, costumava despertar a ira até dos incréus, sendo incomparável com o falso testemunho, a gula ou mesmo a atividade sexual livre entre pessoas de sexos opostos), mas essa maldição religiosa lançada sobre um tema não pode entrar aos berros num grêmio de legisladores que deveria acompanhar o movimento da sociedade auscultando suas forças e tendências. 

Há religiosos e ateus que odeiam atos homoafetivos e consideram os africanos uns amaldiçoados, mas isso não representa o movimento da sociedade como um todo. As pesquisas na maioria dos países do Ocidente (inclusive o Brasil) não dizem isso. E, mais importante, para além do aspecto democrático dessas auscultações, há de haver princípios de direitos inegociáveis, como é o direito de igualdade de respeito e de oportunidades. É simplesmente grotesco que um religioso que fala em tom tão fanático se eleja presidente de uma comissão que deveria proteger os que têm carência de respeitabilidade e de oportunidades.

Espero que a menção feita por Marina Silva, a quem tanto admiro, à troca “de um preconceito pelo outro”, no caso da discussão sobre a presidência da Comissão de Direitos Humanos e Minorias, não signifique que opor-se à escolha de Feliciano, nos termos em que o faço, é uma mera troca de preconceitos. Contra quê, aliás, seriam os preconceitos de quem discute a escolha? Contra evangélicos? Contra pastores? Contra religiosos em geral? Sim, sem dúvida há. Vejo em filmes e piadas de TV, em conversas e em textos publicados, intolerância contra a vitalidade com que as igrejas neopentecostais se impõem no Brasil. 

A hipocrisia dos pregadores, a ganância de dinheiro, enfim, tudo o que se pode apontar em toda organização religiosa é quase sempre o aspecto ressaltado. Mas eu nunca me identifiquei com essa atitude. Vejo o crescimento das igrejas evangélicas como uma forma de progresso no nosso caminho para onde devemos ir. Não admiti nunca as campanhas anticandomblé que elas alardeavam. Mas isso serenou. Religião é assunto imenso. Leio Mangabeira. Penso. Acompanho pessoas íntimas que são profundamente religiosas. Umas católicas, outras evangélicas e ainda outras espíritas ou candomblezeiras. Eu próprio não sigo religião. Mas, mesmo que seguisse, teria de entender que Comissão de Direitos Humanos deve tratar dos temas pertinentes de modo não sectário.

Será que o Brasil, além do mini-PIB, terá que passar agora por papagaiadas como essas? São muitas maluquices que podem atrasar nossa caminhada. Ao contrário do que diz Feliciano, o continente africano está se erguendo. O Brasil, tão cheio de promessas desde sempre, será que vai ficar entalado?